Towards a bottom-up perspective on animal and human cognition
Frans B.M. de Waal and Pier Francesco Ferrari 2010
Abstract. Durante as últimas décadas, a pesquisa cognitiva comparada enfatizou os pontos altos da evolução mental, fazendo perguntas tudo-ou-nada a respeito dos animais terem uma teoria da mente, cultura, habilidades linguísticas, planejamento futuro, e assim por diante. Os programas de pesquisa que adotaram essa perspectiva top-down frequentemente fizeram comparações entre os taxons, resultando em linhas divisórias estritas. As idéias sobre os mecanismos básicos ficaram para trás. Mas parece que hoje há uma dramática mudança de foco, com uma cresente apreciação de que os blocos fundamentais básicos da cognição poderiam ser compartilhados por uma ampla gama de espécies. Nós argumentamos que essa perspectiva bottom-up, que focaliza as capacidades constituintes básicas de fenômenos cognitivos mais amplos, está mais em linha tanto com a neurociência como com a biologia evolutiva.
Na introdução, os autores explicam melhor:
Introdução
Há algumas décadas, os cientistas focalizaram a linguagem - uma característica tipicamente humana - para ver até onde macacos acompanhavam. Quando as tentativas de ensinar a fala para macacos falhou, o treinamento mudou para o domínio gestual e o desempenho excedeu as expectativas: a comunicação simbólica parecia estar ao alcance de nossos parentes mais próximos. As definições de linguagem foram rapidamente modificadas, enfatizando mais a sintaxe do que a referência.
O campo da cognição animal raramente se afasta das faculdades avançadas, levando a um conflito regular quanto à divisória humano-animal. Entretanto, e se substituíssemos nossa obsessão com a cognição complexa por uma exploração dos processos básicos? Ao invésde indagar qual espécie pode fazer X, a questão se tornaria: como X realmente funciona? Quais são os ingredientes necessários de X e como eles evoluiram? Nós seguimos essa perspectiva bottom-up nesse artigo fazendo uma revisão das pesquisas recentes sobre planejamento futuro, imitação e comportamento altruita para demonstrar como as capacidades complexas podem quase sempre ser subdivididas em componentes que os humanos compartilham não só com os macacos, mas também com grande número de outras espécies.