terça-feira, 28 de junho de 2011

Nova demografia reforça solipsismo

Vamos processar informações: quem leu, ficou sabendo que pela primeira vez na história da humanidade a população urbana agora excede a população rural. Não há uma data específica - o fenômeno foi registrado quando recenseamentos diversos foram integrados. Esta reversão vinha ocorrendo inexoravelmente nos últimos séculos, e todos já sabíamos que mais cedo ou mais tarde a mecanização da agricultura e outras importantes pressões econômicas e sociais resultariam nessa formação estatística dos agrupamentos humanos.

Ao ter conhecimento dessa nova disposição demográfica, fiquei na minha - era mais uma informação de valor estrutural aberto trazida pelo turbilhão da internet. Entretanto, ao ler Love in the Age of Self-Consciousness, de Rob Horning, perceptos semeados ao longo do texto começaram a interagir com abobrinhas diversas armazenadas na memória e minha perspectiva histórica recebeu incentivos. Pode ter sido o próprio cenário armado por Horning que determinou o viés comparativo: ele se vale do Book of the Courtier (Il Libro del Cortegiano), de Baldassare Castiglione (Veneza, 1528), para apresentar características da vida interior moderna:

Aquilo que supostamente fará sua amada saber que seu amor é sincero passa subsequentemente a fazer o papel de uma duvidosa performance de sinceridade. O amante deve controlar a representação de sentimentos que, se sinceros, estariam fora de controle, e ao mesmo tempo ele também deve reconhecer sinceridade em sentimentos que ele sabe que podem ser inventados e desenvolvidos estrategicamente. Como ele algum dia saberá se seus sentimentos são realmente sinceros se tiver que fazer constantemente a direção de cena de sua expressão?

Este é o tipo de reflexividade aniquiladora que, de acordo com o sociólogo Anthony Giddens, é uma das características definidoreas da modernidade. Segundo Giddens, estar sempre tenazmente auto-consciente se origina do nosso desenraizamento das condições e circunstâncias locais que antes estabilizavam nossa identidade. O tipo de problema cosmopolitano que antes estava reservado aos aristocratas da Renascença, agora aflige quase todos nós. Como os cortesãos de Castiglione, somos obrigados a imaginar que podemos nos aperfeiçoar de acordo com um ideal social gerado em abstrato.

Em certo sentido, a corte renascentista pode ter funcionado como um primeiro exemplo de um nonplace (não-lugar), o termo de Marc Augé para aqueles ambientes sociais artificiais que negam as contingências da natureza. Estes (ambientes...) podem ser entendidos como espaços nos quais nossa identidade é inteiramente determinada por relações sociais abstratas - onde, com efeito, a identidade se torna inteiramente política. Na vida urbana contemporânea, nós atravessamos seamlessly (sem solução de continuidade) esses espaços, e nossa identidade não é mais fixada por um conjunto de tradições locais. Ao invés, nossas práticas locais estão ligadas a relações sociais globalizadas através de discursos e procedimentos amplamente disseminados e através de nonplaces e marcas registradas generalizadas. Nós usamos caixas eletrônicos; comemos no McDonald's; fazemos compras em supermercados - as lojas são mais confortantes e familiares do que as pessoas à nossa volta, que quase sempre são desconhecidos indiferentes que sinalizam sua benevolência nos ignorando estudadamente.

Não mais contamos com uma comunidade para fornecer um contexto no qual possamos ser reconhecidos; podemos estar em qualquer lugar e continuar a agir como nós mesmos. Os horizontes da familiaridade local limitaram um dia o que poderíamos imaginar por nós mesmos, ao passo que a vida moderna nos situou em 'espaços abstratos' mais amplos - maneiras padronizadas de fazer as coisas e pontos culturais de referência que estão por toda parte, procedimentos e autoridades universalmente reconhecidos. A tradição - 'como as coisas são feitas por aqui' - foi fatalmente desintegrada. Podemos entrar em um elevador em qualquer metrópole ou em um restaurante italiano em qualquer cidadezinha americana e entender o que esperar e o que fazer. E graças à universalidade do dinheiro e às normas difundidas do mercado capitalista de troca, temos certeza que não precisamos de um relacionamento pessoal com o dono do bar para podermos comprar uma cerveja.

Os indivíduos são livres para atribuir razões pessoais a rotinas que anteriormente eram apenas 'aquilo que se faz'. Passamos a acreditar que podemos controlar em grau muito maior quem nós somos, e então tentamos dominar os processos sociais que nos dão forma ao ditarmos o resultado deles (processos sociais) através da cuidadosa administração daquilo com que os alimentamos. Portanto, a identidade moderna nasce da alienação da vigilância de si mesmo, que faz o eu (self) parecer uma coisa distinta (discrete) que manipulamos por trás das cortinas da publicidade. Mas isto serve apenas para acelerar aqueles processos e torná-los mais imprevisíveis. "A questão não é que não exista qualquer mundo social estável a ser conhecido", afirma Giddens, "e sim que o conhecimento daquele mundo contribui para seu caráter instável ou mutante". Ao querermos conhecer os processos sociais, colocamos em andamento os meios através dos quais eles se modificam incompreensivelmente. A reflexividade gera uma angústia (angst) embrutecedora, mesmo que torne possível o auto-refinamento.

Os próximos cinco parágrafos de Horning continuam a se valer de Castiglione, e tratam basicamente da arbitrariedade dos sentimentos na situação social e existencial dos cortesãos. Ele (Horning) nos apresenta o interessante conceito de 'sprezzatura' (veja no texto original) e introduz a 'insegurança ontológica' na vida daqueles infelizes personagens, utilizando uma definição restrita de Giddens que não faz justiça ao histórico do conceito (Heidegger, Binswanger, Laing e muitos outros). E prossegue:

Na modernidade, passamos a nos valer de esperanças similares para nossa própria segurança ontológica. Para aplacar as ansiedades da auto-conciência, Giddens argumenta em The Consequences of Modernity que a natureza aberta da identidade moderna significa que temos necessidade constante de renovar a confiança. Obtemos algo disso da continuidade do mundo social - a familiaridade da comérciosfera (buyosphere) ao longo de todas as cidades. Mas, no final das contas, isto é insatisfatório:

"As rotinas que estão integradas com os sistemas abstratos são básicas para a segurança ontológica nas condições da modernidade. Entretanto, esta situação também cria novas formas de vulnerabilidade psicológica; e a confiança em sistemas abstratos não é psicologicamente recompensadora como a confiança em pessoas". Giddens

Precisamos obter confiança básica na amizade recíproca, mas o fundamento de tais relacionamentos continua a ser erodido pelos avanços tecnológicos da modernidade, que sistematizam as amizades como se elas fossem redes sociais que existem para nossa conveniência. Empresas como o Facebook nos prometem a habilidade para gerenciar a intimidade e a intensidade de nossa capacidade de amar, mas essa habilidade de gerenciamento a torna suspeita.

Desse modo, o déficit de intimidade se amplia e esperamos mais de nossas relações pessoais para fecharmos essa lacuna, mas não sabemos como obter isso.

Horning certamente leu Marshall McLuhan, Herbert Marcuse, Erving Goffman e muitos outros autores que tratam das mazelas da civilização moderna sob diversos aspectos. Eles foram os primeiros a descrever essa civilização 'doente' (vai assim entre aspas porque ela pode se considerar 'doente' mas ficou desse modo devido à sua dinâmica social e conceitual intrínseca) valendo-se de um conjunto de obras de crítica social que vieram surgindo desde o Iluminismo (lembro-me logo de Swift, Erasmus, Hobbes, Malthus, etc.) e que acabariam culminando na obra de Marx, na condenação freudiana do rolo psico-compressor da civilização, na teoria crítica da Escola de Frankfurt (que nos deu Marcuse) e na crescente atividade acadêmica da sociologia profissional (Durkheim, C. W. Mills, Weber, Simmel, Foucault e incontáveis outros). Seu artigo abordado aqui não pode ser mais explícito/específico do que é, nem pretende ser - há questões de espaço e de preferências do público leitor - mas configura-se como mais uma análise dos males que nos afligem enquanto seres humanos modernos, o que é sempre bem-vindo. Horning fecha o artigo assim:

A experiência compartilhada já não é um fenômeno local, mas algo que ocorre em comunidades virtuais onde a identidade é uma perpétua obra em progresso, um esforço para alcançar um lar que não é qualquer lugar específico, e sim um estado mental, uma realização de alguma comunidade ideal que nutra um eu (self) ideal. Mas ela pode ser uma ficção irrealizável.

