quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O poder do pensamento positivo

Este artigo do NY Times, A Fighting Spirit Won’t Save Your Life, do Dr. Richard P. Sloan (January 24, 2011) aborda uma questão importante: a 'hipótese psicossomática', que pode ser resumida na seguinte frase: Ter uma atitude positiva ou negativa diante da vida é decisivo na determinação de seu estado de saúde. Sloan reconhece:

"É verdade que sob certos aspectos nós temos controle sobre nossa saúde. Exercitando-nos, comendo alimentos nutritivos e não fumando nós reduzimos o risco de doenças cardíacas e de câncer. Mas a crença de que um espírito lutador nos ajuda na recuperação de feridas ou doenças está além do comportamento saudável. Reflete a visão persistente de que a personalidade ou a maneira de pensar pode aumentar ou diminuir a probabilidade de doenças."

Ora, eu tenho minha opinião sobre esse assunto, mas ela se baseia em algum estudo científico, alguma comprovação empírica, algo sustentado por evidências concretas? Até ler esse artigo de Sloan, a resposta era Não. Eu apenas 'sentia' que era assim que as coisas se davam: tudo que vivi, presenciei, tudo o que li e me convenceu de uma maneira ou outra sempre me levou a considerar que os eventos pequenos e grandes da vida humana são aleatórios, imprevisíveis e independem do tal 'pensamento positivo', do 'wishful thinking', da 'esperança'. Tenho consciência de que isso tudo é muito complicado, e nunca tentei ou tento convencer ninguém a pensar como eu (nem adianta, em qualquer sentido). Um parágrafo do artigo de Sloan dá certo alento à minha suposição:

"Mas não há evidências que sustentem a idéia de que uma atitude positiva possa evitar qualquer doença ou ajudar alguém a se recuperar de alguma (doença) mais prontamente. Pelo contrário, um study recentemente completado com perto de 60.000 pessoas na Suécia e na Finlândia, que foram acompanhadas por quase trinta anos, não descobriu qualquer associação significativa entre traços de personalidade e a probabilidade de desenvolver ou sobreviver a umcâncer. O câncer não dá a mínima se somos bons ou maus, virtuosos ou depravados, compassivos ou desinteressados. Nem as doenças cardíacas, a AIDS ou quaisquer outras doenças."

Quando N = 60.000 e o follow-up do experimento dura 30 anos, fico suficientemente convencido. Mas como se diz tautologiacamente por aí, cada um é cada um...