Um artigaço da Slate sobre a diferença entre o som dos atuais pianos e o som dos pianos utilizados por compositores de outras épocas (Mozart, Beethoven, Brahms, etc.). Com exemplos musicais prá lá de convincentes. Abaixo, leia minha tradução de uma parte desse artigo.
À procura dos Sons Perdidos
Porque v. realmente nunca ouviu a Sonata "Moonlight" (Ao Luar)
Jan Swafford
Posted Tuesday, March 2, 2010
O principal exemplo do que estou falando talvez seja a mais famosa obra jamais escrita: a Sonata "Moonlight" (Ao Luar, como é conhecida no Brasil), de Beethoven. Hector Berlioz chamou o murmurante e triste primeiro movimento de "um daqueles poemas que a linguagem humana não sabe como interpretar". No início, Beethoven direciona o instrumentista para que mantenha acionado o pedal de sustentação das notas por todo o primeiro movimento, de modo que as cordas jamais são abafadas. Nos pianos da época de Beethoven, em que o abafador das cordas era mais curto do que os atuais, o efeito era sutil, com uma harmonia se mesclando à próxima. Em um piano moderno, com sua sustentação mais longa das notas, o efeito de manter o pedal acionado seria um engarrafamento tonal. Hoje em dia v. tem que disfarçar o efeito, e nem sempre funciona como se pretende. Aqui temos Alfred Brendel tocando o início da "Moonlight" tão bem como qualquer outro, em um onipresente Steinway moderno.
Compare isto com Gayle Martin Henry tocando um piano de mais ou menos 1805, feito pelo vienense Caspar Katholnig.
O som é surpreendentemente diferente daquele de um piano moderno, e demora um pouco para nos acostumarmos. Estes instrumentos eram tocados, na maioria das vezes, em aposentos entre pequenos e médios. O som é íntimo; v. ouve a madeira, o feltro, o couro. O som, através dos registros, tem variações, à diferença do som homogêneos dos pianos modernos. No Katholnig, o efeito de manter o pedal acionado na "Moonlight" tem um efeito fantasmagórico, bastante óbvio nas notas de maior sustentação do baixo, que podem soar como um gongo distante. Todos esses elementos dos pianos conhecidos por Beethoven, em primeiro lugar, davam forma à música, incluindo a maneira como ele escolhia as notas graves e agudas em torno da figura murmurante do centro do teclado.
À procura dos Sons Perdidos
Porque v. realmente nunca ouviu a Sonata "Moonlight" (Ao Luar)
Jan Swafford
Posted Tuesday, March 2, 2010
O principal exemplo do que estou falando talvez seja a mais famosa obra jamais escrita: a Sonata "Moonlight" (Ao Luar, como é conhecida no Brasil), de Beethoven. Hector Berlioz chamou o murmurante e triste primeiro movimento de "um daqueles poemas que a linguagem humana não sabe como interpretar". No início, Beethoven direciona o instrumentista para que mantenha acionado o pedal de sustentação das notas por todo o primeiro movimento, de modo que as cordas jamais são abafadas. Nos pianos da época de Beethoven, em que o abafador das cordas era mais curto do que os atuais, o efeito era sutil, com uma harmonia se mesclando à próxima. Em um piano moderno, com sua sustentação mais longa das notas, o efeito de manter o pedal acionado seria um engarrafamento tonal. Hoje em dia v. tem que disfarçar o efeito, e nem sempre funciona como se pretende. Aqui temos Alfred Brendel tocando o início da "Moonlight" tão bem como qualquer outro, em um onipresente Steinway moderno.
Compare isto com Gayle Martin Henry tocando um piano de mais ou menos 1805, feito pelo vienense Caspar Katholnig.
O som é surpreendentemente diferente daquele de um piano moderno, e demora um pouco para nos acostumarmos. Estes instrumentos eram tocados, na maioria das vezes, em aposentos entre pequenos e médios. O som é íntimo; v. ouve a madeira, o feltro, o couro. O som, através dos registros, tem variações, à diferença do som homogêneos dos pianos modernos. No Katholnig, o efeito de manter o pedal acionado na "Moonlight" tem um efeito fantasmagórico, bastante óbvio nas notas de maior sustentação do baixo, que podem soar como um gongo distante. Todos esses elementos dos pianos conhecidos por Beethoven, em primeiro lugar, davam forma à música, incluindo a maneira como ele escolhia as notas graves e agudas em torno da figura murmurante do centro do teclado.