sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Cérebro Social

The inevitable social brain
Razib Khan

Um dos debates mais persistentes sobre o processo de evolução é se ela apresenta direcionalidade ou inevitabilidade. Isto não se limita ao contexto biológico. Pensadores marxistas há muito promoveram um modelo de determinismo a longo prazo através do qual os grupos humanos progrediram por meio de uma sequência de modos de produção. Tal suposição não está limtada aos marxistas. William H. McNeill observa a tendência para maior complexidade e robustez em The Human Web, enquanto Ray Huang documenta o mesmo, em menor escala, em China: A Macrohistory. Uma familiaridade superficial com os ciclos dinásticos existentes na história da China Imperial desperta imediatamente a observação de que os interregnos entre os distintos Mandatos Celestes tornaram-se progressivamente menos caóticos e longos. Mas contra essa tendência mais ampla estão posicionados os pequenos ciclos de ascenção, queda e ascenção. Pense na complexidade e nas economias de escala do final do Império Romano, cuja queda em termos materiais está documentada copiosamente em The Fall of Rome: And the End of Civilization. Discute-se se foram necessários oito anos (CLM - o autor, certamente, quer dizer 800 anos) para que a civilização européia se igualasse em vigor e sofisticação ao Império Romano depois de seu colapso enquanto entidade unitária no século 5 (Ainda que alguns afirmem que os europeus só alcançaram a civilização romana no início do período moderno, depois da Renascença).


É natural, sem ser surpreendente, que o mesmo tipo de discussão que ocupou a especialização em história humana seja também endêmica em uma ciência histórica como a biologia evolutiva. Stephen Jay Gould, em famosa citação, afirmou que os resultados evolutivos são altamente contingentes. Richard Dawkins discorda. Aqui está uma passagem de The Ancestor's Tale:

"... Há muito imagino se a ortodoxia dominante da contigência poderia ter ido longe demais. Minha revisão de Full House, de Gould defendeu a noção popular de progresso em evolução: não o progresso na rota da humanidade - Darwin forend! - mas progresso em direções que sejam pelo menos predizíveis o suficiente para justificar a palavra. Como discutirei daqui a pouco, o desenvolvimento cumulativo de adaptações complexas sugere fortemente uma versão de progresso - especialmente quando ligado na imaginação aos maravilhosos produtos da evolução convergente".



Não deixe de ler o restante, pois fica ainda melhor.


Veja também, sobre o mesmo assunto:
Socialising led to bigger brains in some mammals
Acerca do trabalho de Dr Susanne Shultz e do Professor Robin Dunbar, do Oxford University’s Institute of Cognitive and Evolutionary Anthropology (ICEA).

Em outro contexto:

Social Cognition and the Evolution of Language: Constructing Cognitive Phylogenies
W. Tecumseh Fitch, Ludwig Huber, and Thomas Bugnyar
Neuron 65, March 25, 2010