Nossas genuínas peculiaridades individuais - aquela sorte de coisas que poderiam ter permitido o florescimento do tipo de amor mútuo que dá valor à singularidade dos indivíduos envolvidos - são substituidas por esforços para produzir coisas arquitetadas. Como a vida citadina moderna é tão impessoal e objetva, afirma Simmel, os indivíduos tentam exageradamente ser singulares com relação a quaisquer mdos de ser que tenham permanecido abertos e que não tenham sido objeto de legislação ou que não tenham sido subordinados à eficiência econômica. "Extremismos, peculiaridades e individualizações têm que ser produzidos, e eles devem ser sobre-exagerados simplesmente para conseguirem ser objeto da atenção até do próprio indivíduo". A internet é uma extensão da metrópolis como vista por Simmel. A internet tornou essa condição ainda mais aguda, automatizando a simulação, colocando cada vez mais conteúdo diante de nossos olhos, dando-nos um fluxo interminável de novidades e sobrecarregando os limites de nossa capacidade de atenção.

Os meios sociais de comunicação tornam-se agora o lugar onde a autonomia luta com o anonimato, onde o reconhecimento social se bate para permanecer fora da reificação comercial (uncommodified). A Metrópole da Internet esvazia as oportunidades para uma individualização e nos fornece commodities, miçangas e outros quetais para nos compensar por isso, para nos manter distraídos. Ela nos instiga a nos empacotarmos em um esforço para nos sobressairmos em meio ao caos, até para nós mesmos, de modo que nós próprios possamos nos reconhecer como portadores de uma identidade. A sprezzatura renascentista permitia que os cortesãos situados em um ambiente altamente competitivo interagissem com graciosa deferência, como se ali fosse o reino hermético do decoro bem-educado. Nossa versão mediatizada nas redes sociais nos permitem trocar presentes enquanto elaboramos nossas marcas pessoais de fábrica (brands) em plena luz do dia.

Patologias da Razão



Axel Honneth has been instrumental in advancing the work of the Frankfurt School of critical theorists, rebuilding their effort to combine radical social and political analysis with rigorous philosophical inquiry. These eleven essays published over the past five years reclaim the relevant themes of the Frankfurt School, which counted Theodor W. Adorno, Max Horkheimer, Walter Benjamin, Jurgen Habermas, Franz Neumann, and Albrecht Wellmer as members. They also engage with Kant, Freud, Alexander Mitscherlich, and Michael Walzer, whose work on morality, history, democracy, and individuality intersects with the Frankfurt School's core concerns.Collected here for the first time in English, Honneth's essays pursue the unifying themes and theses that support the methodologies and thematics of critical social theory, and they address the possibilities of continuing this tradition through radically changed theoretical and social conditions. According to Honneth, there is a unity that underlies critical theory's multiple approaches: the way in which reason is both distorted and furthered in contemporary capitalist society. And while much is dead in the social and psychological doctrines of critical social theory, its central inquiries remain vitally relevant. Is social progress still possible after the horrors of the twentieth century? Does capitalism deform reason and, if so, in what respects? Can we justify the relationship between law and violence in secular terms, or is it inextricably bound to divine justice? How can we be free when we're subject to socialization in a highly complex and in many respects unfree society? For Honneth, suffering and moral struggle are departure points for a new "reconstructive" form of social criticism, one that is based solidly in the empirically grounded, interdisciplinary approach of the Frankfurt School.

Pathologies of Reason: On the Legacy of Critical Theory
Axel Honneth

Columbia University Press 2009 PDF 236 pages 26 MB http://www.filesonic.com/file/1320220264

Honey Watts



CD muito bom, sob todos os aspectos

Honey Watts - "Honey Watts" 2011

1. It's A Shame I Know 02:16
2. No Promises 04:04
3. Palace Of Owls 04:08
4. Chattering Stars 03:40
5. Covering Up 04:11
6. Cleft 04:51
7. The Wedding Song 02:50
8. Wind In My Belly 02:56
9. If You Ask 03:11
10. Not Like My Heart 05:39

Released 26 March 2011 - Liz Fullerton - vocals, acoustic guitar Carl Cheeseman - electric guitar, pedal steel guitar, ambient effects Matthew Landis - piano, organ, electric piano, doo-wop Jeff Hiatt - double-bass, strange noises, percussion Andy Keenan - lap steel guitar, dobro Gary Lebiedzinski - drums with Mike Cemprola - clarinet (track 8) Josh Britton and David Janes - doo-wop (track 7) Words and music by Liz Fullerton Recordings and artwork ©2011 Liz Fullerton Recorded and mixed by Jeff Hiatt Additional recording by Rob Shaffer Mastered by John Baker for MajaMedia Recorded and mixed at Turtle Studios, Philadelphia Produced by Jeff Hiatt

http://www.mediafire.com/?1j96vqt3jadsfnr

Little Brave



Little Brave - Wound and Will 2011

She, once known as Stephanie Briggs, has almost completed her transformation. Once, she was defined by a name. It was given to her long ago. Long before all of this. Before Stephanie the artist found her true eye. And of course, before Stephanie the writer found her true song. Having found those things—having found herself wrapped in them wholly, she realized that she needed something different—a name not to call herself, but for others to call what it is that she so rightfully does. The look of it. The sound of it. And so, Little Brave was born.

Tracks:
1. Mercy
2. Cut and Paste
3. Fool
4. Time to Forget
5. You didn't mean it
6. Blame
7. It's coming out tonight
8. The Invitation
9. Ruin Mine
10. Monster

http://www.mediafire.com/?z3aupm638leuuio

Travel by Sea



Travel by Sea - Two States and the Blindness that Follows 2010
Alt-country - Folk rock

From their website:Two States and the Blindness That Follows” once again features the pairing of singer/songwriter Kyle Kersten and multi-instrumentalist Brian Kraft. This time around, Travel by Sea’s sound is bolstered with the addition of long time Southern California players Dan Moore (bass), John Phinney (pedal steel, banjo), Mike Cusick (drums), and Andrew Morrison (guitar). Two years of live shows with the new members have added immeasurably to Travel by Sea’s sonic landscape, allowing the songs to grow and breathe and travel in new directions. Long time listeners will recognize the sparse and desolate themes which underlie the songs and new listeners will undoubtedly be drawn to a collaboration based record that is not afraid to rock and is clearly about the journey, not the destination.

http://www.mediafire.com/?8po91gk8s2byatw

sábado, 25 de junho de 2011

A consciência nos processos cognitivos



Fifteen of the foremost scientists in this field presented testable theoretical models of consciousness and discussed how our understanding of the role that consciousness plays in our cognitive processes is being refined with some surprising results.

1. Missing Links in the Evolution of Language - S. Terrace
2. Consciousness as a Decision to Engage - Michael N. Shadlen and Roozbeh Kiani
3. Thinking About Brain and Consciousness - Antonio Damasio
4. The Global Neuronal Workspace Model of Conscious Access: From Neuronal Architectures to Clinical Applications - Stanislas Dehaene, Jean-Pierre Changeux, and Lionel Naccache
5. Disorders of Consciousness: What Do We Know? - Camille Chatelle, Steven Laureys, and Caroline Schnakers
6. When Thoughts Become Actions: Imaging Disorders of Consciousness - Adrian M. Owen
7. Rhythmic Neuronal Synchronization Subserves Selective Attentional Processing - Thilo Womelsdorf and Pascal Fries
8. Studying Consciousness Using Direct Recording from Single Neurons in the Human Brain - Moran Cerf and Michael Mackay
9. Intrinsic Activity and Consciousness - Marcus E. Raichle
10. Beyond Libet: Long-Term Prediction of Free Choices from Neuroimaging Signals -
John-Dylan Haynes
11. Subliminal Motivation of the Human Brain - Mathias Pessiglione
12. From Conscious Motor Intention to Movement Awareness - E.A. Fridman, M. Desmurget, and A. Sirigu

Characterizing Consciousness: From Cognition to the Clinic?
Stanislas Dehaene & Y. Christen (edits)

