quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A origem da inteligência humana - epigenética


Figura. "O ambiente externo interage com o ambiente interno para influenciar o desenvolvimento fetal com consequências tanto imediatas como duradouras. Tais modificações ambientalmente induzidas podem ocorrer em todos os níveis de organização biológica, do molecular até o do comportamento do organismo, e tendem a ser amplificadas quanto às suas consequências à medida em que ascendem com relação a esses níveis. Em última instância, essas influências podem ser epigenéticas quanto à sua natureza, induzindo alterações na expressão genética passíveis de serem herdadas sem modificarem o DNA. As modificações podem ocorrer nos níveis fisiológico e morfológico (epigenética molar) e pode ocorrer modificação dos padrões normais de expressão do gene (epigenética molecular). Essas alterações podem ocasionar diferenças funcionais no cérebro e no comportamento que resultem em modificações do fenótipo. Elas, então, modificam como os indivíduos reagem a seus semelhantes e ao meio ambiente, ocasionando mudanças em níveis superiores da organização biológica. Se, eventualmente, elas terão algum impacto evolutivo, ainda é uma questão aberta. O que se sabe é que a sociedade humana modificou o ecossistema de um modo que teve impacto demonstrável sobre a saúde dos humanos e dos animais não domesticados".
(http://www.utexas.edu/research/crewslab/pdfs/ssFinal.pdf )

Na Introdução do cap. 16 do livro de Menger (The Origin of Human Intelligence, visto ontem) ficamos sabendo que a origem da inteligência humana está na epigenética, que não tem um bom nome. Mas não é bem assim: provavelmente foi excesso de zelo dos defensores da obra de Darwin contra respingos lamarckianos. Como a ciência apropriada avançou bastante nesses últimos 150 anos, vejamos.

Existem hoje muitos defensores das idéias epigenéticas, todos diplomados e laureados. Rudolf Jaenisch, que v. pode conhecer aqui, é um deles, e a edição especial da newsletter Peanuts tem umas explicações interessantes, declarando logo de saída que "Assim como a última década da pesquisa científica foi revolucionada pelo sequenciamento genômico, particularmente o Projeto do Genoma Humano, a próxima década será dominada pela epigenética". No more, no less...

Em 2008 o Times OnLine abordou o assunto de modo agradável, jornalístico, e deu para entender tudo: "Uma descoberta importante é que apesar das moléculas de DNA controlarem quase tudo o que acontece numa célula, cada molécula contém muito mais informações do que uma única célula necessita. Uma célula do fígado, por exemplo, não tem necessidade dos genes que governam a produção de espermatozóides, enquanto que um neurônio que começasse a gerar, digamos, pelos ou unhas, poderia ser positivamente perigoso. Isso significa que em cada célula alguns genes são ligados (ativados), mas muitos são "postos de molho" (CL&M - como se diz hoje em dia, knocked-out, desativados) e neutralizados por uma legião de moléculas menores. A modificação, então, não é do próprio DNA, mas dos "interruptores" que ligam ou desligam os genes. O sistema que gerencia esse processo, o epigenoma, deve ser flexível o suficiente para que tais genes sejam ativados ou desativados conforme for necessário".

Diz Gerald Weissmann no editorial do The FASEB Journal de dezembro de 2008: "Abra qualquer publicação para ver o último estilo de epigenética. Mais de 5.000 publicações sobre epigenética estão listadas no PubMed só este ano; o campo tem seu próprio journal - Epigenetics, é claro (http://www.landesbioscience.com/journals/epigenetics/); e, para se ficar na moda atual, um 'projeto do epigenoma humano' foi lançado (http://www.epigenome.org)". O ser humano moderno e razoavelmente aculturado sabe que o filho do pirata da perna de pau não nasce com uma perninha de pau, mas agora vai ter que ler um pouco mais sobre o assunto.