segunda-feira, 19 de abril de 2010

Arquitetura cortical do controle cognitivo

Exercite seu francês: tese apresentada na Université Paris 6, e que tem Stanislas Dehaene na banca. Outro componente da banca é Etienne Koechlin, um dos autores do outro artigo postado hoje. Acho que o conteúdo da tese, que não li por preguiça aliada a falta de tempo, deve ser menos chatinho do que essa introdução aí abaixo: o assunto é muito interessante.

L’architecture corticale du contrôle cognitif chez l’Homme
Chrystèle Ody 2007
(Tese de Doutorado)

Esta tese é composta de sete capítulos. O primeiro é uma introdução às funções do córtex préfrontal (CPF) e uma revisão da literatura sobre os principais resultados experimentais referentes ao CPF, entre os quais boa parte trata da neuropsicologia. Esse capítulo termina com uma revisão rápida das interações entre as regiões frontais e posteriores e as funções posteriores.

O segundo capítulo é uma revisão das principais teorias que foram enunciadas a respeito do CPF lateral.

No terceiro capítulo, apresentamos o modelo em cascata que desenvolvemos no decurso de minha tese, e segundo o qual o CPF lateral está organizado como uma cascata de níveis de controle que permitem a seleção das ações. Este modelo se fundamenta sobre a teoria da informação para quantificar a informação relativa a cada um dos níveis de controle. Esse modelo hipotetiza que as regiões do CPF lateral se distinguem pelo nível de integração temporal, sendo que a parte anterior seleciona as tarefas a partir de sinais imediatos e a parte anterior seleciona as representações no CPF posterior a partir do episódio temporal no qual evoluimos e que é definido pelos sinais anteriores. Os três capítulos seguintes correspondem aos nossos trabalhos experimentais redigidos sob a forma de artigos.

No quarto capítulo, colocamos em evidência a organização hierárquica ("em cascata") do controle cognitivo no CPF lateral. Nós mostramos que, enquanto os sujeitos respondem aos estímulos, o córtex prémotor está engajado no controle sensorial, a parte posterior do CPF lateral no controle contextual e a parte anterior do CPF lateral no controle episódico, cada região recebendo influências da região justamente anterior.

No quinto capítulo, mostramos que as mesmas regiões frontais laterais engajadas nos controles sensorial, contextual e episódico estão engajadas na preparação da apresentação dos estímulos, e que a preparação é eficaz do mais alto nível de controle até o mais baixo nível de controle que se pode preparar.

No sexto capítulo, nós testamos a hipótese de Joaquin Fuster segundo a qual cada região do CPF lateral forma uma rede funcional de "percepção-ação" com uma região específica do córtex parietal posterior ou temporal. Confirmando essa hipótese, nós mostramos que a cada região frontal engajada no controle cognitivo está associada uma região funcionalmente homóloga no córtex parietal. Mostramos ainda que a organização funcional dessas regiões parietais é mais modular do que hierárquica.

O sétimo capítulo é uma breve discussão geral.