Springer 2011 PDF 220 pages 2.2 MB
http://www.filesonic.com/file/1296506511

Pickering Pick



Pickering Pick - Tiger Balm 2011
Acoustic/singer-songwriter
MP3 320 kbps 80Mb

Tracks:
1. Your Sleeping Dog
2. Like A River

3. Girl From Bilbao

4. Tiger On Your Arm

5. Ballad For Leaving

6. On A Limb

7. I Didn't Know Your Rivers Flowed

8. She's Been Trying To Hide Away

9. Another Golden Day
10. In The End

http://www.mediafire.com/?4l4m3ligf2a4y5v

Desenvolvimento da linguagem segue amadurecimento cerebral

Maturation of the Language Network: From Inter- to Intrahemispheric Connectivities
Angela D. Friederici, Jens Brauer & Gabriele Lohmann 2011
PLoS ONE 6(6): e20726. doi:10.1371/journal.pone.0020726

Abstract. O desenvolvimento da linguagem deve seguir o amadurecimento cerebral. Pouco se sabe sobre como o cérebro se desenvolve para cooperar no processamento da linguagem, particularmente no processamento da sintaxe complexa, que é uma habilidade exclusiva dos seres humanos. Relatórios comportamentais indicam que a capacidade de processar a sintaxe complexa ainda não tem caráter adulto até os sete anos de idade. Aqui, nós aplicamos um novo método para demonstrar que a base neural essencial da linguagem, como se revela através da flutuação de baixa frequência que aparece em dados de MRI funcional, difere quanto a aspectos importantes entre crianças de seis anos de idade e adultos. Ainda que as clássicas regiões da linguagem estejam ativamente localizadas na idade de seis anos, a conectividade funcional entre essas regiões claramente não o está. Em contraste com os adultos, que apresentam fortes conectividades entre as regiões frontais e temporais da linguagem no hemisfério esquerdo, a rede default característica de crianças se caracteriza por uma forte conectividade inter-hemisférica funcional, principalmente entre as regiões temporais superiores. Estes dados indicam uma reorganização funcional da rede neural básica no desenvolvimento da linguagem na direção de um sistema que permite um estreito intercâmbio entre regiões frontais e temporais do hemisfério esquerdo.

Veja também:

Cortical Dynamics of Acoustic and Phonological Processing in Speech Perception Linjun Zhang, Jie Xi, Guoqing Xu, Hua Shu, Xiaoyi Wang & Ping Li 2011
PLoS ONE 6(6): e20963. doi:10.1371/journal.pone.0020963

Especialização da N1 em crianças com dislexia




Como achei esse artigo bem interessante (e por ser curto), vou traduzí-lo na íntegra. Já coloquei outras postagens de Blackburne (foto à esquerda) aqui, e ela continua escrevendo (bem) sobre coisas pertinentes. Visite seu blog e procure ler seu livro/ensaio (From Words to Brain), que a julgar pelas reviews disponíveis parece ser ótimo (quando possível, vou postá-lo aqui).

N1 Specialization in Children with Dyslexia

Já foi há algum tempo, mas estivemos falando sobre a componente N1 e como ela se relaciona à leitura. Só para recapitular, a componente N1 é uma componente do ERP que ocorre por volta dos 170 ms. Em adultos com leitura normal, a componente é mais forte para palavras do que para símbolos. Vamos nos referir à diferença palavras menos símbolos como 'especialização da N1 para palavras'. Alunos do jardim de infância, pré-leitura, não têm essa especialização da N1, ao passo que alunos da segunda série têm uma especialização mais forte da N1 quando comparados com adultos. Hoje vamos focalizar as crianças com dislexia.

Como vs. já devem ter percebido, Maurer e colegas também já fizeram o mesmo experimento com crianças disléxicas (veja esse artigo anterior para maiores informações sobre o que eles fizeram). Aqui estão seus achados:

1. A especialização da N1 mais para palavras do que símbolos encontrou-se muito mais reduzida em alunos disléxicos da segunda série quando em comparação com alunos da segunda série que apresentavam leitura normal.

2. A especialização da N1 correlacionou-se com a velocidade de leitura em alunos da segunda série.

3. De modo interessante, ainda que os alunos disléxicos da segunda série tivessem uma especialização reduzida, de fato tinham uma maior especialização dois anos antes (no jardim de infância) do que suas contra-partidas de leitura normal. Não estou bem certa sobre a razão de tal coisa ocorrer.

4. Além da diferença na N1, houve também uma resposta reduzida na componente inicial P1 em crianças com dislexia (em ambas as idades - no jardim de infância e na segunda série). Entretanto, esta redução era geral tanto para símbolos como para palavras, e não especializada com relação a palavras.


A citação de Blackburne:


Maurer U, Brem S, Bucher K, Kranz F, Benz R, Steinhausen HC, & Brandeis D (2007). Impaired tuning of a fast occipito-temporal response for print in dyslexic children learning to read. Brain : a journal of neurology, 130 (Pt 12), 3200-10 PMID: 17728359

Encontrei o artigo aqui:

Impaired tuning of a fast occipito-temporal response for print in dyslexic children learning to read
U Maurer, S Brem, K Bucher, F Kranz, R Benz etc.
Brain (2007) 130 (12): 3200-3210. doi: 10.1093/brain/awm193

Summary. Developmental dyslexia is defined as a disorder of learning to read. It is thus critical to examine the neural processes that impair learning to read during the early phase of reading acquisition, before compensatory mechanisms are adapted by older readers with dyslexia. Using electroencephalography-based event-related imaging, we investigated how tuning of visual activity for print advances in the same children before and after initial reading training in school. The focus was on a fast, coarse form of visual tuning for print, measured as an increase of the occipito-temporal N1 response at 150–270 ms in the event-related potential (ERP) to words compared to symbol strings. The results demonstrate that the initial development of reading skills and visual tuning for print progressed more slowly in those children who became dyslexic than in their control peers. Print-specific tuning in 2nd grade strongly distinguished dyslexic children from controls. It was maximal in the inferior occipito-temporal cortex, left-lateralized in controls, and reduced in dyslexic children. The results suggest that delayed initial visual tuning for print critically contributes to the development of dyslexia.

A Rede



Fiquei impressionado com o poder de síntese da fig. 1 desse artigo (acima), que me pareceu ser importante para o pessoal da área. Não vou traduzir o abstract, mas recomendo por causa da abordagem reticular no estudo dos efeitos genéticos sobre o cérebro (como diz o abstract, BTW).

A Network of Genes, Genetic Disorders, and Brain Areas
Satoru Hayasaka, Christina E. Hugenschmidt & Paul J. Laurienti 2011
PLoS ONE 6(6): e20907. doi:10.1371/journal.pone.0020907

The network-based approach has been used to describe the relationship among genes and various phenotypes, producing a network describing complex biological relationships. Such networks can be constructed by aggregating previously reported associations in the literature from various databases. In this work, we applied the network-based approach to investigate how different brain areas are associated to genetic disorders and genes. In particular, a tripartite network with genes, genetic diseases, and brain areas was constructed based on the associations among them reported in the literature through text mining. In the resulting network, a disproportionately large number of gene-disease and disease-brain associations were attributed to a small subset of genes, diseases, and brain areas. Furthermore, a small number of brain areas were found to be associated with a large number of the same genes and diseases. These core brain regions encompassed the areas identified by the previous genome-wide association studies, and suggest potential areas of focus in the future imaging genetics research. The approach outlined in this work demonstrates the utility of the network-based approach in studying genetic effects on the brain.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Doença mental, drogas, placebo, DSM, psiquiatras, farmaindústria...

