Na revista Aspen no. 2 temos bastante coisa sobre Scriabin,uma pequena maratona que inclui sua vida, comentários sobre sua música e arquivos em mp3 com exemplos das composições. O artigo de Faubion Bowers, traduzido em parte a seguir, passeia pela vida e obra do homem.
"Como Cristo, Alexander Nikolaevich Scriabin nasceu no dia de Natal e morreu na Páscoa. Os admiradores de Scriabin adoram essa coincidência. Durante sua vida de 43 anos, de 1871 a 1915, o próprio Scriabin nada fez para desencorajar a homologia com o Messias, ainda que não tivesse se dado conta do derradeiro sinal da Páscoa.
Scriabin era um homem pequeno, elegante e belamente simpático, adoentado, sempre pálido, até mesmo um pouco esverdeado, dizem, por trás de um bigode luxuriante de oficial militar. Sua barba era esparsa, mas escondia sua covinha do queixo. Ele ostentava esses pelos desde os vinte anos, aparentemente não para expressar o costume eslavo, mas para esconder seus traços suaves e femininos. Todos notavam sua polidez e ternura histriônica, seu ar modesto e obsequioso.
Mas por baixo de tudo, Scriabin era um aninhado de gestos nervosos e idiossincrasias. Ele vivia com medo de infecção e contaminação. Chegava a vestir casaco para abrir uma janela. Se alguém estivesse usando um casaco de pele, ele nem chegava perto da pessoa. Lavava suas mãos constantemente, até mesmo depois de um aperto de mãos, e frequentemente usava luvas em casa. Nunca se vestia descuidadamente, mesmo em casa: estava sempre elegante a dentro da moda.
Mas tudo isso existia por baixo de uma camada de charme total e de doces maneiras. Sabaneff, seu grande biógrafo, descreve-o assim, como parecia em 1910: 'Como ele era elegantemente polido e delicado! Em meio a essas qualidades, as pessoas que o cercavam com amizade eram mantidas à distância. Sempre me surpreendeu como através de sua polidez ele colocava milhares de quilômetros entre ele e as pessoas com quem conversava. Todos o tratavam bem quando estavam com ele, mesmo aqueles que minutos antes tinham feito as afirmações mais incríveis... Ele era mesmo um cidadão do mundo. Montes de pessoas se juntavam à sua volta, como os anéis de Saturno...'"
E não deixe de gravar as sonatas de Scriabin que postei em 12 de fevereiro com o excelente pianista russo Boris Berman.
"Como Cristo, Alexander Nikolaevich Scriabin nasceu no dia de Natal e morreu na Páscoa. Os admiradores de Scriabin adoram essa coincidência. Durante sua vida de 43 anos, de 1871 a 1915, o próprio Scriabin nada fez para desencorajar a homologia com o Messias, ainda que não tivesse se dado conta do derradeiro sinal da Páscoa.
Scriabin era um homem pequeno, elegante e belamente simpático, adoentado, sempre pálido, até mesmo um pouco esverdeado, dizem, por trás de um bigode luxuriante de oficial militar. Sua barba era esparsa, mas escondia sua covinha do queixo. Ele ostentava esses pelos desde os vinte anos, aparentemente não para expressar o costume eslavo, mas para esconder seus traços suaves e femininos. Todos notavam sua polidez e ternura histriônica, seu ar modesto e obsequioso.
Mas por baixo de tudo, Scriabin era um aninhado de gestos nervosos e idiossincrasias. Ele vivia com medo de infecção e contaminação. Chegava a vestir casaco para abrir uma janela. Se alguém estivesse usando um casaco de pele, ele nem chegava perto da pessoa. Lavava suas mãos constantemente, até mesmo depois de um aperto de mãos, e frequentemente usava luvas em casa. Nunca se vestia descuidadamente, mesmo em casa: estava sempre elegante a dentro da moda.
Mas tudo isso existia por baixo de uma camada de charme total e de doces maneiras. Sabaneff, seu grande biógrafo, descreve-o assim, como parecia em 1910: 'Como ele era elegantemente polido e delicado! Em meio a essas qualidades, as pessoas que o cercavam com amizade eram mantidas à distância. Sempre me surpreendeu como através de sua polidez ele colocava milhares de quilômetros entre ele e as pessoas com quem conversava. Todos o tratavam bem quando estavam com ele, mesmo aqueles que minutos antes tinham feito as afirmações mais incríveis... Ele era mesmo um cidadão do mundo. Montes de pessoas se juntavam à sua volta, como os anéis de Saturno...'"
E não deixe de gravar as sonatas de Scriabin que postei em 12 de fevereiro com o excelente pianista russo Boris Berman.