domingo, 19 de julho de 2009

Aristóteles, de Jonathan Barnes

Acima, busto de Aristóteles, provavelmente encomendado pelo grande imperador do mundo conhecido (na época), Alexandre. Em filme recente sobre Alexandre, Aristóteles é caracterizado por Anthony Hopkins, que ostenta um tipo físico mais próximo do verdadeiro. Parece que o filósofo não tinha esta aparência de um deus grego, afinal, como Barnes deixa claro em seu livro. Aristóteles foi tutor de Alexandre em sua juventude.

Stephen Jay Gould, que não costumava usar superlativos com referência a pessoas, disse que Aristóteles foi o homem mais esperto (smartest) que jamais existiu. Lendo Barnes, ficamos propensos a crer nisso. Veja essa descrição de Barnes:

“Um dos biógrafos antigos de Aristóteles afirma que ‘ele escreveu um grande número de livros, que achei apropriado listar por causa da excelência do homem em todos os campos’; daí segue-se uma lista de uns 150 itens que, reunidos e publicados como se faz modernamente, dariam talvez uns 50 substanciais volumes impressos. E a lista não inclui todos os escritos de Aristóteles – em verdade, ela deixa de mencionar duas de suas obras, a Metafísica e a Ética a Nicômaco, pelas quais ele é mais conhecido hoje. É uma grande produção, mas é ainda mais notável por seu alcance e variedade do que por sua quantidade. O catálogo dos títulos inclui Sobre a Justiça, Sobre os Poetas, Sobre a Riqueza, Sobre a Alma, Sobre o Prazer, Sobre as Ciências, Sobre a Espécie e o Gênero, Deduções, Definições, Palestras sobre Teoria Política (em oito livros), Sobre Magnetos, Vencedores Olímpicos, Provérbios, Sobre o Rio Nilo. Há obras sobre lógica e sobre linguagem; sobre artes; sobre ética, política e direito; sobre história constitucional e história intelectual; sobre psicologia e fisiologia; sobre história natural – zoologia, biologia, botânica; sobre química, astronomia, mecânica, matemática; sobre filosofia da ciência e sobre a natureza do movimento, do espaço e do tempo; sobre metafísica e sobre a teoria do conhecimento. Escolha um campo de pesquisa, e Aristóteles trabalhou nele; selecione uma área das conquistas do homem, e Aristóteles discorreu sobre ela”.

Para alguém que, 2300 anos após sua morte, ainda é uma das figuras básicas do conhecimento humano, Aristóteles é pouco lido pelo público em geral. Muito menos do que Platão, a julgar pela movimentação editorial e pelas citações de ambos encontradas em obras não diretamente acadêmicas. Barnes tem uma explicação para isso:

“Os diálogos de Platão são artefatos literários bem acabados, e as sutilezas de seu pensamento misturam-se aos truques de sua linguagem. Os escritos de Aristóteles, em sua maior parte, são bruscos. Seus argumentos são concisos. Há transições abruptas, repetições deselegantes, alusões obscuras. Parágrafos de exposição contínua são intercalados com notinhas curtas. A linguagem é econômica e enérgica. Se os tratados não têm polimento, é em parte porque Aristóteles não sentiu necessidade nem premência para dourar a pílula. Mas apenas em parte; pois Aristóteles refletiu sobre o estilo apropriado para o texto científico e favoreceu a simplicidade”.

Barnes a seguir ensina como tirar melhor proveito da leitura de Aristóteles, e são dicas realmente interessantes e que também podem servir para lermos outros autores “difíceis”.

Em cada capítulo posterior, a obra aristotélica não é analisada livro a livro: Barnes faz uma abordagem por assunto e assim fica livre para diversificar suas explicações, valendo-se de uma visão geral. Por isto, temos: pesquisas zoológicas, a lógica, o conhecimento, ideal e realização, a realidade, a mudança, as causas, o empirismo, a concepção aristotélica do mundo, psicologia, evidências e teoria, teleologia, filosofia, as artes, e até mesmo o afterlife, o mundo do além. Brrrrrrr!

Jonathan Barnes Aristotle: A Very Short Introduction
Oxford University Press 2001 176 pages PDF 2,8 MB
http://depositfiles.com/files/tgdi3flve