Um artigo de revisão extenso e importante de Marcia Angell na revista eletrônica The New York Review of Books (AQUI), The Epidemic of Mental Illness: Why? (sua segunda parte está indicada mais abaixo) chama a atenção de Daniel Lende, do blog Neuroanthropology (do PLoS) e ele escreve Chemical Imbalances and Mental Illness? Go for the Placebo with Side Effects (AQUI). Lende, por sua vez, desperta o interesse de Jennifer Jo Thompson - que escreve um comentário excelente sobre o artigo dele. Lende, então, nos revela que Ms. Thompson é autora de Thompson et al. (2008), Reconsidering the Placebo Response from a Broad Anthropological Perspective. Esse artigo está no Pubget, protegido por senha (mas serve a senha do Portal Capes, para quem tiver), então vou colocar aqui o comentário de Thompson sobre o artigo de Lende:

Grande texto sobre um artigo importante! Algumas questões, rapidamente: diante das altas taxas de resposta ao placebo em experimentos com antidepressivos, as companias farmacêuticas estão ficando cada vez mais sofisticadas no design de experimentos clínicos. Como Lakoff chamou a atenção em seu artigo de 2002 na Molecular Interventions, ser capaz de identificar e eliminar logo de início aqueles que respondem ao placebo (isto é, em um teste duplo-cego com o placebo, por exemplo) é a chave para produzir dados que indiquem a eficácia da droga. Permanece a questão: isto serve ao interesse de quem?

O que isto indica, entretanto, é que chegou a hora de abrir a caixa preta do placebo, a hora de ver claramente as expectativas, a esperança, o condicionamento, a importância simbólica, a emoção, a execução ritualística (CLM - do ato de tomar o placebo) e a relação terapêutica: o placebo é um componente genuíno e de base física (CLM - corporal) do processo de cura - e não algum tipo de impostura ou enganação, ou mesmo uma terapia simulada, mas sim uma parte importante da **coisa real**.

Cada vez mais, os pesquisadores estão reconhecendo a importância de desemaranhar esses efeitos 'não-específicos' do tratamento. Ao mesmo tempo, os pesquisadores estão reconhecendo a importância de traduzir esse entendimento inesperado para um contexto clínico, para 'harness' (CLM - controlar e operacionalizar) o efeito placebo e criar o que Jonas chamou de um 'ambiente ótimo de cura'. Dirijo os leitores para o número especial de 2011, sobre placebo, do journal Philosophical Transactions of the Royal Society - Phil. Trans. R. Soc. B 27 June 2011 vol. 366 no. 1572.

Encontrei (liberado) esse número especial de 2011 da Philosophical Transactions of the Royal Society apenas AQUI, onde os interessados têm que ir no quadrinho previous next article e ler/baixar um artigo de cada vez.

O primeiro artigo de Marcia Angell, é um artigo de revisão sobre os livros: (1) The Emperor’s New Drugs: Exploding the Antidepressant Myth, de Irving Kirsch; (2) Anatomy of an Epidemic: Magic Bullets, Psychiatric Drugs, and the Astonishing Rise of Mental Illness in America, de Robert Whitaker; e (3) Unhinged: The Trouble With Psychiatry—A Doctor’s Revelations About a Profession in Crisis, de Daniel Carlat. Aqui está sua segunda parte (AQUI), onde Angell trata principalmente do livro de Carlat e também do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition, Text Revision (DSM-IV-TR), da American Psychiatric Association.

Do artigo a seguir, citado por Angell, só consegui o abstract:
Financial Ties between DSM-IV Panel Members and the Pharmaceutical Industry
Lisa Cosgrove, Sheldon Krimsky, Manisha Vijayaraghavan & Lisa Schneider
(Psychother Psychosom 2006;75:154-160 (DOI: 10.1159/000091772)

Background: Crescente atenção tem sido dada à transparência dos conflitos de interesse em potencial na medicina clínica e nas ciências biomédicas, particularmente na publicação de journals e nos painéis consultivos de ciência. Os autores examinaram o grau e o tipo de laços financeiros com a indústria farmacêutica de membros de painéis responsáveis por revisões do DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. Methods: Utilizando técnicas multimodais de pesquisa, os autores investigaram os laços financeiros com a indústria farmacêutica de 170 membros dos painéis que contribuiram para os critérios de diagnóstico produzidos para o DSM-IV e para o DSM-IV-TR. Results: Dos 170 membros de painéis, 95 (56%) tinham uma ou mais associações com empresas da indústria farmacêutica. Cem por cento dos membros dos painéis sobre "Mood Disorders" (Distúrbios de Humor) e "Schizophrenia and Other Psychotic Disorders" (Esquizofrenia e outros Distúrbios Psicóticos) tinham ligações financeiras com empresas fabricantes de drogas. As principais categorias de interesse financeiro mantido por membros dos painéis eram verbas para pesquisa (42%), consultorias (22%) e "speakers bureau" (16%). Conclusions: Nossa investigação sobre as relações entre membros dos painéis do DSM e a indústria farmacêutica demonstra que havia fortes laçõs financeiros entre a indústria e aqueles que eram responsáveis pelo desenvolvimento e pela modificação dos critérios de diagnóstico para doenças mentais. As conexões são especialmente fortes naquelas áreas diagnósticas onde as drogas são a primeira linha de tratamento para distúrbios mentais. Uma revelação completa por parte dos membros dos painéis do DSM de suas relações financeiras com entidades de fins lucrativos que manufaturam drogas utilizadas no tratamento de doenças mentais é recomendada.

The Bravest Ghost - The Sparrow and the Seed



The Bravest Ghost - The Sparrow and the Seed 2010

“I’m Just a Parrot on a stage,” This Saskatchewan born singer songwriter forces from his tobacco torn throat, “Saying all I know.” At only 20 years old, Sean Craib-Petkau has done more than most young musicians hope to do by his age. He’s self recorded, produced, and released four albums in two years and has toured from Coast to Coast and almost everywhere in between. He’s been described as “essential modern folk” and “well worth seeking out”.

Tracks:
1. Child's Lung 04:16
2. Sleeping Bird 02:18
3. Parrot 03:45
4. Mother Mantis 02:48
5. Cracked Concrete 04:58
6. Three Ghosts 02:57
7. The Sparrow and the Seed 05:01
8. Start Out 03:46
9. Sun on the Snow 03:27
10. One Man 02:55

Recorded and Engineered by The Bravest Ghost and Zachary Lucky in The Attic in Yorkton, SK during June and July, 2010.
Released 06 August 2010 The Bravest Ghost: Guitar, Vocals, Harmonica, Bowed Banjo Emily Kohlert: Trumpet, Vocals, and Percussion Zachary Lucky: Banjo and Slide Guitar Photo by Emily Kohlert All songs written by The Bravest Ghost


Métodos Quantitativos em Neurociência



Stereology is a valuable tool for neuroscientists, allowing them to obtain 3-Dimensional information from 2-Dimensional measurements made on appropriately sampled sections (usually obtained from histological sections or MRI/CT/PET scans). This 3-D information is invaluable in correlating structural/functional relationships in the pursuit of far greater understanding of the function of the central nervous system. However, in carrying out such measurements, often based on limited data sets, there is a risk of experimenter bias. An important feature of modern design based stereology is to be aware of potential sources of bias and eliminate them during the data collection. With many of the major neuroscience journals now insisting that quantitative data be presented, there is a greater need than ever for neuroscientists to understand the theory and practice behind quantitative methods, such as those offered by stereology. Quantitive Methods in Neuroscience is a cookbook of stereological methods written especially for neuroscientists. It provides clear and accessible advice about when and when not to use stereology. Throughout the book, the emphasis is on practical guidance, rather than discussions and formulae. Written by leading scientists in the field of stereology, with a Foreword by D.C. Sterio, the book will be a valuable introduction to these methods for neuroscientists, and all those involved in development of new drug programmes.

Quantitative Methods in Neuroscience: A Neuroanatomical Approach
Stephen M. Evans, Ann Marie Janson & Jens Randel Nyengaard

Oxford University Press 2004 332 Pages PDF 5 MB
http://www.filesonic.com/file/1287203614

O Início do Conhecimento



In this work Gadamer reminds us that philosophy for the Greeks was not just a question of metaphysics and epistemology but encompassed cosmology, physics, mathematics, medicine and the entire reach of theoretical curiosity and intellectual mastery. Whereas Gadamer's book "The Beginning of Philosophy" dealt with the inception of philosophical inquiry, this book brings together nearly all of his previously published but never translated essays on the Presocratics. Beginning with a hermeneutical and philological investigation of the Heraclitus fragments (1974 and 1990), he then moves on to a discussion of the Greek Atomists (1935) and the Presocratic cosmologists (1964). In the last two essays (1978 and 1994/95), Gadamer elaborates on the profound debt that modern scientific thinking owes to the Greek philosophical tradition.

