Mental States as Macrostates Emerging from EEG Dynamics (Os estados mentais enquanto macroestados que emergem da dinâmica do EEG), artigo (outubro 2008) de Carsten Allefeld ( Institut für Grenzgebiete der Psychologie und Psychohygiene, Alemanha), Harald Atmanspacher (University of Freiburg, 1999-presente. C.G. Jung-Institut Zurich, 2003-presente. e Jiří Wackermann (Institut für Grenzgebiete der Psychologie und Psychohygiene, Alemanha), é um texto de primeira qualidade. Convincente, embasado matematicamente, pleno de senso-comum e trazendo idéias interessantes, e bem ilustrado, é uma das melhores versões da relação mente-corpo que já li. A matemática envolvida é de nível superior – fora da minha competência – mas pode ser deixada de lado (com perdas importantes, é claro). Eis a tradução do abstract/resumo:
“As correlações psicofisiológicas formam a base de várias disciplinas, mas a natureza da relação entre mente e corpo ainda não foi inteiramente compreendida. Nós propomos que se entenda que o mental ‘emerge’ dos processos neurais no sentido preciso que a psicologia e a fisiologia dão duas descrições diferentes para o mesmo sistema. Expressando as duas descrições em termos de estados de sistema mais grosseiros e mais finos, ambas as descrições podem ser igualmente adequadas se a mais grosseira preservar a possibilidade de se obter uma regra dinâmica para o sistema. Para testar a validade empírica de nossa abordagem, descrevemos um algoritmo para se obter uma forma específica de tal caráter grosseiro a partir de dados empíricos. Após ilustrar o método usando um sistema simulado, aplicamos o algoritmo a dados eletroencefalográficos, onde somos capazes de identificar estados que correspondam a estados mentais do sujeito”.
Logo no início da Introdução vêem-se idéias que me levaram a chamar o texto de convincente e pleno de senso comum: “A existência de correlações entre os fenômenos psicológicos e fisiológicos, especialmente os processos cerebrais, é o fato empírico básico das pesquisas psicofisiológicas. As relações entre os processos mentais, incluindo modos de consciência, e aqueles que ocorrem em seu ‘substrato’ físico, o sistema nervoso central, geralmente são consideradas naturais. Elas formam a base para o uso de drogas no tratamento de distúrbios mentais em psiquiatria, são aplicadas como ferramenta de pesquisas para lançar luz sobre detalhes de mecanismos psicológicos, e a explicação das estruturas neurais básicas das formas de funcionamento mental compõe a área de estudo da neurociência cognitiva. Entretanto, ainda não está claro qual é esta natureza das correlações observadas e o que exatamente deve ser concebido como um correlato neural de um fenômeno psicológico”.
Para aquilo que o artigo propõe, o último parágrafo das Conclusões (mais bem entendido por quem ler o artigo todo, é claro), é perfeito: “Finalmente, queremos indicar que o conceito de macroestados meta-estáveis na aplicação a dados eletroencefalográficos é similar à noção de ‘microestados funcionais cerebrais’ introduzida por Lehmann e colegas, que são definidos como breves períodos de tempo durante os quais a distribuição espacial do campo elétrico do cérebro permanece relativamente estável (Lehmann, 1971; Lehmann et al., 1987). As transições entre tais estados são caracterizadas por uma mudança abrupta da topografia de campo, permitindo decompor o fluxo dos dados do EEG em segmentos da ordem de magnitude de 10-100 ms de duração, que geralmente podem ser agrupados em um número menor (< 10) de classes. Note, no entanto, que a partir de nossa perspectiva a ‘análise de microestado’ resulta em uma descrição grosseira da atividade elétrica do cérebro, isto é, em uma definição de macroestados”.
Em http://br.arxiv.org/PS_cache/arxiv/pdf/0810/0810.0479v1.pdf