O livre arbítrio não existe
March 3, 2010 By Lisa Zyga
PhysOrg.com -- Quando o biólogo Anthony Cashmore afirma que o conceito de livre arbítrio é uma ilusão, ele não está dizendo nada de novo. Pelo menos desde os antigos gregos, as pessoas imaginam como os seres humanos parecem ter a capacidade de tomar suas decisões pessoais de uma maneira à qual falta qualquer componente que não seja seu próprio desejo de 'querer' alguma coisa. Mas Cashmore, professor de biologia da University of Pennsylvania, diz que muitos biólogos hoje ainda se agarram à idéia do livre arbítrio e rejeitam a idéia de que somos apenas máquinas conscientes, completamente controladas por uma combinação de nossa química e de forças ambientais externas.
Em recente estudo, Cashmore argumentou que a crença no livre arbítrio tem parentesco com as crenças religiosas, já que nenhuma das duas está de acordo com as leis do mundo físico. Uma das premissas básicas da biologia e da bioquímica é que os sistemas biológicos são apenas um agregado de substâncias químicas que obedecem leis químicas e físicas. Em geral, não temos problemas com a noção de 'agregado de substâncias químicas' quando se trata de bactérias, plantas e entidades similares. Por que, então, é tão difícil dizer o mesmo sobre seres humanos ou outras espécies de 'nível superior', quando todos somos governados pelas mesmas leis?
Não há mecanismo causal
Como explica Cashmore, o cérebro humano age tanto no nível consciente como no inconsciente. É nossa consciência que nos permite apreender nossas ações, dando-nos ainda a sensação de que as controlamos. Entretanto, mesmo sem essa apreensão, nossos cérebros ainda assim podem induzir nossos corpos a agir, e estudos indicaram que a consciência é algo acompanha a atividade neural inconsciente. Só porque quase sempre estamos cônscios dos caminhos a serem tomados, não significa que realmente escolhemos algum deles com base em nosso livre arbítrio. Como indagaram os antigos gregos, nós estamos escolhendo através de que mecanismo? O mundo físico é feito de causas e efeitos - 'nada surge de nada', mas o livre arbítrio, por definição, não tem causa física. O filósofo e poeta romano Lucrécio, com referência ao problema do livre arbítrio, notou que os filósofos gregos concluiram que os átomos 'vagueiam aleatoriamente', e a causa provável desse movimento são os numerosos deuses gregos.
Hoje, à medida que os pesquisadores adquirem uma melhor compreensão dos detalhes moleculares básicos da consciência, algumas pessoas acham que poderemos descobrir um mecanismo molecular responsável pelo livre arbítrio - mas Cashmore discorda. Tal descoberta, diz ele, exigiria uma nova lei física que rompesse as leis causais da natureza. Do jeito que está, o único 'coringa' que permite qualquer espaço para manobras fora da genética e do meio ambiente é a incerteza inerente das propriedades físicas da matéria, e mesmo esse elemento estocástico está além do nosso controle consciente. (Entretanto, ele pode ajudar a explicar porque gêmeos idênticos que crescem em um mesmo ambiente são indivíduos singulares).
March 3, 2010 By Lisa Zyga
PhysOrg.com -- Quando o biólogo Anthony Cashmore afirma que o conceito de livre arbítrio é uma ilusão, ele não está dizendo nada de novo. Pelo menos desde os antigos gregos, as pessoas imaginam como os seres humanos parecem ter a capacidade de tomar suas decisões pessoais de uma maneira à qual falta qualquer componente que não seja seu próprio desejo de 'querer' alguma coisa. Mas Cashmore, professor de biologia da University of Pennsylvania, diz que muitos biólogos hoje ainda se agarram à idéia do livre arbítrio e rejeitam a idéia de que somos apenas máquinas conscientes, completamente controladas por uma combinação de nossa química e de forças ambientais externas.
Em recente estudo, Cashmore argumentou que a crença no livre arbítrio tem parentesco com as crenças religiosas, já que nenhuma das duas está de acordo com as leis do mundo físico. Uma das premissas básicas da biologia e da bioquímica é que os sistemas biológicos são apenas um agregado de substâncias químicas que obedecem leis químicas e físicas. Em geral, não temos problemas com a noção de 'agregado de substâncias químicas' quando se trata de bactérias, plantas e entidades similares. Por que, então, é tão difícil dizer o mesmo sobre seres humanos ou outras espécies de 'nível superior', quando todos somos governados pelas mesmas leis?
Não há mecanismo causal
Como explica Cashmore, o cérebro humano age tanto no nível consciente como no inconsciente. É nossa consciência que nos permite apreender nossas ações, dando-nos ainda a sensação de que as controlamos. Entretanto, mesmo sem essa apreensão, nossos cérebros ainda assim podem induzir nossos corpos a agir, e estudos indicaram que a consciência é algo acompanha a atividade neural inconsciente. Só porque quase sempre estamos cônscios dos caminhos a serem tomados, não significa que realmente escolhemos algum deles com base em nosso livre arbítrio. Como indagaram os antigos gregos, nós estamos escolhendo através de que mecanismo? O mundo físico é feito de causas e efeitos - 'nada surge de nada', mas o livre arbítrio, por definição, não tem causa física. O filósofo e poeta romano Lucrécio, com referência ao problema do livre arbítrio, notou que os filósofos gregos concluiram que os átomos 'vagueiam aleatoriamente', e a causa provável desse movimento são os numerosos deuses gregos.
Hoje, à medida que os pesquisadores adquirem uma melhor compreensão dos detalhes moleculares básicos da consciência, algumas pessoas acham que poderemos descobrir um mecanismo molecular responsável pelo livre arbítrio - mas Cashmore discorda. Tal descoberta, diz ele, exigiria uma nova lei física que rompesse as leis causais da natureza. Do jeito que está, o único 'coringa' que permite qualquer espaço para manobras fora da genética e do meio ambiente é a incerteza inerente das propriedades físicas da matéria, e mesmo esse elemento estocástico está além do nosso controle consciente. (Entretanto, ele pode ajudar a explicar porque gêmeos idênticos que crescem em um mesmo ambiente são indivíduos singulares).
Falando com simplicidade, o livre arbítrio não se ajusta ao modo como o mundo físico funciona. Cashmore compara a crença no livre arbítrio a uma crença mais antiga no vitalismo - acreditar que há forças governando o mundo biológico que são distintas daquelas que governam o mundo físico. O vitalismo foi abandonado há mais de 100 anos, sendo substituido por evidências de que os sistemas biológicos obedecem as leis da física e da química, não leis biológicas especiais para as coisas vivas.
"Eu gostaria de convencer os biólogos de que uma crença no livre arbítrio nada mais é do que uma crença persistente no vitalismo (ou, como digo, acreditar em mágica)", disse Cashmore ao PhysOrg. (Leia o final do artigo aqui)
Leia o artigo original de Cashmore:
http://www.pnas.org/content/early/2010/02/04/0915161107.full.pdf+html
"Eu gostaria de convencer os biólogos de que uma crença no livre arbítrio nada mais é do que uma crença persistente no vitalismo (ou, como digo, acreditar em mágica)", disse Cashmore ao PhysOrg. (Leia o final do artigo aqui)
Leia o artigo original de Cashmore:
http://www.pnas.org/content/early/2010/02/04/0915161107.full.pdf+html