sexta-feira, 24 de outubro de 2008

AUDEN & RILKE

Richard Anthony York, da University of Ulster, UK, escreveu um bom artigo sobre a influência de Rilke na obra de W. H. Auden. Essa influência foi mais forte em uma época circunscrita por York nas proximidades da Segunda Guerra Mundial, enfraquecendo depois, quando as diferenças entre os dois estilos poéticos se radicalizaram na mente de Auden. “(Em Muzot, retiro na Suiça onde Rilke se sentia bem) Rilke tinha encontrado um lugar para pertencer. Auden anseia pelo sentido de pertinência que Rilke havia encontrado. Grande parte da seqüência trata das idéias de possessão e localização, como na maior parte da obra de Rilke. Auden, nesse período, não se sente em casa como Rilke, em raros momentos de graça, se sente; a separação é a norma na experiência de Auden”. York também explica o simbolismo aparentemente objetivo de Rilke, que encontra eco em Auden, e que é chamado de dinggedicht (poesia das coisas). As coisas são utilizadas para expressarem poeticamente idéias abstratas. Quanto ao poeta imerso no mundo, “Auden reconhece a beleza da canção em termos bem rilkianos: ‘Deixe a canção remontar de novo e de novo/à procura da vida que floresce em um vaso ou em um rosto’. A solenidade do ritmo, o vaso, que sugere a estética clássica, a imagem do florescimento, que é um reconhecimento bem rilkiano da maneira como uma realidade pode se amalgamar com outra: todas essas coisas mostram como Auden aprecia a integridade do sentimento implícito na imersão de Rilke na totalidade. Mas Auden contrasta esse prazer estético com os males da história – a insegurança do novo Ocidente e a oligarquia das antigas famílias do Oriente. Essas famílias são como flores, elas modificaram a Terra; esses termos são estranhamente reminiscentes de uma estética simbolista, mas de fato são aplicados a um sistema social que ‘é prodigioso mas errado’. A questão é proposta precisamente: a moral não deve ser confundida com a estética, e não devemos permitir que a satisfação artística nos cegue para as realidades da moralidade e da política”. O estudo de York tem 15 páginas e merece ser lido com atenção. Foi publicado em 2000 na Revista Alicantina de Estudios Ingleses, e está em http://rua.ua.es/dspace/bitstream/10045/5358/1/RAEI_13.15.pdf