Para quem sabe russo, a pedida é a 'revista' Toronto Slavic Quarterly, uma publicação da University of Toronto sob a rubrica de Academic Electronic Journal in Slavic Studies. Uma ínfima parte dos textos é em inglês, italiano ou outra língua que não o russo. Os poucos artigos que pude sondar (em inglês) são de qualidade superior, e aqui está o primeiro parágrafo de um deles para abrir o apetite.
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“Tentei escrever a descrição de mim mesmo, que se segue, como se eu fosse um morto, em outro mundo, observando minha própria vida.”1
O fato de que dois homens de ciência tão diversos como Charles Darwin (1809-1882), e Vladimir Nabokov (1899-1977) pudessem ponderar em suas autobiografias sobre uma consciência formadora de si própria para além da vida física é um convite a se fazer uma pausa e pensar. As carreiras interligadas de Nabokov como artista e cientista foram marcadas por uma visão de si mesmas altamente desenvolvida, uma recusa em aceitar que 'nossa existência é apenas uma breve frincha de luz entre duas eternidades de escuridão' .2 Nabokov levava esse estado de coisas para o lado pessoal: 'Repetidas vezes minha mente fez esforços colossais para distinguir o mais débil dos lampejos pessoais na escuridão impessoal de ambos os lados de minha vida'.3 Também Darwin pensava sobre a 'impossibilidade de conceber esse imenso e maravilhoso universo, incluindo o homem com sua capacidade de olhar bem longe no passado e no futuro, como resultado de um acaso cego ou de uma necessidade'.4 Os dois procuraram escrever sobre suas vidas, Darwin perto do fim e Nabokov, como se diz, 'nel mezzo', de modo a fornecer um retrato do eu interior. É minha tese que Nabokov descreveu sua vida como uma extensão de sua procura artística e científica pela verdade, expressada através de padrões de existência formados pela memória, padrões que não excluiam a possibilidade de um reino metafísico.
1. Darwin, Charles. The Autobiography of Charles Darwin: 1809-1882. Ed., Nora Barlow. (New York: W.W. Norton, 1958), p. 21. Darwin wrote most of his autobiography between May and August, 1876.
2. Nabokov, Vladimir. Speak, Memory. (New York: Vintage Books, 1989), p.19.
3. Ibid., p. 20.
4. Darwin, Charles. Ibid., p. 92
“Tentei escrever a descrição de mim mesmo, que se segue, como se eu fosse um morto, em outro mundo, observando minha própria vida.”1
O fato de que dois homens de ciência tão diversos como Charles Darwin (1809-1882), e Vladimir Nabokov (1899-1977) pudessem ponderar em suas autobiografias sobre uma consciência formadora de si própria para além da vida física é um convite a se fazer uma pausa e pensar. As carreiras interligadas de Nabokov como artista e cientista foram marcadas por uma visão de si mesmas altamente desenvolvida, uma recusa em aceitar que 'nossa existência é apenas uma breve frincha de luz entre duas eternidades de escuridão' .2 Nabokov levava esse estado de coisas para o lado pessoal: 'Repetidas vezes minha mente fez esforços colossais para distinguir o mais débil dos lampejos pessoais na escuridão impessoal de ambos os lados de minha vida'.3 Também Darwin pensava sobre a 'impossibilidade de conceber esse imenso e maravilhoso universo, incluindo o homem com sua capacidade de olhar bem longe no passado e no futuro, como resultado de um acaso cego ou de uma necessidade'.4 Os dois procuraram escrever sobre suas vidas, Darwin perto do fim e Nabokov, como se diz, 'nel mezzo', de modo a fornecer um retrato do eu interior. É minha tese que Nabokov descreveu sua vida como uma extensão de sua procura artística e científica pela verdade, expressada através de padrões de existência formados pela memória, padrões que não excluiam a possibilidade de um reino metafísico.
1. Darwin, Charles. The Autobiography of Charles Darwin: 1809-1882. Ed., Nora Barlow. (New York: W.W. Norton, 1958), p. 21. Darwin wrote most of his autobiography between May and August, 1876.
2. Nabokov, Vladimir. Speak, Memory. (New York: Vintage Books, 1989), p.19.
3. Ibid., p. 20.
4. Darwin, Charles. Ibid., p. 92