The Beginning of Knowledge
Hans-Geog Gadamer

terça-feira, 21 de junho de 2011

Cérebro-Corpo-Mente






Não tenho idéia do valor desse livro. Entretanto, como é publicação da Springer, aqui está ele. Fiz umas pesquisas e coloquei alguns resultados abaixo para os leitores poderem fazer uma avaliação inicial.

Brain-Body-Mind in the Nebulous Cartesian System
Erol Başar

Springer 1st Edition 2010 523 pages PDF 17.37 MB
http://www.filesonic.com/file/1257469411/1441961348.pdf


Brain-Body-Mind in the Nebulous Cartesian System: A Holistic Approach by Oscillations is a research monograph, with didactical features, on the mechanisms of the mind, encompassing a wide spectrum of results and analyses. The book should appeal to scientists and graduate students in the fields of neuroscience, neurology, psychiatry, physiology, psychology, physics and philosophy. Its goals are the development of an empirical-analytical construct, denoted as “Reasonings to Approach the Mind”, and the comprehension of 20 principles for understanding the mind. This book amalgamates results from work on the brain, vegetative system, brains in the evolution of species, the maturing brain, dynamic memory, emotional processes, and cognitive impairment in neuro-psychiatric disorders (Alzheimer, Schizophrenia, Bipolar disorders).

About the Author: Erol Başar, currently Professor of Physiology and Biophysics at The Kultur University Istanbul, is a pioneer in the field of Brain Dynamics and Oscillations. He has published seven monographs, edited 10 books, and authored or co-authored 250 papers in neuroscience and cardiovascular research. Başar’s monograph, EEG-Brain Dynamics (1980) introduced the functional importance of brain oscillations and the quantum concept; it is considered a milestone in neuroscience literature. The author was educated in high-energy physics and in physiology at the Universities of Munich, Hamburg and Hanover. He taught physiology at the Medical University, Lübeck between 1980 and 2000. He was also involved in research and teaching in New York, San Diego, Ankara and Izmir. Başar’s route to multidisciplinary research was directly influenced, during the 1960s, by the advice of Werner Heisenberg and the renowned natural philosopher, Carl Friedrich von Weizsäcker. The Darwinian view discussed by Başar is the result of a longstanding collaboration with Theodore Holmes Bullock, in California.

Três artigos de Başar, em co-autoria, anteriores ao livro.

Neuroscience is awaiting for a breakthrough: an essay bridging the concepts of Descartes, Einstein, Heisenberg, Hebb and Hayek with the explanatory formulations in this special issue.
Erol Başar & Sirel Karakaş
International Journal of Psychophysiology (2006)Volume: 60, Issue: 2, Pages: 194-201
http://braindynamics.iku.edu.tr/pdf/neuroscience%20is%20awaiting%20for%20a%20breakthrough%20an%20essay%20bridging%20the%20concepts%20of.pdf

Este é o "special issue" citado no título do artigo acima:


Models and Theories of Brain Function with Special Emphasis on Cognitive Processing
International Journal of Psychophysiology
Volume 60, Issue 2, Pages 97-202 (May 2006)Edited by Sirel Karakas and Erol Basar

Outro artigo desse mesmo número do Journal:


Models and theories of brain function in cognition within a framework of behavioral cognitive psychology
Sirel Karakaş & Erol Başar
International Journal of PsychophysiologyVolume 60, Issue 2, May 2006, Pages 186-193

Models and Theories of Brain Function with Special Emphasis on Cognitive Processing
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0167876006000225


Um artigo mais recente:


A breakthroug in neuroscience needs a "Nebulous Cartesian System" Oscillations, quantum dynamics and chaos in the brain and vegetative system
Erol Başar & Bahar Güntekin
International Journal of Psychophysiology 64 (2007) 108-122
http://braindynamics.iku.edu.tr/Pdf/NCS.pdf

Abstract. The paper presents gedankenmodels which, based on the theories and models in the present special issue, describe the conditions for a breakthrough in brain sciences and neuroscience. The new model is based on contemporary findings which show that the brain and its cognitive processes show super-synchronization. Accordingly, understanding the brain/body-mind complex is possible only when these three are considered as a wholistic entity and not as discrete structures or functions. Such a breakthrough and the related perspectives to the brain/body-mind complex will involve a transition from the mechanistic Cartesian system to a nebulous Cartesian system, one that is basically characterized by parallel computing and is further parallel to quantum mechanics. This integrated outlook on the brain/body-mind, or dynamic functionality, will make the treatment of also the meta-cognitive processes and the greater part of the iceberg, the unconscious, possible. All this will be possible only through the adoption of a multidisciplinary approach that will bring together the knowledge and the technology of the four P's which consist of physics, physiology, psychology and philosophy. The genetic approach to the functional dynamics of the brain/body-mind, where the oscillatory responses were found to be laws of brain activity, is presented in this volume as one of the most recent perspectives of neuroscience

Pô, que tédio!

Joseph Epstein, em ~3.400 palavras, cometeu um artigo interessante e bem escrito sobre o tédio. Seu caráter mortiço faz o mundo avançar mais devagar, e a própria realidade pode se tornar incerta e vaga: a obscuridade e o torpor são parte do tormento, que é suave mas genuíno. Entretanto, diz ele:

O tédio é menos generalizado em culturas mais simples. Pouco se ouve falar dele entre os pigmeus ou os habitantes das Ilhas Trobriand, cujas energias estão voltadas para os problemas da mera existência. Ironicamente, ele pode ser mais disseminado onde houver grande quantida de estímulos. O tédio, aparentemente, pode ser incrementado pela estimulação em excesso - e estamos aprendendo isso com a atual geração de crianças que, a despeito de seu vasto arsenal de brinquedos eletrônicos, das muitas horas dispendidas diante de telas e telinhas diversas, estão reclamando dele muito mais do que qualquer outra geração anterior. É raro que um pai ou avô, ao apresentar a essas crianças um projeto para aliviar o tédio - ir lá para fora, ler um livro - não tenha ouvido em sílabas bem separadas, "Pô, que tédio!"

Epstein nos apresenta "os dois melhores livros contemporâneos sobre o assunto": Boredom, A Lively History, de Peter Toohey, e A Philosophy of Boredom, de Lars Svendsen, e aproveita para tratar do problema semântico do tédio. "É preciso discriminar e fazer distinções quando se tentar definí-lo. O ennui, a apatia, a depressão, a acédia, a melancolia, o mal de vivre - todos são aspectos do tédio, mas não o definem exatamente. Talvez a distinção mais importante a ser feita seja entre tédio e depressão. Toohey está correto quando argumenta que o tédio crônico pode trazer agitação, raiva e depressão, mas que tédio e depressão não são a mesma coisa. O tédio é principalmente uma emoção secundária, como vergonha, culpa, inveja, admiração, timidez, desprezo e outras. A depressão é uma doença mental, e muito mais séria".

Depois de alguns trechos filosófico-literários sobre o assunto, que abordam de modo sério ou jocoso Heidegger, Sartre, Alberto Moravia e outros, Epstein passa para a neurociência. "O tédio, acreditam os neurocientistas, parece ser experimentado na parte do cérebro chamada insula, onde outras emoções secundárias (também) são experimentadas, e que um neurologista chamado Arthur D. Craig considera ser uma região cerebral que se localiza 'na encruzilhada do tempo e do desejo'. Tendo dito isso, não se disse muita coisa. Os críticos argumentam que os estudos cerebrais ainda estão mais ou menos no estágio em que estava a fisiologia antes de William Harvey, no século 17, descobrir o sistema circulatório. Afinal de contas, o tédio é parte da consciência, e sobre ela os neurologistas têm menos a dizer do que os poetas e os filósofos".

Epstein termina seu artigo descrevendo uma palestra que Joseph Brodsky proferiu no Dartmouth College em 1989, e dá sinais de concordar com ele:

A lição que o tédio ensina, de acordo com Brodsky, é sobre nossa insignificância, uma insignificância introduzida por nossa própria finitude. Estamos aqui por algum tempo e - puf! - fomos embora e somos esquecidos mais cedo ou mais tarde, geralmente mais cedo. O tédio "coloca sua existência em perspectiva, e o resultado disso é precisão e humildade". Brodsky aconselha os alunos a manter a paixão, pois ela é o que há de mais próximo a um remédio para o tédio.

