sábado, 1 de novembro de 2008

Download no Cérebro

Já imaginei que isso iria acontecer um dia, mas não tão cedo. Nem tinha tanta certeza se daria certo. As idéias de Ray Kurzweil, que estabeleceu que os humanos eventualmente iriam encontrar uma forma de imortalidade ao transferir um plano geral do cérebro de uma pessoa para um computador ou um robô, ou transferir conhecimento direto para o córtex ou para o hipocampo, estão sendo estudadas em alguns laboratórios nesse momento. A revista Scientific American, em sua edição de 12 de novembro de 2008 (num artigo que já está online em http://www.sciam.com/article.cfm?id=jacking-into-the-brain&print=true) aborda o assunto. O exemplo do artigo é cinematográfico: a cena de Matrix onde a personagem aprende a pilotar um helicóptero recebendo instruções diretamente no cérebro através de um telefone. A pequena manchete do blog Arts and Letters Daily (http://www.aldaily.com/ ), que me levou ao artigo, diz: “Você não tem que ler Guerra e Paz, você só precisa fazer o download para seu cérebro”. Mas não é bem assim. Guerra e Paz não é uma tabela com os horários dos trens. Podemos ler o livro com 14 anos e apreender ‘x’. O ‘y’ fica para quando relermos aos 40, depois de reunir uma vivência histórica, cognitiva, amorosa, e todos os etcs possíveis. Ou como diz John P. Donoghue, da Brown University, no artigo: “Informações complexas como o conteúdo de um livro exigem interações entre um grande número de neurônios em uma grande área do sistema nervoso. Portanto, não se poderia lidar com todas elas, fazê-las armazenar em suas conexões o tipo correto de informação. Eu diria, então, baseado no atual conhecimento, que não é possível”. Será?