quarta-feira, 31 de março de 2010

Evolução do Cérebro e Doença de Alzheimer


Did rapid brain evolution make humans susceptible to Alzheimer's?
March 29, 2010 By Alvin Powell

(PhysOrg.com) - Dos milhões de animais da Terra, incluindo aqueles considerados os mais inteligentes - macacos, baleias, corvos e corujas - apenas os humanos passam pelo grave declínio das habilidades mentais, relacionado à idade, que é a doença de Alzheimer.

Para Bruce Yankner, professor de patologia e neurologia da Harvard Medical School (HMS), está bem claro que a culpada é a evolução.

'Algo ocorreu durante a evolução que torna nosso cérebro suscetível a mudanças relacionadas à idade', disse Yanker em uma palestra patrocinada pelo Harvard Museum of Natural History, como parte da série de palestras "Questões Evolutivas".

Yankner, cujo laboratório na HMS estuda o envelhecimento do cérebro e como o processo de envelhecer faz surgir a patologia das doenças de Parkinson e de Alzheimer, disse que a doença de Alzheimer é um dos distúrbios que mais cresce nesse século. À medida que a ciência médica alonga a duração da vida humana, a proporção da população humana em idade avançada está crescendo. Considerando que pelo menos metade daqueles que têm mais de 85 anos desenvolvem Alzheimer, há uma crescente urgência em entender a doença mais amplamente e desenvolver intervenções mais eficazes.

'Está claro que o problema do declínio cognitivo é uma das ameaças emrgentes na área de saúde no século 21', disse ele.

Yankner também se referiu a evidências científicas de que mostram que algum declínio cognitivo - que se inicia na meia idade e se acelera depois dos 70 anos - é normal à medida que envelhecemos. Este declínio também é visto em outros animais, incluindo ratos e macacos. É caracterizado por grande variação entre os indivíduos, com alguns deles mantendo habilidades cognitivas similares às que possuiam quando mais jovens.

A questão mais difícil, disse Yankner, é por que os humanos desenvolvem a séria incapacidade da doença de Alzheimer. Estudos com outras criaturas não mostram sinais de condições similares nem mesmo em nosso parentes mais próximos. Isto significa que a suscetibilidade à doença de Alzheimer evoluiu recentemente, bem provavelmente durante um período marcado por um aumento rápido do tamanho do nosso cérebro. Mas o tamanho, apenas, não é o fator determinante, disse Yanker, já que outros animais têm cérebros muito maiores, entre eles baleias, elefantes e até nosso extinto parente, o homem de Neanderthal.

Ao invés disso, é provável que a complexidade do cérebro e o grande número recente de células do cérebro humano tenha algo a ver com isso tudo, disse ele.

Pesquisas recentes, no laboratório de Yankner e em outros locais, utilizaram sondas genéticas para investigar as diferenças entre cérebros jovens e idosos em humanos, macacos e ratos. O trabalho mostra que a função genética do cérebro em processo de envelhecimento fica mais lenta - dramaticamente em indivíduos com Alzheimer - e que os genes que mais se desligam são aqueles que protegem o cérebro contra dano genético de fatores ambientais e outros.

Yankner disse acreditar que o declínio cognitivo se deve a uma lenta acumulação de dano genético no cérebro em processo de envelhecimento, com a doença de Alzheimer apresentando a forma mais severa desse dano, chamada de "
double strand breaks". Mesmo que a fonte do dano ainda não esteja clara, Yankner disse que um dos culpados pode ser a acumulação de metais no cérebro com o decorrer do tempo, particularmente o ferro.

Os neurônios utilizam mais energia do que a maioria das outras células, disse Yankner. Com o aumento da complexidade do cérebro, sua demanda por energia também cresceu. O ferro tem um papel chave nas mitocôndrias celulares que produzem energia, de modo que a acumulação de ferro leva a um dano genético que poderia ser um subproduto de cérebros ricos em neurônios e que absorvem muita energia.

'O envelhecimento é um equilíbrio entre o desgaste e os reparos efetuados. Sua posição nesse equilíbrio determina o seu estado', disse Yankner.

Provided by Harvard University