E fecha o artigo:

"O tédio", como escreve Peter Toohey, "é uma parte normal, útil e incrivelmente comum da experiência humana". O tédio também é parte da condição humana, sempre foi, e se tivermos sorte, sempre será.

Duh, Bo-ring
Joseph Epstein
Commentary June 2011-06-16
http://www.commentarymagazine.com/article/duh-boring/

Funcionamento do Cérebro



“Dale Purves’ Brains is my favorite sort of reading--an engaging and intelligent scientific autobiography full of vivid personal and historical accounts; the story not only of a life but of an intellectual pursuit. Purves has a unique voice, lively, outspoken, and very human--and his love of science comes through on every page.” --Oliver Sacks“Brains is an engaging tour of human neuroscience from one of its most distinguished and opinionated practitioners. Dale Purves is a lively and informative guide to the field, having been at the scene of some of its great discoveries and having made many important discoveries himself.” --Steven Pinker, Harvard University, author of The Stuff of Thought “A rare account of both the modern history of key discoveries in brain research by someone who was there and responsible for many of them and also a heartfelt account of the joy of it all. Dale Purves has given us an inside view of a life in science and explains with clarity what it all means.” --Michael S. Gazzaniga, University of California, Santa Barbara, author of Human: The Science Behind What Makes Us Unique


“Brains is a delightful book that weaves together Dale Purves’ personal neuroscience history with the history and current status of the field. I enjoyed it start to finish.” --Joseph LeDoux, New York University, author of The Emotional Brain and Synaptic Self


“This book is many things. It’s the memoir of an immensely likeable human (who I only previously knew as a distant giant in my field). It’s people with strong personalities that give lie to the notion that science is an affectless process. But most of all, it is a clear, accessible, affectionate biography of neuroscience. This is a terrific book.” --Robert M. Sapolsky, Stanford University, author of Why Zebras Don’t Get Ulcers“


Both highly entertaining and educational. A masterpiece.” --Bert Sakmann, Max Planck Institute for Medical Research, winner of the Nobel Prize in Physiology or Medicine


For 50 years, the world’s most brilliant neuroscientists have struggled to understand how human brains really work. Today, says Dale Purves, the dominant research agenda may have taken us as far as it can--and neuroscientists may be approaching a paradigm shift.


In this highly personal book, Purves reveals how we got to this point and offers his notion of where neuroscience may be headed next. Purves guides you through a half-century of the most influential ideas in neuroscience and introduces the extraordinary scientists and physicians who created and tested them.


Purves offers a critical assessment of the paths that neuroscience research has taken, their successes and their limitations, and then introduces an alternative approach for thinking about brains. Building on new research on visual perception, he shows why common ideas about brain networks can’t be right and uncovers the factors that determine our subjective experience. The resulting insights offer a deeper understanding of what it means to be human.


Brains: How they seem to work
Dale Purves

FТ Prеss 2010 PDF 320 pages 3.68 MB http://www.filesonic.com/file/1251283134/0137055099.pdf

Songs of Soil



Banda dos irmãos Christian Kjellvander (Loosegoats) e Gustaf (ex-Sideshow Bob). O país de origem é a Suécia e o gênero (totalmente americano) pode ser chamado de folk alternativo ou indie - disco bom e bem feito.

Songs of Soil - The Painted Trees of Ghostwood 2011

Tracks:
1. Death of a Harvester
2. Seventeen
3. Jesus
4. Heather Bend
5. New Deal
6. Paige
7. Kelly
8. Fire Away
9. Sleep
10. Lazy Wheels
http://www.mediafire.com/?z76qou3225k5xm2

Textos de filosofia grega antiga



Soon after its publication, Readings in Ancient Greek Philosophy was hailed as the favorite to become "the 'standard' text for survey courses in ancient philosophy. Nothing on the market touches it for comprehensiveness, accuracy, and readability. APA Newsletter on Teaching Philosophy

Fifteen years on, that prediction has been borne out, and the volume's preeminence as the leading anthology for the teaching of ancient philosophy still stands.This Fourth Edition features a completely revamped and expanded unit on the Presocratics and Sophists that draws on the wealth of new scholarship published on these fascinating thinkers over the past decade or more. At the core of this unit, as ever, are the fragments themselves but now in thoroughly revised and, in some cases, new translations by Richard McKirahan and Patricia Curd, among them those of the recently published Derveni Papyrus.


Readings in Ancient Greek Philosophy: from Thales to Aristotle

Edited by S. Marc Cohen, Patricia Curd, and C.D.C. Reeve

Hackett Publishing 2011 1008 pages PDF 38.75 MB
http://www.filesonic.com/file/1272216154

sábado, 18 de junho de 2011

Informação - História, Teoria e Fluxo



James Gleick, the author of the bestsellers Chaos and Genius, brings us his crowning work: a revelatory chronicle that shows how information has become the modern era’s defining quality—the blood, the fuel, the vital principle of our world. The story of information begins in a time profoundly unlike our own, when every thought and utterance vanished as soon as it was born. From the invention of scripts and alphabets to the long misunderstood “talking drums” of Africa, James Gleick tells the story of information technologies that changed the very nature of human consciousness. He provides portraits of the key figures contributing to the inexorable development of our modern understanding of information: Charles Babbage, the idiosyncratic inventor of the first great mechanical computer; Ada Byron, the poet’s brilliant and doomed daughter, who became the first true programmer; pivotal figures like Samuel Morse and Alan Turing; and Claude Shannon, the creator of information theory itself. And then the information age comes upon us. Citizens of this world become experts willy-nilly: aficionados of bits and bytes. And they sometimes feel they are drowning, swept by a deluge of signs and signals, news and images, blogs and tweets. The Information is the story of how we got here and where we are heading. It will transform readers’ view of its subject.

The Information: A History, a Theory, a Flood
James Gleick

Pаntheon Books 2011 PDF 544 pages 3.96 MB
http://www.filesonic.com/file/1234720444/0375423729.pdf

Fredric Jameson



Fredric Jameson is one of the most important and audacious cultural critics writing today. His work impacts across a range of disciplines from literary and cultural studies to film, sociology and architecture. This new collection of previously unpublished critical essays covers the full corpus of Jameson's work: from his initial studies of Sartre and dialectical criticism, through his path-breaking work on the political unconscious, modernism and postmodernism, to his controversial essays on third world literature, space, architecture and Latin American studies.

Fredric Jameson: A Critical Reader

Palgrave Macmillan 2004 256 pages PDF 1.6 MB
http://www.filesonic.com/file/1218152444/0333982088.pdf

Manual de Linguística Aplicada



The Routledge Handbook of Applied Linguistics serves as an introduction and reference point to key areas in the field of applied linguistics.The five sections of the volume encompass a wide range of topics from a variety of perspectives:applied linguistics in actionlanguage learning, language educationlanguage, culture and identityperspectives on language in usedescriptions of language for applied linguistics.The forty-seven chapters connect knowledge about language to decision-making in the real world. The volume as a whole highlights the role of applied linguistics, which is to make insights drawn from language study relevant to such decision-making.The chapters are written by specialists from around the world. Each one provides an overview of the history of the topic, the main current issues and possible future trajectory. Where appropriate, authors discuss the impact and use of new technology in the area. Suggestions for further reading are provided with every chapter. The Routledge Handbook of Applied Linguistics is an essential purchase for postgraduate students of applied linguistics.Reviews"This is a superb collection of chapters that illustrates the robustness of applied linguistics. The volume coherently documents the fact that the field has come a long way since its early focus on the teaching and learning of languages beyond the first. Anyone interested in understanding the scope of applied linguistics at the start of the 21st century would do well to consult this work." - James P. Lantolf, Penn State University, USA

The Routledge Handbook of Applied Linguistics
James Simpson - editor

Routledge 2011 True PDF 743 pages 6.72 Mb
http://www.filesonic.com/file/1234898704

Uma bibliografia da Consciência 1970-2000

Thomas Metzinger e David Chalmers montaram uma bibliografia sobre Consciência que abarca trinta anos de livros, artigos, etc. Ela não traz nenhum comentário sobre as publicações, apenas seus principais dados, e são 114 páginas corridas - troço pra burro. Veja em:

http://www.staff.uni-mainz.de/metzinge/Texte/E-BIBLIO.pdf

David Eagleman



David Eagleman é um neurocientista do Baylor College of Medicine, onde dirige o Laboratory for Perception and Action. Também é autor de "Wednesday is Indigo Blue: Discovering the Brain of Synesthesia" (com Richard E. Cytowic) e de "Sum: Forty Takes from the Afterlives", juntamente com seu novo livro "Incognito: The Secret Lives of the Brain".


