quarta-feira, 18 de maio de 2011

Neuroanatomia Funcional do Sistema Visual Humano

Functional Neuroanatomy of the Human Visual System: A Review of Functional MRI Studies
Mark W. Greenlee, Peter U. Tse (2008?)

Este artigo/capítulo de livro é interessante de diversas maneiras: intrinsecamente, por ser uma excelente exposição da neuroanatomia funcional do sistema visual humano conf. vem sendo estudada pelos pesquisadores da área; por ser um capítulo de livro, ele não tem abstract, tem "core messages": as comunicações básicas do texto, o que vem a ser uma boa idéia para a confecção de artigos; a partir da p. 7 do PDF aparece a primeira caixinha de Summary for the Clinician (resumo para o clínico), outra boa idéia que alguns artigos de revistas técnicas já utilizam com propósitos diversos; excelentes figuras, coloridas e claras, recentes; com 90 itens de referências, está bem calçado em investigações de outros pesquisadores; as duas primeiras páginas ( 8.1 Introdução) apresentam as linhas gerais do funcionamento do sistema visual, e a partir da seção seguinte (8.2 Imaging the Lateral Geniculate Nucleus) os autores passam para as especificidades anatômicas e funcionais desse sistema.

Mas vejamos suas primeiras linhas:

Nosso sistema visual é uma das grandes histórias de sucesso da evolução. Juntamente com outros sistemas sensoriais, seu propósito é fornecer informações sobre o mundo de modo que possamos operar em um um meio ambiente mutável para realizar nossas metas. As representações de eventos e de objetos em uma cena tridimensional criadas por nosso sistema visual são tão precisas e criadas com tal rapidez que a maioria de nós funciona sob a falsa impressão de que percebemos o mundo de maneira verídica. Qualidades percebidas como o vermelho ou o brilhante não existem no mundo; elas são criações do nosso cérebro. É claro que geralmente elas correspondem a propriedades de energia do meio ambiente, como a composição do espectro luminoso ou luminância, mas os perceptos não são o mesmo que eles representam. Isto se torna óbvio por não haver qualquer luz visível incidindo sobre o córtex; há apenas neurônios se comunicando em total escuridão. Além do mais, os neurônios corticais não respondem diretamente de maneira nenhuma à luz. Eles só respondem a seu conjunto particular de inputs dendríticos. A culminação dos múltiplos estágios de processamento neural no interior do espaço escuro de nosso crânio é nossa experiência visual de um mundo externo. Como é que o padrão luminoso altamente ambíguo que é detectado na retina se transforma em consciência visual continua a ser um dos maiores problemas científicos ainda não resolvidos.

Dizem os autores no final dessa seção, depois de descreverem sua utilização da fMRI enquanto "técnica não-invasiva de tomografia que combina informações estruturais com atividade funcional e com resolução espacial de 1 mm (ou melhor) e resolução temporal menor do que 1 segundo":

O sistema visual deve elaborar representações dos objetos que só podem ser inferidas com base no input. Como o sistema visual realiza isso é parcialmente entendido, mas uma boa parte ainda precisa ser explicada. Muitas das questões mais básicas ainda continuam sem explicação, incluindo, por exemplo, o código neural utilizado pelos neurônios para se comunicarem entre si, e a base neural da consciência.

Leia também:

Computational Cognitive Neuroscience of the Visual System
Stephen A. Engel 2008
University of Minnesota
Current Directions in Psychological Science vol. 17 No 2

Top-down Modulations in the Visual Form Pathway Revealed with Dynamic Causal Modeling
Velia Cardin, Karl J. Friston and Semir Zeki 2011
Cerebral Cortex March 2011;21:550--562

Intrinsically organized network for word processing during the resting state
Jizheng Zhao, Jiangang Liu, Jun Li, Jimin Liang, Lu Feng, Lin Ai, Kang Lee, Jie Tian
Neuroscience Letters 487 (2011) 27–31

Perceptual learning and adult cortical plasticity
Charles D. Gilbert, Wu Li1, and Valentin Piech 2009
Physiol 587.12 (2009) pp 2743–2751

Functional MRI limitations and aspirations
Peter A. Bandettini, Ph.D 2011
(bom artigo sobre fMRI)

Brain sensitivity to print emerges when children learn letter–speech sound correspondences
Silvia Brema, Silvia Bacha, Karin Kucian, Tomi K. Guttorm, Ernst Martin, Heikki Lyytinen, Daniel Brandeis, and Ulla Richardson 2010
(se o título parece fora do contexto iniciado aqui, dê uma olhada no abstract - além de ser interessante para quem lida com "acquisition of reading skills")

Disorders of visual perception
Dominic H ffytche, J D Blom, M Catani 2010
(o sobrenome de Dominic é assim mesmo, com minúscula).