Se o assunto for interessante procê, não deixe de ler este artigo de Uri Golomb, que discute as opiniões favoráveis e contrárias à existência das quatro missas breves (ou luteranas) de Bach. Está na revista Goldberg, da qual já falei aqui ao recomendar artigo de Andreas Scholl sobre o início de sua carreira como contratenor. Aqui estão os dois primeiros parágrafos:
“Os quatro conjuntos de Bach para o Kyrie e o Gloria, BWV 233-236, usualmente chamados de Missae Breves ou Missas ‘Luteranas’ (com ou sem aspas), são provavelmente suas obras menos valorizadas. Até recentemente, muitos dos mais ardentes admiradores de Bach consideravam-nas indignas de seu criador; se dela falassem, quase sempre era com frustração ou surpresa. Similarmente, muitos músicos que acolheram grandes porções da música sacra de Bach tendiam a evitar essas Missas (pelo menos no que tange a gravações). Nas duas últimas décadas, entretanto, tivemos muitas performances soberbas – tanto do conjunto completo da obra como de itens individuais; e nas universidades já se começa a falar delas com seriedade.
As Missas parecem ter sido esfregadas contra duas imagens queridas de Bach. Elas se baseiam quase inteiramente em movimentos de cantatas anteriores, chocando-se assim com a imagem de Bach como o criador original e divinamente inspirado. E seu texto latino depõe desconfortavelmente contra a imagem de Bach como fiel luterano. Mas os detratores cometeram dois erros cruciais. Por um lado, essas obras não contradizem essas imagens, como se acredita. Por outro lado, as próprias imagens é que são problemáticas, e atrapalham o caminho de se apreciar as realizações de Bach – o que inclui as quatro Missas”.