O site NPR (National Public Radio) nos traz uma entrevista de 37 minutos com Eagleman e um artigo sobre ele, além da transcrição do primeiro capítulo de Incognito (pela extensão do texto, pode ser apenas uma parte). A redação é típica dos livros de divulgação científica, mas sempre se aproveita alguma coisa.

Aqui temos uma review do primeiro livro, "Sum", por Jascha Hoffman.

Incognito: The Secret Lives of the Brain
David Eagleman

Pantheon 2011 304 pages epub 1,1 MB
http://www.filesonic.com/file/1190166334/0307377334Incognito.epub

Wednesday Is Indigo Blue: Discovering the Brain of Synesthesia
Richard E. Cytowic & David M. Eagleman

The MIT Press 2009 320 Pages PDF 2 MB

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Hoje é Dia de James Joyce






E a razão disso é a seguinte:

"No dia 16 de junho de 1904 (uma quinta-feira, como hoje, 16 de junho de 2011), dois homens passeiam por Dublin: são eles Leopold Bloom e Stephen Dedalus. Não se conhecem ainda, mas estão destinados a se encontrar. Ulysses, de James Joyce, é a história de como seus caminhos se cruzam e se entrelaçam por algum tempo antes de se separarem definitivamente. Nada se modifica, aparentemente - não há grandes dramas ou ocorrências notáveis durante aquele dia e aquela noite".
(Traduzido e adaptado de The Dublin Questers: A Modernist Adventure through Existential Crisis, by Jonah Manning)

E minha contribuição é bem simples: vou enumerar alguns artigos excelentes do pensador Emanuel L. Paparella nos quais o grande Vico é o principal tema. Descrevendo Finnegans Wake (e muitas outras realidades e invencionices desse Cosmos), Joyce fraseia - e não vou me aventurar a traduzir:

Our wholemole millwheeling vicocyclometer, a tetradomational gazebocroticon (the 'Mamma Lujah' known to every schoolboy scallander...)” (FW 614.27-8)

Concluding Reflections at the End of the Journey into Vico's Mind

by Emanuel L. Paparella

2011-02-18 09:11:46
http://www.ovimagazine.com/art/6852


Dehumanization in the Light of Vico's Philosophy


by Emanuel L. Paparella


2011-02-14 09:19:13
http://www.ovimagazine.com/art/6844

The Nexus between History and the Self


by Emanuel L. Paparella


2007-11-27 09:11:54
http://www.ovimagazine.com/art/2363

The Nexus between Language and Vico's Historicism


by Emanuel L. Paparella


2010-12-27 09:32:00
http://www.ovimagazine.com/art/6661

The Principle of Complementarity in Bohr's Quantum Mechanics and Vico's Historicism


by Emanuel L. Paparella


2008-02-18 09:33:03
http://www.ovimagazine.com/art/2638

To Be Human is to Be Historical: A Vichian Reflection on Modern Nihilism


by Emanuel L. Paparella


2011-04-28 10:26:33
http://www.ovimagazine.com/art/7133

Vico on the Nexus between Language and Time: another View


by Emanuel L. Paparella


2007-12-17 09:03:38
http://www.ovimagazine.com/art/2409

Vico's Poetic Philosophy: between Descartes and Nietzsche


by Emanuel L. Paparella


2008-02-11 10:11:12
http://www.ovimagazine.com/art/2615

Vico's Poetic Philosophy within Europe's Cultural Identity
by Emanuel L. Paparella


2007-06-15 10:54:22
http://www.ovimagazine.com/art/1772

Emanuel L. Paparella has a BA (major in philosophy) "St. Francis College, NYC", an MA "Middlebury College, Vt" in Italian Literature, an M.Ph. in Comparative Literatures and a Ph.D. in Italian Humanism from Yale University. A former professor of Italian at the University of Puerto Rico and the University of Central Florida where he was director of the Urbino Summer Program from 1998 till 2001. He is currently retired, residing with his wife Cathy and his three daughters.


E mais: Se os leitores estiverem interessados em mais abobrinhas sobre Joyce, em 2008 (10 de junho) comemorei a data aqui no CLM publicando um artigo que está armazenado em http://docs.google.com/View?docid=df3wz635_0cdm5ktc9

David Christian - A Grande História



Uma palestra TED que nos deixa de boca aberta: David Christian conta rapidamente a história do Universo, dos seres vivos e da humanidade em 17' 40''. Ainda que Christian fale rápido (os bilhões de anos estão correndo...), dá para entender direitinho. Mas não vos desespereis, pois a coisa está legendada em 22 línguas, inclusive o português do Brasil (em boa tradução).

http://www.ted.com/talks/david_christian_big_history.html

About this talk
Munido com ilustrações impressionantes, David Christian, narra a completa história do universo, do Big Bang à internet, em 18 fascinantes minutos. Esta é a "Grande História": uma esclarecedora e ampla visão sobre a complexidade, a vida e a humanidade, em contra-ponto à nossa exígüa existência na linha de tempo cósmica.Translated into Portuguese (Brazil) by Paulo Melillo. Reviewed by Rafael Eufrasio

Coisas que jamais entenderemos

Em artigo que nos ensina mais uma pitada de humildade diante do Cosmos, a revista New Scientist apresenta The Limits of Knowledge: Things We'll Never Understand, de Michael Brooks (9 de maio de 2011). Ainda que a New Scientist só nos permita ler um pedacinho dessa preciosidade, um site japonês disponibiliza a coisa toda em http://woshao.com/article/83c656247d7711e0b4f6000c2959fd2a/

Recomendo enfaticamente sua leitura.

Comportamento e Cognição em Humanos e Animais



When a chimpanzee stockpiles rocks as weapons or when a frog sends out mating calls, we might easily assume these animals know their own motivations--that they use the same psychological mechanisms that we do. But as Beyond the Brain indicates, this is a dangerous assumption because animals have different evolutionary trajectories, ecological niches, and physical attributes. How do these differences influence animal thinking and behavior? Removing our human-centered spectacles, Louise Barrett investigates the mind and brain and offers an alternative approach for understanding animal and human cognition. Drawing on examples from animal behavior, comparative psychology, robotics, artificial life, developmental psychology, and cognitive science, Barrett provides remarkable new insights into how animals and humans depend on their bodies and environment--not just their brains--to behave intelligently.


Barrett begins with an overview of human cognitive adaptations and how these color our views of other species, brains, and minds. Considering when it is worth having a big brain--or indeed having a brain at all--she investigates exactly what brains are good at. Showing that the brain's evolutionary function guides action in the world, she looks at how physical structure contributes to cognitive processes, and she demonstrates how these processes employ materials and resources in specific environments. Arguing that thinking and behavior constitute a property of the whole organism, not just the brain, Beyond the Brain illustrates how the body, brain, and cognition are tied to the wider world.

Beyond the Brain: How Body and Environment Shape Animal and Human Minds

Louise Barrett

Princeton University Press 2011 283 pages PDF 1.85 MB http://www.filesonic.com/file/1214994314

terça-feira, 14 de junho de 2011

Feeling Romantic?






(na foto, os irmãos Seeli e Kalle - à direita - com Olli-Pekka Tuomisalo - d'óculos)

Sonho de Amor (Liebesträume) de Franz Liszt
Seeli Toivio (cello) & Kalle Toivio (piano).

