sábado, 12 de dezembro de 2009

Desenvolvimento cognitivo da criança

Old math reveals new thinking in children's cognitive development
PhysOrg.com December 11, 2009

"As crianças de cinco anos podem raciocinar sobre o mundo a partir de múltiplas perspectivas simultaneamente, de acordo com uma nova teoria de pesquisadores do Japão e da Austrália. Utilizando um ramo tradicional da matemática chamado Teoria das Categorias, os pesquisadores explicam porque habilidades específicas de raciocínio se desenvolvem nas crianças em certas idades, particularmente aos cinco anos. A nova teoria, publicada em 11 de dezembro na revista PLoS Computational Biology, mostra que essas habilidades de raciocínio têm perfís e desenvolvimento similares porque envolvem tipos relacionados de processos.
(O artigo original: Phillips S, Wilson WH, Halford GS (2009) What Do Transitive Inference and Class Inclusion Have in Common? Categorical (Co)Products and Cognitive Development. PLoS Comput Biol 5(12): e1000599.
doi:10.1371/journal.pcbi.1000599)

Por volta dos cinco anos, as crianças começam a entender que se João é mais alto do que Maria e Maria é mais alta do que Suzana, então João é mais alto do que Suzana- uma Inferência Transitiva. Elas também começam a entender que existem mais frutas do que apenas maçãs em uma quitanda - uma Inclusão de Classe. A despeito de décadas de experimentos anteriores, as causas dos perfís notavelmente similares de desenvolvimento cognitivo em torno desses paradigmas aparentemente dissimilares de raciocínio têm sido um mistério.

Steven Phillips, do National Institute of Advanced Industrial Science and Technology (AIST, Japan), e seus colegas, demonstraram que tanto a Inferência Transitiva quanto a Inclusão de Classe se desenvolvem por volta dos cinco anos porque envolvem a habilidade para aplicar ao mesmo tempo duas linhas de pensamento sobre um problema, ao passo que crianças menores se limitam a uma linha. Na teoria das categorias, a ênfase está nas relações (mapas) entre os objetos, mais do que em seus conteúdos. Na Inferência Transitiva, por exemplo, as crianças devem pensar sobre uma pessoa (isto é, Maria) que é ao mesmo tempo mais alta do que João e mais baixa do que Suzana para fazer a inferência (NT - está assim no original). As relações entre objetos da Inclusão de Classe são similares, mas as orientações dos mapas são ao contrário. Na teoria das categorias, duas coisas que estão relacionadas por reversos de mapeamento são chamadas de duais. A Inferência transitiva e a Inclusão de Classe envolvem dificuldades similares para as crianças abaixo de cinco anos porque envolvem os "mesmos" (isto é, duais ou isomórficos) processos, no sentido da teoria das categorias.

Até aqui, a teoria fornece uma boa explicação da Inferência Transitiva, da Inclusão de Classe e de outras cinco formas de inferência: a completação de Matriz, a Cardinalidade, a Escolha de Cartas de Dimensão Modificada, a Escala de Equilíbrio (integração peso-distância) e a Teoria da Mente. Outros experimentos irão testar predições baseadas na teoria referentes a outros paradigmas e a níveis mais complexos de raciocínio".

Não gostei muito do resumo acima, principalmente depois de correr os olhos no artigo original. Fica assim mesmo porque atrás vem gente, mas vamos ler o original, vale a pena (para quem se dispuser a atravessar aquela matemática toda), já que nos Resultados os autores (já com menos fórmulas e seus desenvolvimentos)analisam paradigma por paradigma. Os três autores já trabalham juntos sobre esse assunto há bastante tempo. Por exemplo:

Behav Brain Sci. 1998 Dec;21(6):803-31; discussion 831-64.
Processing capacity defined by relational complexity: implications for comparative, developmental, and cognitive psychology.
Halford GS, Wilson WH, Phillips S.