Martin Gardner formou-se em filosofia pela University of Chicago aos 24 anos de idade. Depois de quatro anos na marinha, Gardner voltou para Chicago e iniciou seu trabalho como escritor free-lance, publicando na revista Esquire. Mudando-se para New York, passou oito anos como editor associado da Humpty Dumpty's Magazine. Isto foi seguido por 25 anos como autor da coluna Mathematical Games, na Scientific American. Depois de morar nas montanhas ocidentais da Carolina do Norte por muitos anos, voltou a Norma, em Oklahoma, em 2004, ano em que fez 90 anos de idade.
Ele é autor de mais de 65 livros e incontáveis artigos, que cobrem ciência, matemática, filosofia, literatura e feitiçaria. Suas colunas da Scientific American foram coletadas em 15 volumes.
Em 2001, Gardner escreveu "Uma Visão Cética de Karl Popper", que pode ser lido aqui. Depois de discutir as diatribes de Popper contra o método indutivo e expor algumas de suas esquisitices epistemológicas, Gardner revela a rivalidade com Rudolf Carnap:
"No momento, a mais ampla de todas as especulações em física é a teoria das supercordas. Ela conjectura que todas as partículas básicas são vibrações diferentes de loops extremamente pequenos de grande força tênsil. Nenhuma supercorda foi observada até hoje, mas a teoria tem grande poder explanatório. A gravidade, por exemplo, é vista como a mais simples vibração de uma supercorda. Como a predição, a explicação é um importante aspecto da indução. A relatividade, por exemplo, não só fez uma porção de predições bem sucedidas, como explicou dados previamente inexplicados. O mesmo se aplica à mecânica quântica. Nos dois campos, os pesquisadores utilizaram procedimentos clássicos de indução. Poucos físicos dizem que estão procurando maneiras de falsificar a teoria das supercordas. Ao invés, eles estão procurando confirmações. Ernest Nagel, o famoso filósofo da ciência da Columbia University, em sua Teleology Revisited and Other Essays in the Philosophy and History of Science (1979), resumiu dessa maneira: 'A concepção (de Popper) do papel da falsificação...é uma supersimplificação que está próxima de ser uma caricatura dos procedimentos científicos'.
Para Popper, o que seu principal rival Rudolf Carnap chamava de 'grau de confirmação' - uma relação lógica entre uma conjectura e todas as evidências relevantes - é um conceito inútil. Em lugar disso, como eu disse antes, quanto mais testes de falsificação que uma teoria atravessa, mais ela ganha em 'corroboração'. É como se alguém afirmasse que a dedução não existe, mas certamente afirmativas podem implicar logicamente outras afirmativas. Vamos inventar um novo termo para dedução, como 'inferência justificada'. Não é tanto porque Popper discordasse de Carnap e de outros indutivistas que ele refazia seus pontos de vista utilizando uma terminologia bizarra e desajeitada.
Popper tem a seu crédito que ele era, como Russell e quase todos os filósofos, cientistas e pessoas comuns, um completo realista, no sentido de que acreditava que o universo, com todas as suas intrincadas e belas estruturas matemáticas, estava 'lá fora', independente de nossas débeis mentes. De modo nenhum as leis da ciência podem ser igualadas a regulamentos de trânsito ou modas de vestuário, que variam com o tempo e o lugar. Popper ficaria tão horrorizado como Russell com os pontos de vista amalucados dos construtivistas sociais e pós-modernistas de hoje, a maioria deles professores de literatura franceses ou americanos que nada sabem sobre ciência".
Diz Gardner lá pelo final do artigo, ainda martelando:
"Os grandes e incansáveis esforços de Popper para expurgar a palavra indução do discurso científico e filosófico falharam completamente. Exceto por um pequeno mas barulhento grupo de popperianos britânicos, a indução está firmemente instalada no modo como os filósofos da ciência e mesmo as pessoas comuns falam e pensam.
Instâncias confirmatórias estão na base de nossa crença de que o sol surgirá amanhã, de que objetos largados cairão, de que a água congela e ferve, e um milhão de outros eventos. É difícil pensar em outra batalha filosófica tão decisivamente perdida".
Ele é autor de mais de 65 livros e incontáveis artigos, que cobrem ciência, matemática, filosofia, literatura e feitiçaria. Suas colunas da Scientific American foram coletadas em 15 volumes.
Em 2001, Gardner escreveu "Uma Visão Cética de Karl Popper", que pode ser lido aqui. Depois de discutir as diatribes de Popper contra o método indutivo e expor algumas de suas esquisitices epistemológicas, Gardner revela a rivalidade com Rudolf Carnap:
"No momento, a mais ampla de todas as especulações em física é a teoria das supercordas. Ela conjectura que todas as partículas básicas são vibrações diferentes de loops extremamente pequenos de grande força tênsil. Nenhuma supercorda foi observada até hoje, mas a teoria tem grande poder explanatório. A gravidade, por exemplo, é vista como a mais simples vibração de uma supercorda. Como a predição, a explicação é um importante aspecto da indução. A relatividade, por exemplo, não só fez uma porção de predições bem sucedidas, como explicou dados previamente inexplicados. O mesmo se aplica à mecânica quântica. Nos dois campos, os pesquisadores utilizaram procedimentos clássicos de indução. Poucos físicos dizem que estão procurando maneiras de falsificar a teoria das supercordas. Ao invés, eles estão procurando confirmações. Ernest Nagel, o famoso filósofo da ciência da Columbia University, em sua Teleology Revisited and Other Essays in the Philosophy and History of Science (1979), resumiu dessa maneira: 'A concepção (de Popper) do papel da falsificação...é uma supersimplificação que está próxima de ser uma caricatura dos procedimentos científicos'.
Para Popper, o que seu principal rival Rudolf Carnap chamava de 'grau de confirmação' - uma relação lógica entre uma conjectura e todas as evidências relevantes - é um conceito inútil. Em lugar disso, como eu disse antes, quanto mais testes de falsificação que uma teoria atravessa, mais ela ganha em 'corroboração'. É como se alguém afirmasse que a dedução não existe, mas certamente afirmativas podem implicar logicamente outras afirmativas. Vamos inventar um novo termo para dedução, como 'inferência justificada'. Não é tanto porque Popper discordasse de Carnap e de outros indutivistas que ele refazia seus pontos de vista utilizando uma terminologia bizarra e desajeitada.
Popper tem a seu crédito que ele era, como Russell e quase todos os filósofos, cientistas e pessoas comuns, um completo realista, no sentido de que acreditava que o universo, com todas as suas intrincadas e belas estruturas matemáticas, estava 'lá fora', independente de nossas débeis mentes. De modo nenhum as leis da ciência podem ser igualadas a regulamentos de trânsito ou modas de vestuário, que variam com o tempo e o lugar. Popper ficaria tão horrorizado como Russell com os pontos de vista amalucados dos construtivistas sociais e pós-modernistas de hoje, a maioria deles professores de literatura franceses ou americanos que nada sabem sobre ciência".
Diz Gardner lá pelo final do artigo, ainda martelando:
"Os grandes e incansáveis esforços de Popper para expurgar a palavra indução do discurso científico e filosófico falharam completamente. Exceto por um pequeno mas barulhento grupo de popperianos britânicos, a indução está firmemente instalada no modo como os filósofos da ciência e mesmo as pessoas comuns falam e pensam.
Instâncias confirmatórias estão na base de nossa crença de que o sol surgirá amanhã, de que objetos largados cairão, de que a água congela e ferve, e um milhão de outros eventos. É difícil pensar em outra batalha filosófica tão decisivamente perdida".