terça-feira, 16 de novembro de 2010

Terence Deacon sobre Linguagem

Em fevereiro de 2010, Deacon publicou no site On the Human o artigo Sobre o que é Humano: Repensando a Seleção Natural da Linguagem Humana. Esse artigo despertou controvérsia, e várias respostas e sugestões de linguistas e neurocientistas conhecidos podem ser lidas na continuação da postagem original. Estamos falando de Mark Turner, Derek Bickerton, Alf Hornborg, Lorenzo Magnani, T. Givón, Slawomir Wacewicz, Sue Savage-Rumbaugh, Frederik Stjernfelt, Charles Wolverton, Ajit Varki e Liane Gabora, entre outros, trazendo ao final uma resposta extensa de Deacon sobre os problemas levantados.

Aqui está a tradução do primeiro parágrafo de Deacon.

On the Human: Rethinking the natural selection of human language
by: Terrence W. Deacon

Introdução

Desde a época de Darwin, a capacidade linguística humana tem sido um marco perenemente citado de extrema complexidade que desafia os poderes explanatórios da seleção natural. E não são apenas críticos do darwinismo os que argumentaram que esta capacidade humana bastante especial é problemática. Alfred Russell Wallace - o codescobridor da teoria da seleção natural e de diversos modos mais darwiniano do que o próprio Darwin - lançou o famoso argumento de que a capacidade intelectual humana que torna possível a linguagem desenvolveu-se até um nível de complexidade que excedeu em muito o que pode ser realizado apenas através da seleção natural. Enquanto defendia ferozmente a teoria da seleção natural com respeito a traços de outras espécies, ele argumentou que no caso dos humanos "... a seleção natural só pode ter provido o selvagem com um cérebro um pouco superior àquele do macaco" (p. 392). E Charles Lyell - que promoveu pessoalmente a obra a Darwin e apoiou em geral a perspectiva evolutiva - também se preocupou quanto à linguagem ser complexa demais para ter evoluido por meios naturais. Não apenas são o vasto vocabulário e as gramática e sintaxe estuturadas de modo barroco mesmo nas linguagens naturais mais simples ordens de magnitude mais complexos do que o sistema de comunicação de qualquer outra espécie, como a capacidade que isso tudo fornece para a expressão de conceitos esotéricos e a comunicação de experiências estéticas parece estar bem longe de qualquer coisa que tenha consequências adaptativas diretas.

Em tempo: o site On the Human traz 38 artigos (incluindo o de Deacon) de diversos autores, todos de leitura e download livres.