quarta-feira, 6 de maio de 2009

Especificidade Regional & Processamento Distribuído

Nos Precedings da revista Nature, um artigo de Lauriente, Hugenschmidt e Hayasak aborda a natureza da rete mirabile do cérebro, e seu título remete diretamente ao assunto: Mapas de Modularidade Revelam a Estrutura Comunitária do Cérebro Humano em Repouso. Na forma em que está, o texto não é bem um artigo: parece uma comunicação bem ilustrada. O corpo tem três páginas e meia, referências, e depois há quatro páginas de ilustrações bem explicadinhas. Passamos então para outro texto (Métodos Suplementares), com bibliografia e ilustrações próprias. Boa parte do interesse, então, está nessa frase do abstract (abaixo): “Estes resultados são os primeiros a cartografar a modularidade por todo o cérebro sem restringir as análises a estruturas anatômicas predefinidas”. Aqui está o abstract/resumo:

“O cérebro é uma rede complexa de neurônios interconectados que combina especificidade regional com processamento distribuído. Progressos recentes no campo da teoria das redes facilitou análises pioneiras que demonstram que a conectividade cerebral apresenta propriedades de pequeno-mundo (small-world properties) similares a outras redes auto-organizadas como a internet, o genoma, e até mesmo organizações sociais. A conectividade cerebral sustenta um processamento local e global através de vias de grande aglomeração e curta conectividade, respectivamente. Ao mesmo tempo que esses índices abrangentes de rede enfatizam a organização global da rede, a especificidade regional está relacionada à interconectividade de vizinhanças locais no interior do sistema global. O trabalho apresentado aqui avaliou a estrutura comunitária de redes cerebrais humanas em repouso para identificar as vizinhanças locais e cartografar as áreas interconectadas sobre o cérebro. O estudo identificou uma aglomeração predizível nos córtices unisensoriais. Entretanto, a inesperada estrutura comunitária da rede em modo default (DMN – default-mode network) revelou três módulos distintos e incluiu os córtices frontais laterais além das tradicionais regiões DMN. Estes resultados são os primeiros a cartografar a modularidade por todo o cérebro sem restringir as análises a estruturas anatômicas predefinidas. Tais análises fornecem uma visão isenta das comunidades de rede e prometem fornecer novas idéias sobre a organização do cérebro. A avaliação da estrutura modular do cérebro por entre os estados, durante tarefas exigentes ou em populações doentes, revelará as modificações dinâmicas de conectividade em redes cerebrais globais”.
http://precedings.nature.com/documents/3069/version/1/files/npre20093069-1.pdf