Esse artigo parece meio esotérico mas não é nada disso, acreditem. Hofmann está animadíssimo porque suas perspectivas ictiológicas, de fato, devem estar preparando o terreno genômico para uma ação transformativa nos humanos, quando der. Nada temos de ficcional aqui, como se pode ler no último parágrafo:
"Finalmente, a manipulação experimental das redes transcriptivas do desenvolvimento abre a possibiilidade de nos referirmos a um problema fundamental da evolução do cérebro: será que uma mutação que resulte em um telencéfalo (ou neo-encéfalo. Pedro) maior facilita um processamento neural mais complexo e, em consequência, permite que seu hospedeiro exiba padrões novos de comportamento e/ou explore habitats previamente impróprios? Ouserá que a seleção favorável a um desempenho melhorado no contexto social e ecológico favorecerá a disseminação de novos alelos através da população? Será interessante verificar se, por exemplo, um ciclídeo habitante da areia, com um telencéfalo experimentalmente aumentado, apresenta uma preferência por um habitat visualmente complexo. Sejam quais forem as consequências desses futuros estudos, estamos em uma viagem emocionante".
Diz ele no segundo parágrafo:
"... dois problemas sempre atormentaram esta linha de pesquisa. Primeiro, não é nem um pouco óbvio como um aumento do tamanho (relativo) [do cérebro. Pedro] faria surgirem diferenças funcionais (por exemplo, habilidades cognitivas aumentadas, novas especializações sensoriais ou uma [maior. Pedro] complexidade comportamental). Ainda que um número maior de neurônios e/ou sinapses possa resultar em maior poder ou velocidade de processamento, não existe uma relação clara entre tais medidas e resultados comportamentais ou cognitivos. Segundo, nossa compreensão dos mecanismos do desenvolvimento que fazem surgir a variação observada na estrutura cerebral ainda é muito limitada, e a maioria dos estudos tem sugerido que a neurogênese em períodos tardios do desenvolvimento dera diversidade, o que poderia resultar na expansão diferenciada de diversas áreas cerebrais. Nesse contexto, também é importante ter em mente que as diferenças em estrutura e função cerebrais podem ser tanto uma consequência do controle genético e/ou do desenvolvimento como podem ser resultado da plasticidade (no desenvolvimento) em resposta ao meio ambiente".
Se Hofmann está falando apenas de acarás e tilápias, quero ser mico de circo. Leiam o artigo:
Early developmental patterning sets the stage for brain evolution
Hans A. Hofmann 2010
Institute for Neuroscience, University of Texas