Does Culture Prevent or Drive Human Evolution?
http://onthehuman.org/2009/12/does-culture-prevent-or-drive-human-evolution/
by Mark Stoneking
Enquanto antropólogo molecular, minhas pesquisas envolvem o uso de dados genéticos para abordar questões de interesse antropológico sobre as origens, a história, a migração, a estrutura e as relações entre as populações humanas. Frequentemente me pedem para fazer palestras para não-especialistas sobre idéias que vão da genética à evolução humana, e invariavelmente durante o período de discussão que segue (a palestra) será expressado o ponto de vista de que sim, os humanos podem ter evoluido durante o passado distante, mas certamente os seres humanos pararam de evoluir por causa da cultura: se alguma coisa muda em nosso meio ambiente, nós respondemos culturalmente, não biologicamente. Por exemplo, se a camada de ozônio continua a desaparecer e os níveis de radiação ultravioleta alcançam níveis que ameaçam a vida, muito provavelmente reagiremos desenvolvendo cremes e roupas que protejam a pele, mudando nossas cidades para o subssolo, etc. , e não desenvolvendo pele e pelos mais grossos. De modo inverso, muitos grupos de pesquisa (incluindo o meu) ficaram interessados em detectar e analisar a evolução biológica recente dos humanos, o que pareceria contradizer a questão acima. Portanto, ultimamente tenho pensado muito sobre o papel da cultura na evolução humana, e acho que isso pode se transformar em um tópico interessante para este fórum (pelo menos, eu estaria interessado nas respostas que obtivesse).
Primeiro, alguma terminologia e algum background, especialmente para o não-especialista. 'Evolução' tem diferentes significados para diferentes cientistas; um geneticista de populações, por exemplo, vê a evolução simplesmente como modificações nas frequências dos alelos (isto é, a frequência das formas variantes de um gene) através do tempo. Tais modificações quase sempre são aleatórias, refletindo o fato de que nem todo mundo deixa prole, de modo que aleatoriamente alguns alelos aumentam sua frequência, enquanto outros têm a frequência diminuida no decorrer do tempo. Essas flutuações aleatórias, conhecidas como deriva genética (genetic drift), ocorrem mais rapidamente em populações pequenas do que em populações grandes. A deriva genética resulta na perda da variação genética entre as populações no decorrer do tempo, e é contrabalançada pela migração entre as populações, o que restaura a variação genética entre as populações e diminui as diferenças genéticas entre as populações. Assim, para um geneticista de populações, já que as frequências de alelos estão sempre mudando por causa da deriva e da migração, por definição a evolução está sempre acontecendo, e portanto não faz sentido dizer que os humanos não estão mais evoluindo.
Mas para a maioria das pessoas que não são geneticistas de populações, a evolução biológica significa seleção natural, no sentido darwiniano: aumento na frequência de traços herdados, que incrementa o sucesso reprodutivo ou de sobrevivência dos indivíduos com esses traços, também chamada de adaptação genética. Quase sempre, isso se expressa através da reação a uma mudança no meio ambiente, o que por sua vez leva a uma modificação daqueles traços que conferem uma sobrevivência/reprodução incrementada. Exemplos conhecidos de adaptações genéticas que resultaram em evolução humana incluem a bipedalidade, o tamanho cerebral aumentado, a perda de pelos corporais e a variação da pigmentação da pele. Dizer que os humanos pararam de evoluir, então, é dizer que esses traços herdados não têm mais importância quando se trata dos humanos reagindo ao seu meio ambiente. Este é o ponto de vista que ouço frequentemente: a cultura age como uma barreira ou uma trava entre nós e o meio ambiente, desse modo evitando a evolução humana.
Depois de discutir o assunto em profundidade, o autor escreve:
Para concluir, é claro que os humanos têm evoluido recentemente e continuam a evoluir. Também está claro que os humanos evoluiram por causa da cultura, como testemunha o traço de tolerância à lactose. Entretanto, se a cultura é ou não a força diretora principal da recente evolução humana ainda permanece uma questão a ser resolvida.
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