terça-feira, 6 de julho de 2010

Dificuldades de aprendizagem originam-se na visão

Learning Difficulties May Be Centred in the Eye, Not the Brain
Dificuldades de aprendizem podem estar centralizadas no olho, não no cérebro.

ScienceDaily (June 16, 2010) - Problemas com matemática? E talvez com a caligrafia - e habilidades motoras? Pesquisadores da Norwegian University of Science and Technology (NTNU) acreditam que a explicação para suas dificuldades pode ser porque nem todas as células dos seus olhos funcionam como deveriam.

No interior do olho, a retina contém diversas células que respondem a tipos específicos de estímulos. Algumas reagem a certas cores, enquanto outras reagem a contraste ou movimento. Individualmente, estas células juntam informações que, combinadas, fornecem nossa experiência visual como um todo. Um dos grupos de células é chamado de células magno. São as células que reagem a movimentos rápidos, transmitindo sinais do olho para o cérebro. As informações que elas enviam transformam o que vemos em um vídeo ao vivo. Sem estas células, nossos cérebros perceberiam apenas uma série de fotos sem movimento sem qualquer relação direta, como uma revista em quadrinhos. Os pesquisadores da NTNU suspeitam que uma falha das células magno em funcionar como deveriam pode explicar diversos problemas de desenvolvimento e dificuldades de aprendizagem.

De habilidades motoras a problemas de matemática
Imagine que v. está tentando pegar uma bola. So v. não consegue perceber direito como a bola está se movendo com relação ao seu corpo, você ficará meio desajeitado ao tentar pegá-la. Ou, como dizem os especialistas: Suas habilidades motoras são menos precisas do que deveriam ser.


Mas os indivíduos que sofrem de dificuldades da habilidade motora frequentemente também têm outros problemas: entre três e oito por cento das crianças em idade escolar têm ghrande dificuldade em aprender matemática (discalculia). Mais ou menos a metade desses indivíduos também têm dificuldades de leitura (dislexia) e problemas de desenvolvimento motor. Sabe-se há muito tempo que diversos tipos de dificuldades de aprendizagem quase sempre ocorrem em conjunto. Mas a causa disso não tinha sido entendida.

Crianças de dez anos fazem testes
O professor Hermundur Sigmundsson estuda os princípios gerais por trás da aprendizagem, assim como as dificuldades de aprendizagem. Sigmundsson é a força motriz de um experimento que mostra que as crianças que têm grandes dificuldades matemáticas também têm uma percepção visual mais pobre, associada a rápidas modificações no ambiente. O estudo foi executado da seguinte maneira: todas as crianças de dez anos de idade, de duas escolas, fizeram um teste de matemática. Aquelas com as notas mais altas e mais baixas fizeram novos testes. Estes dois grupos passaram por dois testes psicofísicos, onde seu processamento visual foi testado. O primeiro teste tratava da capacidade de seguir pontos em uma tela que se moviam em diferentes padrões, tanto previsíveis como imprevisíveis. Este teste revelou em que grau as crianças eram capazes de seguir e antecipar movimentos predizíveis com relação aos movimentos acidentais. Em outras palavras, o teste quantificou a capacidade das crianças para perceber modificações rápidas no ambiente. O segundo teste era um teste controle que examinou a capacidade de perceber formas, com a utilização de círculos. Este teste não incluiu movimento. As diferenças entre os dois grupos foram bastante grandes no teste com os pontos em movimento. Os alunos com as piores habilidades matemáticas tiraram as notas mais baixas do teste. Mas não houve diferença entre os resultados dos dois grupos no teste controle.

Pequena disfunção - grande efeito
O teste é a confirmação final do mecanismo que Sigmundsson e seus colegas acreditam estar por trás das dificuldades específicas de aprendizagem. Tudo está relacionado a como nosso sistema visual processa as informações do meio ambiente através das células magno, entre outras. Se alguma coisa der um pouco errado aqui, as consequências são significativas e resultam em diferentes tipos de dificuldades de aprendizagem. 'Isso demonstra que quando encontramos evidências de dificuldades de aprendizagem nas crianças em uma área, também deveríamos esperar encontrar dificuldades de aprendizagem em outras áreas', diz o professor. 'E quando conhecemos a fonte do problema, torna mais fácil criar e adaptar programas para que as crianças possam fazer o máximo que puderem'
.

Novas técnicas de ensino
Sigmundsson nota que compreender as causas básicas das dificuldades de aprendizagem pode levar a uma nova abordagem nos métodos pedagógicos. As crianças com células magno disfuncionais provavelmente necessitam de ferramentas mais específicas para ajudá-las a entender as informações visuais do que se pensava anteriormente.

'O desafio pedagógico é descobrir técnicas de ensino que facilitem a chegada das informações visuais a áreas do cérebro onde serão processadas mais amplamente', diz Sigmundsson.