quarta-feira, 14 de abril de 2010

A memória de trabalho humana se baseia na interação dinâmica de redes cerebrais


Human working memory is based on dynamic interaction networks in the brain
PhysOrg, April 13, 2010

Uma projeto de pesquisa do Neuroscience Center of the University of Helsinki esclarece os mecanismos neurais que sustentam os traços de memória de estímulos visuais do cérebro humano. Os resultados mostram que a manutenção da memória de trabalho está associada à sincronização dos neurônios, que facilita a comunicação entre diferentes partes do cérebro. Com base na interação entre as áreas do cérebro, foi até possível predizer a capacidade da memória de trabalho individual do sujeito (da pesquisa). Os resultados foram publicados semana passada na versão online do conhecido journal PNAS.

A memória de trabalho de um pessoa comum pode suster apenas três ou quatro objetos a um só tempo. As áreas cerebrais que mantêm a memória de trabalho são bem conhecidas, mas há poucas informações sobre como essas áreas interagem. O grupo de pesquisa liderado por Satu e Matias Palva tomografou a atividade cerebral de sujeitos que desempenhavam tarefas de memória de trabalho utilizando eletroencefalografia e magnetoencefalografia (EEG e MEG). Além disso, desenvolveram um novo método para usar dados de EEG e MEG para identificar redes de interações neuronais rápidas, isto é, sincronia, entre diferentes áreas do córtex cerebral. Com esta nova abordagem, foi possível revelar redes funcionais formadas por áreas cerebrais com uma precisão de milissegundos.

Manutenção de um traço de memória sincroniza diferentes áreas cerebrais
Em seu estudo, os pesquisadores mapearam quase quatro bilhões de interações neurais diferentes. Eles estavam especialmente interessados nas interações rítmicas entre diferentes partes do cérebro. Enquanto sustentava a memória de trabalho de estímulos visuais, a atividade rítmica de diferentes áreas cerebrais do sujeito foi sincronizada transitoriamente. Os resultados revelam que a sincronização da atividade neuronal de diferentes áreas do cérebro teve uma conexão tanto com a manutenção como com os conteúdos da memória de trabalho.


O estudo também revelou diversas redes específicas de funções especializadas e interações entre elas. A rede que compreende diferentes áreas dos lobos frontal e parietal do cérebro desempenharam um papel central. Estas áreas são responsáveis pela coordenação da atenção e da ação. As redes do lobo occipital, por outro lado, manejam e mantêm as informações sensoriais sobre os estímulos visuais.

A memória de trabalho e a atenção são os principais marcos de nossa cognição e consciência - o conhecimento sobre seus mecanismos neurais básicos podem ser aplicados, por exemplo, quando se desenvolvem métodos terapêuticos e diagnósticos para doença de SAlzheimer, demência, esquizofrenia, distúrbios de percepção e de aprendizagem, autismo e outras doenças do cérebro.

Provided by University of Helsinki
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O artigo original (no endereço abaixo) é bem mais complexo do que esta resenha do PhysOrg deixa entrever, e tem boas ilustrações.
http://www.pnas.org/content/early/2010/03/26/0913113107.full.pdf+html