Vê-se logo que o redator das mal-traçadas da editoria não leu as considerações de Louis Menand sobre esse livro (“Eats, Shoots & Leaves: The Zero Tolerance Approach to Punctuation” de Lynne Truss), que são possivelmente melhores e mais econômicas do que a obra toda. Como sou fã de The New Yorker, e mais ainda de Louis Menand, trata-se de uma opinião preconceituosa, é claro. O redator também não leu as considerações de Jerry Fodor sobre The Language Instinct na London Review of Books. Idem (são possivelmente...) idem (como sou fã...) idem (e mais ainda de Fodor), deixo-vos, então, pra modi (ver Nota) ocêis verificá, as tais mal-traçadas (que estão até legalzinhas):
“Misturando o espírito de Eats, Shoots & Leaves com a ciência de The Language Instinct, temos aqui uma investigação original sobre o desenvolvimento da mais essencial e misteriosa das criações humanas: a linguagem.
‘A linguagem é a maior invenção da humanidade – exceto, é claro, que ela não foi inventada’. Assim começa a notável investigação do linguista Guy Deutscher sobre a gênese e evolução da linguagem. Se começamos com um discurso rudimentar no nível de ‘homem joga lança’, como acabamos com gramáticas sofisticadas, vocabulários enormes e graus intrincadamente matizados de significado?
Valendo-se de recentes descobertas de ponta da linguística moderna, Deutscher mostra as forças fugidias da criação que funcionam na comunicação humana, dando-nos uma idéia atualizada sobre como a linguagem surge, evolui e decai. Ele mapeia a evolução da complexidade linguística desde um estágio primitivo de ‘Me Tarzan’ até elaboradas construções em forma de uma só palavra como, em turco, sehirlilestiremediklerimizdensiniz (você é um daqueles que não conseguiríamos transformar em um edificador de cidades). Argumentando que a destruição e a criação estão intimamente ligadas na linguagem, Deutscher mostra como esses processos estão continuamente em funcionamento, gerando novas palavras, novas estruturas e novos significados.Tão bom entretenimento como erudito, The Unfolding of Language move-se lepidamente de expressões idiomáticas babilônicas para as americanas, do papel central da metáfora para o notável triunfo de projeto que é o verbo semítico, para contar a história dramática e explicar o gênio por trás dessa faculdade singularmente humana”.
Nota – Pode olhar: a expressão “pra modi’ não consta nas edições eletrônicas do Houaiss e do Aurélio. Ela tem variações como “a modi” e “pru modi”, sendo até usada abreviadamente (“Modi pagá penitença”, frase do cordel Jão Caxote). Todos sabem que significa “de modo que”, para que”, “com a finalidade de”, e nasceu em priscas eras da expressão do romance/provençal “por amor de”, da qual foi compactada e relocada. Melhor que isso só “cadinquinim” para “um bocadinho pequenininho”, inteligível apenas para nativos com boa capacidade de integração contextual da língua.
Guy Deutscher
The Unfolding of Language: An Evolutionary Tour of Mankind's Greatest Invention
Holt Paperbacks 2006 368 pages PDF 3,9 MB
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