O(a) colunista do blog Moneduloides (http://www.moneduloides.com/?p=193) está entusiasmado(a). Eis aqui parte de sua introdução ao artigo de Eaton et al. sobre medicina evolutiva (e depois minha tradução do abstract do original):
"Dr. Darwin, mulher de medicina: os fundamentos da medicina evolutiva (Parte I)
04 Outubro 2008
[Esta é uma série em diversas partes que tratará dos fundamentos e do estado atual das pesquisas no campo em recente desenvolvimento da medicina evolutiva]
”Um artigo fantástico foi publicado no journal Preventive Medicine em 2002 (do jeito que está a medicina, poderia ser do período paleolítico... Eu sei...), intitulado ‘Promoção Evolutiva da Saúde’. Os autores, uma misturada de médicos, antropólogos, biólogos e zoólogos, revisam aqui uma questão de potencial importância para a medicina: pode a biologia evolutiva, através de disciplinas como a paleoantropologia e a genética evolutiva, dar-nos informações medicamente relevantes sobre os humanos modernos que possam por sua vez ser aplicadas em um contexto médico?
O que precisamos saber sobre essa questão é que os autores não estão tentando aplicar a biologia evolutiva a questões que não devem ser respondidas pela biologia evolutiva. Por exemplo, se eu cortar meu dedo com uma faca afiada e precisar de auxílio médico de emergência, a última coisa que vou querer é um médico de pronto-socorro que tente analisar a razão evolutiva pela qual meu dedo está cortado, ou o que Darwin diria a ele ou ela sobre como tratar de mim”.
Evolutionary Health Promotion (Promoção Evolutiva de Saúde)
S. Boyd Eaton M.D.a, 1, Beverly I. Strassman Ph.D.b, Randolph M. Nesse M.D.c, James V. Neel M.D., Ph.D.d, 2, Paul W. Ewald Ph.D.e, George C. Williams Ph.D.f, Alan B. Weder M.D.g, Stanley B. Eaton, III M.A.h, Staffan Lindeberg M.D., Ph.D.i, Melvin J. Konner M.D., Ph.D.j, Iver Mysterud M.Sc.k and Loren Cordain Ph.D.l
a Department of Anthropology and Department of Radiology, Emory University, 2887 Howell Mill Road NW, Atlanta, Georgia, 30327 b Department of Anthropology, University of Michigan, 1020 LSA Building, Ann Arbor, Michigan, 48109-0618 c 5057 Institute for Social Research, University of Michigan, P.O. Box 1248, Ann Arbor, Michigan, 48106 d Department of Human Genetics, University of Michigan Medical School, Medical Science II M4708, Ann Arbor, Michigan, 48109-0618 e Department of Biology, Amherst College, Amherst, Massachusetts, 01002-5000 f Division of Biological Sciences, Department of Ecology and Evolution, State University of New York, Stony Brook, New York, 11794-5245 g Division of Hypertension, Department of Internal Medicine, University of Michigan Medical Center, Ann Arbor, Michigan, 48109-0356 h Science Department, Charlotte Lockhart Academy, Kennesaw, Georgia, 30144 i Primary Health Care Center, P.O. Box 144, S-275 23, Sjobo, Sweden j Department of Anthropology and Department of Neurology, Emory University, 1064 Clifton Road NE, Atlanta, Georgia, 30307 k Division of Zoology, Department of Biology, University of Oslo, P.O. Box 1050, Blindern, N-0316, Oslo, Norway l Department of Exercise and Sports Science, Colorado State University, Fort Collins, Colorado, 80323
S Eaton. (2002) Evolutionary Health Promotion. Preventive Medicine, 34(2), 109-118. DOI: 10.1006/pmed.2001.0876
"Abstract/Resumo
As promessas da promoção da saúde são enormes, mas seu potencial ainda está longe de sua realização. A expectativa de vida cresce muito mais em consonância com a prosperidade econômica e a engenharia sanitarista do que com avanços estritamente médicos. Realizações notáveis do século passado – a incidência decrescente de infecções epidêmicas, cáries dentais e câncer de estômago – se devem a virologistas, dentistas e (provavelmente) mais à refrigeração (NT – de alimentos, provavelmente) do que aos médicos. A prevenção fala em uníssono contra o abuso do tabaco, mas em muitas outras áreas achados contraditórios de pesquisas geraram ceticismo e mesmo indiferença entre o público em geral, para o qual as recomendações são guiadas. As falhas da promoção de saúde podem refletir a ausência de uma estrutura conceitual geral, uma deficiência que pode ser corrigida adotando-se premissas evolutivas: (1) o genoma humano foi selecionado em ambientes do passado bem diferentes daqueles do presente. (2) A evolução cultural procede hoje rápido demais para uma acomodação genética – resultando na dissociação entre nossos genes e nossas vidas. (3) Esse desencontro entre biologia e estilo de vida favorece o desenvolvimento de doenças degenerativas. Esses princípios poderiam pôr ao corrente uma agenda de pesquisas e, em última análise, de políticas públicas: (a) caracterizar melhor as diferenças entre padrões de vida modernos e antigos. (b) Identificar quais deles afetam o desenvolvimento de doenças. (c) Integrar dados epidemiológicos, mecânicos e genéticos com os princípios evolutivos para criar uma formulação generalizante sobre a qual se poderiam basear recomendações persuasivas, eficazes e efetivas".