terça-feira, 3 de maio de 2011

Evolução da cognição humana

O University College London é uma das grandes instituições de ensino do mundo. Este pequeno manual, publicado para orientação de seus alunos do Institute of Archaeology, é um primor de síntese que aponta as coisas importantes que podem ajudar sobremaneira estudantes e pesquisadores de qualquer país a organizar os conhecimentos já existentes para criar um panorama bem estruturado do que vem sendo publicado sobre evolução da cognição humana. (Em uma verificação rapidinha, vê-se que as indicações de leitura são bem recentes - excetuando clássicos de maior e menor envergadura da literatura, claro).

As sessions/lectures (por Fiona Coward e James Steele) são descritas individualmente em detalhes e acompanhadas das leituras recomendadas e apropriadas, e seu conjunto forma o que seria um belo programa de história da evolução da cognição humana para qualquer curso do mundo. Vejamos a primeira:

A guided tour of the brain
Fiona Coward

Nessa aula introdutória nós compomos uma visão ampla da neuroanatomia funcional humana para estabelecer os fundamentos das aulas subsequentes. Vamos nos referir ao que se pensa hoje sobre como a estrutura e função do cérebro se relacionam com a cognição como base para o desenvolvimento e para a avaliação de hipóteses sobre a evolução da cognição dos hominíneos e humanos, e vamos investigar os diferentes tipos de evidências disponíveis através de uma ampla variedade de disciplinas, incluindo arqueologia e antropologia, além de primatologia, etologia, neurologia, psicologia e neurociência cognitiva.

Seguem indicações de leituras essenciais e acessórias, o mesmo ocorrendo para todas as sessions/lectures subsequentes.

Evolving brains
Fiona Coward


Nesta palestra nós examinaremos os diversos modelos de evolução do cérebro que já foram propostos para explicar as caracteríticas singulares da cognição humana, particularmente com respeito ao tamanho absoluto e relativo do cérebro e às estrutura e composição cambiantes do cérebro. O tamanho cerebral é uma das únicas medidas de informação que temos sobre o cérebro de espécies extintas, sendo o aspecto de mais fácil medição e comparação com relação a variações em espécies ainda existentes. Mas qual será o mais importante: o tamanho absoluto ou o relativo? E como tamanho se relaciona a função?

A seguir temos, nessa ordem:

Technological brains
Fiona Coward

Cultural and ecological brains
Fiona Coward

Biological brains
Fiona Coward

Lateralized brains
James Steele

Social Brains
Fiona Coward

Mathematical, musical and religious brains
Fiona Coward


Linguistic brains
Fiona Coward

Human brains
Fiona Coward

Nesta última, "Human Brains", FC & JS dão a palavra aos alunos para que eles relatem o que pensam que aprenderam, essas coisas. Mas é a penúltima, "Linguistic Brains", a que mais nos interessa aqui. Está apresentada assim:

Linguistic brains
Fiona Coward

A linguagem é considerada por muitos a capacidade que distingue os homens dos outros animais, assim como fonte da inteligência, da cultura e mesmo da consciência humanas. Entretanto, há muito pensa-se que a evolução da linguagem é um imponderável para o qual nenhuma evidência empírica poderia ter sobrevivido. A vasta complexidade e a aparente singularidade da linguagem humana levaram a sério questões sobre como tal capacidade poderia ter evoluído, e como crianças comuns são capazes de desenvolver essa notável habilidade com tanta facilidade e confiabilidade aparentes. Para abordar essas questões nós precisamos "desembrulhar" os diversos aspectos da cognição epistemologicamente reunidos sob o conceito de 'linguagem', incluindo níveis múltiplos de organização fonológica, sintática e semântica, referência simbólica e fala articulada. Vamos abordar aqui um dos aspectos da linguagem cognitivmente de nível superior, o simbolismo. Quase sempre visto como fundamental para uma linguagem singularmente humana, o simbolismo é notoriamente difícil de ser definido e investigado quanto aos seus registros arqueológicos. O que é um símbolo e como podemos identificar um deles nos registros arqueológicos? Os outros animais usam símbolos (podem?) - e se não usam, por que não?

Na segunda metade dessa palestra vamos estudar como, em contraste com aspectos de 'alto nível' investigados na palestra anterior, a atual articulação dos sons de fala depende de diversas adaptações - neuroanatômicas, osteológicas, genéticas, etc., que foram investigadas nos registros fósseis. Vamos examinar a variedade de maneiras como diferentes pesquisadores investigaram a evolução do aparato de produção de fala e as evidências fósseis e arqueológicas dessa evolução.