Bringing Language and Cognition Back Together Again
Jordan Zlatev, Mats Andrén, Marlene Johansson Falck & Carita Lundmark
Capítulo 1 do livro:
Studies in Language and Cognition
Edited by Jordan Zlatev, Mats Andrén, Marlene Johansson Falck and Carita Lundmark
This book first published 2009, Cambridge Scholars Publishing
Introdução
Na maior parte dos dois milênios de pensamento reflexivo no Ocidente, aproximadamente, a linguagem e a cognição - concebidas de modo amplo - foram consideradas como intimamente relacionadas. Ao mesmo tempo, a natureza dessa relação está cheia de controvérsias. Seguindo a tradição de Aristóteles, muitos filósofos, e mais recentemente psicólogos e linguistas, privilegiaram a cognição, procurando explicar a linguagem como sendo mais ou menos determinada pela natureza da mente humana. Como pode-se argumentar que esta última deve muito de sua natureza ao corpo humano - segundo interpretações tanto fenomenológicas como empíricas - segue-se que a linguagem deve ser consideravelmente determinada pela existência corporal humana. Atualmente, vemos esta abordagem do desenrolar do nexo linguagem-cognição representada mais claramente pela escola da Linguística Cognitiva.
Entretanto, também aproximadamente desde o início, chegou-se à compreensão de que a própria linguagem tem um papel substancial na formação (dar forma) do pensamento humano. Durante o último século este entendimento se tornou cada vez mais proeminente. Para isso contribuiram diversos fatores: o estudo sistemático de línguas radicalmente diferentes em linguística (e.g. Sapir 1956), a 'virada linguística' em filosofia em meados do século 20 (cf. Rorty 1992), e a abordagem sociocultural em psicologia (e.g. Vygotsky 1978). Depois de um período de descrédito, a obra de Whorf (1956) é influente mais uma vez, e diversas interpretações da 'tese da relatividade linguística' são constantemente debatidas. E ainda mais importante, elas são submetidas ao escrutínio empírico com mais profundidade do que anteriormente.
O único consenso claro nos debates quase sempre acalorados é que a linguagem e a cognição estão intimamente conectadas. Portanto, não é um pouco irônico que quando o estudo da mente se tornou pela primeira vez 'realmente científico' na década de 1960, com o surgimento da ciência cognitiva, a 'essência' da linguagem - a gramática - e o resto da cognição humana fossem consideradas como separadas. A linguagem foi declarada um 'órgão mental', mas governado por regras e representações, distinto das estruturas e dos processos da consciência, da memória e das necessidades comunicativas (eg. Chomsky 1986). Os psicolinguistas que estudavam os mecanismos da tão-chamada 'faculdade da linguagem' e a linguística computacional, tentando formalizar e implementar aspectos dela em máquinas, bastante literalmente, eram as duas abordagens mais 'cognitivas' da linguagem por algumas décadas. Mas lá pela época quando o Muro de Berlim caiu, também caiu o monopólio daqueles que professavam que a linguagem precisa ser estudada separadamente da cognição. Consequentemente, novas constelações de pesquisadores ao longo dos limites departamentais tradicionais foram formadas, e novas instituições surgiram para sustentar o estudo da linguagem e da cognição.