Este livro é elogiado urbe et orbe (isto é, por toda a torcida do Flamengo), mas quando Geoffrey Pullum (Professor, University of Edinburgh, UK) diz que ele é “uma realização notável, uma leitura essencial para todos os linguistas que procuram estar bem informados sobre as aplicações da matemática nas ciências da linguagem”, já estou convencido (vejam o currículo dele em http://ling.ed.ac.uk/~gpullum/biodata.html). Pullum é coautor (com Rodney Huddlestone) da Cambridge Grammar of the English Language (2002), a obra definitiva (por muitos anos, pelo menos) sobre o assunto. Andras Kornai, o autor de Mathematical Linguistics, inicia o prefácio com o seguinte texto:
“A linguística matemática tem raízes tanto no método axiomático de Euclides (c. 325-265 AC) como no método de descrição gramática de Panini (c. 520-460 AC). Certamente, tanto Euclides como Panini se valem de um considerável volume de conhecimento reunido por seus precursores, mas a sistematicidade, o detalhamento e o alcance dos Elementos e dos Ashtadhyayï os colocam entre os grandes marcos de toda a história intelectual, mesmo se desconsiderarmos o progresso metodológico chave que fizeram.
Como veremos, os dois métodos são fundamentalmente muito similares: o método axiomático começa com um conjunto de afirmações que se supõe verdadeiras, e transfere a verdade dos axiomas para outras afirmativas por meio de um conjunto fixo de regras lógicas, enquanto o método gramatical é iniciar com um conjunto de expressões que se supõe gramaticais tanto em forma quanto em significado e transferir a gramaticidade para outras expressões por meio de um conjunto fixo de regras gramaticais.
Talvez por nosso assunto ter atraído os esforços de algumas das mais poderosas mentes (e eu sublinho aqui a de A. A. Markov) desde a antiguidade até a época atual, não existe apenas um texto introdutório facilmente acessível de linguística matemática. De fato, para o matemático todo o campo da linguística pode parecer impossivelmente atolado em controvérsias, e nem o formidável corpo de conhecimento empírico sobre as línguas nem os padrões de argumentação linguística oferecem qualquer ponto de entrada.
Aqueles com uma inclinação mais pósmoderna podem até chegar a duvidar da existência de um núcleo sólido de conhecimento matemático, quase sempre apontando para falsos teoremas e provas incompletas ou totalmente erradas que se esgueiram pelo processo de revisão por especialistas a uma taxa talvez alarmante. Mais do que tentar sufocar essas dúvidas em rios de tinta filosófica, o presente livro simplesmente prosseguirá more geometrico (à maneira da geometria) a exibir esse sólido núcleo de conhecimento. Nos capítulos 3-6 apresento as principais ramificações de linguística, fonologia, morfologia, sintaxe e semântica”.
Andras Kornai , Mathematical Linguistics 1st edition (2007) 290 pages PDF 1,6 Mb
http://depositfiles.com/files/2874103