Lions and lollipops. The brain’s amazing race for meaning.
by Flavia Di Pietro on November 9, 2010
Faz sentido que necessitamos processar e reagir a algumas coisas que vemos mais depressa do que a outras coisas que vemos. Por exemplo, entre um leão e um pirulito. Esses estudos de Pessoa e de Adolphs exploram os mecanismos por trás do processamento emocional de estímulos visuais, e mais especificamente nos fornecem evidências convincentes referentes a uma nova maneira de pensar sobre ele.
Quanto ao processamento de estímulos visuais afetivos, existe uma hipótese padrão: uma via subcortical (mas rápida do que a rota cortical) do colículo superior até o núcleo pulvinar do tálamo até a a amigdala tem papel proeminente no processamento de estímulos visuais afetivos - isto é, estímulos que são emocionalmente significativos. Este tem sido visto como um processo rápido e eficiente de informações que tenham valor de sobrevivência (o leão próximo). As informações da via são processadas automaticamente - isto é, independentemente da atenção e da consciência (awareness).
Mas aqui está uma visão diferente: não deveríamos ter tanta pressa em suprimir o córtex do processamento de informações visuais. Ele não é tão mais lento assim do que o processamento subcortical. O importante é o ponto em que possamos confiavelmente discernir entre estímulos afetivos e não-afetivos, mais do que simplesmente o timing de nossa reação inicial. E à luz de uma parte da literatura sobre desempenho em tarefa visual, os autores afirmam que o processamento de estímulos visuais afetivos não é mais rápido do que o processamento de outros estímulos visuais.
Os autores desafiam a noção de que o processamento do estímulo visual afetivo é implementado independentemente da consciência e da atenção. E questionam se a amigdala é essencial para isso. Ao invés, uma ênfase é colocada sobre o núcleo pulvinar. O o que? O pulvinar. Bem, o pulvinar ERA considerado apenas uma estação de relé, mas esses sujeitos sugerem que ele é um componente chave do circuito visual. Sua proposta parece fazer sentido - a maioria dos núcleos pulvinares estão envolvidos em loops tálamo-corticais, conectando-se com diversos locais do córtex, não só o colículo. Finalmente, e o que eu considero mais interessante, o pulvinar pode ter um papel na filtragens de distrações e na detecção do que é proeminente na cena visual. Estação de relé! Ha!
É sugerido um modelo de ondas-múltiplas; numerosas alternativas (com ênfase na cortical) à via colículo-pulvinar-amigdala provêem um processamento rápido, ainda que grosseiro, dos estímulos afetivos. E que papéis o pulvinar e a amigdala desempenham nesse modelo? Bem, a maior parte do input ao pulvinar vem do córtex. O pulvinar, juntamente com seus locais corticalmente conectados, determina a relevância comportamental de um estímulo, e então amplifica respostas àqueles estímulos importantes para a sobrevivência (quase sempre os leões em oposição aos pirulitos). E o papel da amigdala é modulatório, que fica mais bem refletido por suas numerosas conexões corticais do que por suas conexões subcorticais. Propõe-se que a amigdala tem papel na prioritização do processamento de informações; à luz de sua ampla coectividade, ela determina a alocação de 'recursos de processamento' a estímulos que sejam biologicamente relevantes.
Então parece que acaba sendo um caso de 'processamento de sobrevivência', mais do que um processamento de emoção. A maneira mais rápida de repassar tais informações não é necessariamente o subcórtex, e provavelmente não está confinada a uma via típica. E não posso deixar de pensar que se tudo se limita à auto-preservação, é possível que as pessoas com dores podem realmente processar informações relativas ao corpo de maneira diferente de nós - elas tomam o metrô ou o tubo?