quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A música na linguagem

The Music in Language
November 16th, 2010 by Umaima Ahmad
The Harvard Brain

A música é capaz de fazer muitas coisas, e é utilizada em quase todos os eventos que são importantes para as vidas das pessoas. Pense em funerais e aniversários, e até em domingos na igreja. Em cada um desses eventos há um certo tipo de música que se pode encontrar. Mas o que ocorreria se uma marcha funeral fosse tocada em seu vigésimo aniversário? Ou se 'Feliz Aniversário' fosse cantado no funeral de um parente? Fica claro através desses exemplos que a música está diretamente relacionada à emoção.

As pessoas são treinadas para ligar a música aos eventos através de condicionamento, o mesmo processo tão onhecido que Pavlov utilizou. Ligar imagens de felicidade ao final da adversidade com uma canção animada, ou de desesperança com uma canção lenta em terça menor, pode intensificar a emoção. Do mesmo modo, apenas ouvir o 'Parabéns' pode nos lembrar de eventos que estejam ligados à música. Em um estudo publicado em outubro de 2010, Meagan Curtis, pesquisadora na Tufts, descobriu que quando ela grava atores dizendo frases comuns e inócuas como 'Vamos lá' com diversas intonações emocionais, os atores estavam se valendo da terça menor para transmitir tristeza. A terça menor é definida como uma diferença mensurável entre tonalidades musicais. Só isto já indica que a música e a linguagem estão relacionadas em um nível básico, subconsciente. O mesmo tom - terça menor - é utilizado em música que percebemos como 'triste'. Por outro lado, a música 'feliz' não utiliza a terça menor. Ouvir o 'Parabéns' utilizando a terça menor não tem o mesmo efeito procurado.

O que Curtis conclui a partir de seu estudo se baseia em uma teoria elaborada por Scott Brown em 2000 (citada no estudo de Curtis), de que deve ter havido um sistema compreendendo elementos acústicos comuns tanto à música como à linguagem, a partir do qual as duas evoluiram.Em seguida, esses elementos devem ter servido o propósito de 'funções referenciais e emotivas'. A conclusão de Curtis de que as expressões humanas vocais de tristeza e raiva 'aproximam' a música triste ou raivosa leva à teoria (de Brown), mas faz surgir a questão: isso é universal? No momento ainda não está claro, mas a música em geral é considerada universal. Além disso, um estudo feito em 2009 demonstrou que Africanos Nativos que nunca tinham ouvido rádio podem escolher se uma música é triste, raivosa ou inspira medo. Desse modo, segue-se que reconhecer a emoção em música é algo que todos podem fazer, reforçando a teoria de Brown de que pode ter havido uma 'musilinguagem', como ele a chama, da qual tanto a música como a linguagem vieram.

References:
http://www.sciencedaily.com/releases/2009/03/090319132909.htm
http://ase.tufts.edu/psychology/music-cognition/pdfs/Curtis&Bharucha2010Emotion.pdf
http://www.scientificamerican.com/blog/post.cfm?id=music-and-speech-share-a-code-for-c-2010-06-17
(Os comentários ref. a essa postagem do SciAmer são muito bons e alguns deles expressam minha própria opinião de que nem sempre os tons menores - ou os maiores - expressam tristeza - ou alegria, no caso dos maiores. O artigo de Ahmad, em geral, não é grande coisa, mas tem o mérito de chamar a atenção para o assunto. A teoria de Scott Brown, citada na tradução acima, é altamente suspeita...)