terça-feira, 6 de abril de 2010

A ligação mente-corpo


Kevin Tracey (à esquerda) já investiga essas coisas pelo menos desde 2001 (veja Mind over immunity, Kevin J. Tracey et al., aqui). Em seu artigo da revista Nature, citado na tradução abaixo, um trechinho de fisiologia (veja ao final dessa postagem) não faz uma separação 'espacial' entre mente-corpo, apenas diz que as funções autônomas são normalmente 'subconscientes' e que algumas delas podem ser colocadas sob controle 'consciente' através de artifícios (dá como exemplo o biofeedback). Anyways, o artigo da New Scientist é curto e sua argumentação é vaga, e ainda assim gerou comentários de leitores reclamando que mente e corpo são tratados como duas entidades separadas. Muita água vai continuar a rolar sob essa ponte.

Picking our brains: How strong is the mind-body link?
by Linda Geddes
01 April 2010

"Se v. tiver a má sorte de estar hospitalizado, tente obter um quarto com vista. Você pode se recuperar mais rapidamente se puder ver um punhado de árvores ao invés de uma parede de tijolos. O estudo das ligações entre mente e corpo é tão antigo como a prática da medicina. Os médicos sábios, por exemplo, conseguem conhecer o estado mental do paciente cujos sintomas sejam difíceis de explicar fisicamente. E todos já ouvimos falar de casos em que luto ou divórcio parecem ter iniciado uma doença.

Mesmo assim, ainda que achemos natural a existência dessa ligação, seus mecanismos permanecem misteriosos. Por que algumas doenças são mais influenciadas por estados mentais do que outras? O que está por trás do surpreendente efeito placebo? Será que um dia poderemos nos curar através do pensamento? Muitos desses efeitos parecem ser mediados pelo sistema imune. Já se demonstrou que o estresse grave diminui a atividade das células imunes, tanto em tubos de ensaio como em pessoas. Parece haver diversas maneiras através das quais o cérebro influencia o sistema imune, desde mediadores químicos ao controle neural direto. Um ramo do nervo vago conecta o cérebro a um regulador chave do funcionamento imune, diz Kevin Tracey, do Feinstein Institute for Medical Research em Manhasset, New York: 'Sinais que se originam no cérebro atravessam o nervo vago, e modificam o comportamento de células imunes do baço', diz ele (Nature, vol 420, p 853).

A equipe de Tracey já descobriu que estimular eletricamente o nervo vago diminui uma inflamação, que é um estado de grande alerta do sistema imune implicado em diversas doenças, incluindo o câncer. Eles suspeitam que possam haver outros elos nervo-imunes que tenham o efeito de 'fazer acontecer' a inflamação.

Se não podemos controlar conscientemente o sistema imune, pelo menos podemos ser capazes de manipulá-lo com drogas ou através do nervo vago
".
***************************

The inflammatory reflex
Kevin J. Tracey

Nature 420, 853-859 (19 December 2002) doi:10.1038/nature01321

The nervous system is composed of sensory systems (which detect the state of the body and organs) and motor systems (which transmit signals to the body and organs). Whereas the somatic motor system controls voluntary movements, the autonomic motor system controls visceral body functions and innervates glands (involuntary). The autonomic nervous system has two principal divisions, the parasympathetic pathway and the sympathetic pathway, which act either in synergy or in opposition to mediate basic physiological responses in real time. The autonomic system continuously controls heart rate and blood pressure, respiratory rate, gastrointestinal motility, body temperature and other constantly changing, essential life functions. The autonomic nervous system interacts with the primitive brain, including the limbic system (serving important memory functions), brain stem and hypothalamus. Hypothalamic neural output is relayed to sympathetic and parasympathetic nuclei in the brain stem and spinal cord. Hormonal input also controls the release of pituitary hormones, which in turn regulate basic functions of the endocrine organs. Autonomic nervous functions are normally subconscious, but essential basic autonomic functions can be placed under conscious control from signals originating in the higher brain (cerebral cortex). For example, subjects can be trained through biofeedback to decrease their heart rate by increasing parasympathetic outflow.