Arte



William Engel "Amethyst Cliff" 2006

Espaço, Tempo e Número no Cérebro



The study of mathematical cognition and the ways in which the ideas of space, time and number are encoded in brain circuitry has become a fundamental issue for neuroscience. How such encoding differs across cultures and educational level is of further interest in education and neuropsychology. This rapidly expanding field of research is overdue for an interdisciplinary volume such as this, which deals with the neurological and psychological foundations of human numeric capacity. A uniquely integrative work, this volume provides a much needed compilation of primary source material to researchers from basic neuroscience, psychology, developmental science, neuroimaging, neuropsychology and theoretical biology.* The first comprehensive and authoritative volume dealing with neurological and psychological foundations of mathematical cognition* Uniquely integrative volume at the frontier of a rapidly expanding interdisciplinary field* Features outstanding and truly international scholarship, with chapters written by leading experts in a variety of fields

Space, Time and Number in the Brain: Searching for the Foundations of Mathematical Thought
Stanislas Dehaene & Elizabeth Brannon - editors

Academic Press 2011 374 pages PDF 13,4 MB http://www.filesonic.com/file/1203853631/0123859484thought.pdf

Corporeal Order, by Chris Martin

Este artigo, que poderia ser confundido com um estultilóquio pós-moderno, não o é. Chris Martin tem aqui a legítima aspiração de elaborar uma ontologia, uma reflexão a respeito das múltiplas existências do ser humano corporificado. Um exercício comparativo que se vale da história, das artes e de tudo o que, sendo humano, não lhe é estranho. Sob a premissa de que ser humano é devir, CM começa com alguns parágrafos sobre equilíbro/desequilíbrio. Pequena amostra:

O equilíbrio denota um ponto fixo. O desequilíbrio necessita de um movimento para frente, uma inércia, o futuro tornando-se presente, perpetuamente em processo.

O equilíbrio é uma estrutura provisória e abstrata, uma falsificação do real a serviço do mundo da aparência. A falsidade do equilíbrio é a dissimulação da paz. Por toda parte esta falsa paz, paradoxalmente, ameaça obliterar os corpos: corpos reais, corpos ontológicos, corpos em meio ao devir.

E daí para afirmativas mais cirúrgicas:

O equilíbrio depende da visão. Ver separa, pontua, isola, inculca, abrevia, oblitera. Ver cria uma forma elaborada nos limites, uma violência da exatidão, uma sensação de lâmina. O equilíbrio é impossível sem a abstração do olho, que marca uma distância.

O desequilíbrio não depende de nada além da existência. Ele privilegia o toque, o tato, os modos de sentir sobre os modos de ver. Ainda mais do que o toque, ele privilegia o sinestésico. O desequilíbrio incorpora. O desequilíbrio interpenetra. Ela age com intimidade, proximidade, responsabilidade.

Para a última parte do artigo, A Ordem Corporal, CM reserva o melhor de seus poderes de síntese.

A noção de ordem corporal não necessita do colapso de todas as representações do corpo. Ela reconhece a utilidade prática de tais modelos, mas exige que eles sejam reconhecidos pelo que são - abstrações provisórias. Estas representações não são puramente de natureza social, mas também fisiológica. A imagem do corpo não é uma invenção da publicidade, mas sim um modelo fenomenologicamente útil para se situar o eu no mundo. Sem ela, como nos adverte Merleau-Ponty, não poderíamos coçar nossas costas, muito menos acreditar nelas. O verdadeiro problema é como sua provisoriedade fica obscurecida por sua utilidade, como a escolha de seguir esses modelos, e utilizá-los, torna-se uma escolha feita sem o reconhecimento de haver escolhido. Mais uma vez, cuidado com a duvidosa utilidade da imagem!

Afinal, o que está sendo 'denunciado' aqui? Chris Martin tenta nos precaver contra alguma coisa até aqui esotérica, um espécie de espasmo idiopático (que se manifesta através de causas obscuras ou desconhecidas). Revendo Paul Schilder, Martin nos lembra que Schilder demonstrou como a imagem do corpo é um sistema de partes em perpétuo rearranjo que se vale de partes de outros corpos no interesse de sua própria produção, evitando um psicologismo ao interrogar sua própria integridade para expor deslocamentos e interpenetrações. Nesse ponto, o artigo de Martin dá uma guinada centrífuga em direção a uma ancestralidade digna do monolito negro de A Space Odissey: para investigar uma "identidade estável e unificada", construída em virtude de uma "separação" hipostasiada, nós temos que focalizar o único sentido que por diversas razões se destaca dos outros: a visão, tornada possível pelo clarão do fogo.

Quando os primeiros hominídios se desenvolveram, há uns três milhões de anos, faltavam-lhes três adaptações subordinadas e uma adaptação superior para que se tornassem 'humanos' do modo como entendemos isso atualmente. As três adaptações subordinadas eram as seguintes: movimento bipedal, mãos ágeis e cérebros maiores. A primeira, andar em posição ereta, montou o cenário para nossa obsessão com uma forma particular de hierarquia, a hierarquia vertical. Não só nos tornamos seres verticais como posicionamos nossas maiores ferramentas, ainda não entendidas então como ferramentas, como o ápice dessa verticalidade: nossos olhos e nossos cérebros. A segunda, mãos ágeis, nos deu o conhecimento de ferramentas, do poder das ferramentas e, desse modo, da manipulação. Literalmente, colocaram o mundo à nossa disposição. Com o passar do tempo, também colocaram o mundo à nossa disposição metaforicamente. A última adaptação subordinada, cérebros maiores, nos ajudou a aumentar a utilizar a utilidade das duas anteriores, mas não pôde executar a transformação final sozinha. Para isso precisávamos de uma força elementar.

O fogo, ele mesmo uma ferramenta, permitiu que fizéssemos duas coisas imediatas muito importantes: escapar à predação e à meteorologia. Essas duas forças eram as mais cruciais em manter-nos limitados a uma existência animal. Uma vez fora de ameaças constantes, tivemos tempo de sentar, meditar e fazer algo revolucionário e evolutivo
[(r)evolutionary]: nada. Passamos a ter tempo para sentar e deixar que nossos cérebros maiores, com seu crescente conhecimento sobre manipulação, fizesse surgir uma adaptação fantástica, nunca antes, ou desde então, igualada: a imaginação. Como o tempo, ela também se tornou a ferramenta definitiva.

Nesse exato momento, nasceu a arte.

Vamos terminar nosso passeio no meio do caminho. Os meandros oblíquos do texto de Chris Martin prosseguem em direção indeterminada e levam a distopias desinteressantes por excesso de verbalização. Fiquemos por aqui (mas nem por isso deixem de ler o artigo todo):

Schilder afirma: "A imagem corporal é um fenômeno social". É uma contradição que a ordem corporal seja tanto ontológica como social? A contradição é muito importante para a ordem corporal, como o são a coincidência, a variação, a multiplicidade e a interpenetração. Se a ordem corporal não for ontológica e social, ela não é real. Seja através de violência física ou da violência do isolamento e da negligênia, a separação revela uma ausência de compreensão ontológica. Não porque ser ambas implique em equilíbrio. Existe uma assimetria imanente na contradição.

Daí a irregularidade desse ensaio, que começa pelo meio e prossegue sempre de modo oblíquo. Isto não quer dizer que não há conexões íntimas entre partes, e sim que a progressão está sujeita ao momento. Existem processos corporais definidos, mas sempre que você dirigir o foco do específico para o sistêmico você sofre uma inundação de abundância. Nós somos sistemas em "interatividade contínua" sustentada por um "fluxo contínuo" (Schilder). O movimento indefinido e enviezado desses sistemas nos aterroriza à medida que tentamos ordenar nossas vidas de modo que elas reflitam a hierarquia vertical discreta do espetáculo. Schilder descreve um de seus pacientes: "Ele odiava tudo o que pudesse perturbar a simetria do corpo. Tinha medo dos artistas esquisitos dos circos".

sábado, 11 de junho de 2011

M J Pires - As Sonatas para Piano de Mozart



Em gravação impecável, Maria João Pires interpreta a integral das sonatas para piano de Mozart. No endereço torrent abaixo. Já vem com os seis CDs separados e um PDF de 17 páginas com tudo a que temos direito. Formato: MP3.

Wolfgang Amadeus Mozart - Complete Piano Sonatas

História da mente mecânica



The contributions are interdisciplinary, containing discussions relating to, among other topics, history, biology, the arts, politics, computing and philosophy. It readily becomes apparent that opinions in some areas are very much divided. Progress in AI has certainly not been made at the rates predicted by Minsky. Indeed, it is suggested that perhaps no progress has been made at all, save in the wrong direction. Further, many of the questions that were posed 60 years ago are still pertinent and unanswered today.

The Mechanical Mind in History
Philip Husbands et al. - edits

The MIT Press edition 2008 PDF 468 pages 11,3 mb http://www.filesonic.com/file/1180289114/The_Mechanical_Mind_in_History.pdf