Ape and Human Cognition: What's the Difference?
Michael Tomasello and Esther Herrmann
Current Directions in Psychological Science February 2010, 19 (1)
Aqui temos um artigo interessante e bem escrito, como a maioria das produções de Michael Tomasello. Traduzi uns trechinhos selecionados para o leitor ter uma idéia geral.
Abstract/Resumo
O humanos compartilham a maioria de suas habilidades cognitivas com outros grandes macacos. Além disso, entretanto, os humanos também desenvolveram um grupo singular de habilidades e motivações cognitivas - chamadas coletivamente de intencionalidade compartilhada - para viver colaborativamente, aprender socialmente e trocar informações em grupos culturais.
Certamente uma das questões mais profundas e mais importantes de todas as ciências psicológicas é como a cognição humana é similar e ao mesmo tempo diferente daquela dos outros primatas. O dado principal é o seguinte: aparentemente os humanos se envolveram em todo tipo de atividades cognitivas que seus parentes primatas deixaram de lado, mas ao mesmo tempo existe uma grande variabilidade entre diferentes grupos culturais. Todos os grupos têm tecnologias complexas, mas de tipos muito diferentes; todos os grupos usam símbolos linguísticos e de outros tipos, mas de maneiras bem diferentes; todos os grupos têm instituições socias complexas, mas elas são bem diferentes. Isso sugere que a cognição humana está de alguma maneira ligada à cultura humana. Nesse estudo, argumentamos que trata-se realmente disso, e tentamos explicar esse fato evolutivamente. (...)
Similaridades da Cognição de Humanos e Macacos
As cinco espécies de grandes macacos (orangotangos, gorilas, chimpanzés, bonobos e humanos) compartilham um ancestral comum existente há uns 15 milhões de anos, com as três últimas compartilhando um ancestral comum existente há uns 6 milhões de anos. Como os grandes macacos estão tão ligados uns aos outros evolutivamente, é natural que compartilhem também muitas habilidades perceptuais, comportamentais e cognitivas. (...)
Os mundos cognitivos dos grandes macacos
Muitos estudos diferentes sugerem que os grandes macacos não-humanos (daqui para frente, 'grandes macados') compreendem o mundo físico fundamentalmente da mesma maneira que os humanos. Como os humanos, os macacos vivem basicamente em um mundo de objetos permanentes (e de categorias e quantidades de objetos) que existem em um espaço representado mentalmente. (...)
Operações cognitivas dos grandes macacos
Os grandes macacos também operam em seus mundos cognitivos de maneira muito similar aos humanos. Assim, os macacos não só percebem e entendem coisas no aqui e agora imediatos como também se lembram de coisas que perceberam no passado e antecipam ou imaginam coisas que poderiam acontecer no futuro. Por exemplo, em um estudo recente, alguns grandes macacos utilizaram uma ferramenta para obter alimento, e quando este acabou eles largaram a ferramenta e se foram. Mais tarde, quando retornaram, mais alimento estava lá, mas a ferramenta não estava. Depois de apenas algumas repetições desse procedimento, os macacos aprenderam a levar a ferramenta com eles quando iam embora, em antecipação ao próximo experimento, quando precisariam dela.
Michael Tomasello and Esther Herrmann
Current Directions in Psychological Science February 2010, 19 (1)
Aqui temos um artigo interessante e bem escrito, como a maioria das produções de Michael Tomasello. Traduzi uns trechinhos selecionados para o leitor ter uma idéia geral.
Abstract/Resumo
O humanos compartilham a maioria de suas habilidades cognitivas com outros grandes macacos. Além disso, entretanto, os humanos também desenvolveram um grupo singular de habilidades e motivações cognitivas - chamadas coletivamente de intencionalidade compartilhada - para viver colaborativamente, aprender socialmente e trocar informações em grupos culturais.
Certamente uma das questões mais profundas e mais importantes de todas as ciências psicológicas é como a cognição humana é similar e ao mesmo tempo diferente daquela dos outros primatas. O dado principal é o seguinte: aparentemente os humanos se envolveram em todo tipo de atividades cognitivas que seus parentes primatas deixaram de lado, mas ao mesmo tempo existe uma grande variabilidade entre diferentes grupos culturais. Todos os grupos têm tecnologias complexas, mas de tipos muito diferentes; todos os grupos usam símbolos linguísticos e de outros tipos, mas de maneiras bem diferentes; todos os grupos têm instituições socias complexas, mas elas são bem diferentes. Isso sugere que a cognição humana está de alguma maneira ligada à cultura humana. Nesse estudo, argumentamos que trata-se realmente disso, e tentamos explicar esse fato evolutivamente. (...)
Similaridades da Cognição de Humanos e Macacos
As cinco espécies de grandes macacos (orangotangos, gorilas, chimpanzés, bonobos e humanos) compartilham um ancestral comum existente há uns 15 milhões de anos, com as três últimas compartilhando um ancestral comum existente há uns 6 milhões de anos. Como os grandes macacos estão tão ligados uns aos outros evolutivamente, é natural que compartilhem também muitas habilidades perceptuais, comportamentais e cognitivas. (...)
Os mundos cognitivos dos grandes macacos
Muitos estudos diferentes sugerem que os grandes macacos não-humanos (daqui para frente, 'grandes macados') compreendem o mundo físico fundamentalmente da mesma maneira que os humanos. Como os humanos, os macacos vivem basicamente em um mundo de objetos permanentes (e de categorias e quantidades de objetos) que existem em um espaço representado mentalmente. (...)
Operações cognitivas dos grandes macacos
Os grandes macacos também operam em seus mundos cognitivos de maneira muito similar aos humanos. Assim, os macacos não só percebem e entendem coisas no aqui e agora imediatos como também se lembram de coisas que perceberam no passado e antecipam ou imaginam coisas que poderiam acontecer no futuro. Por exemplo, em um estudo recente, alguns grandes macacos utilizaram uma ferramenta para obter alimento, e quando este acabou eles largaram a ferramenta e se foram. Mais tarde, quando retornaram, mais alimento estava lá, mas a ferramenta não estava. Depois de apenas algumas repetições desse procedimento, os macacos aprenderam a levar a ferramenta com eles quando iam embora, em antecipação ao próximo experimento, quando precisariam dela.