terça-feira, 1 de março de 2011

Por quanto tempo uma cabeça cortada fica consciente?

Quando comecei o CLM, criei uma seção chamada A Calma Dessa gente, que descrevia umas coisas estranhas que neguin divulgava na maior cara de pau. Depois fiquei sem disposição, dada a quantidade de embromações. Mas essa de hoje merece um prêmio.

How long is a severed head conscious for?

Em 1905, um médico francês quis saber quanto tempo a consciência permanecia em uma cabeça cortada, e então fez um experimento bastante mórbido durante a execução de um prisioneiro que seria decapitado. O notável report vem de um link da Wikipedia sobre a guilhotina.

Aparentemente, as observações foram feitas pelo Dr. Beaurieux, que presenciou a execução de um prisioneiro chamado Henri Languille e imediatamente tentou chamar a atenção da cabeça cortada para ver como ela reagiria. (Diz ele:)

Aqui está, então, o que pude notar imediatamente depois da decapitação: as pálpebras e os lábios do homem guilhotinado funcionaram em contrações de ritmo irregular por uns cinco ou seis segundos. Este fenômeno foi testemunhado por todos aqueles que estavam nas mesmas condições em que eu estava para observar o que ocorreria após o pescoço ser cortado...

Esperei por diversos segundos. Os movimentos espasmódicos cessaram. [...] Foi quando o chamei com voz forte e clara: "Languille!" Ví as pálpebras se levantarem devagar, sem qualquer contração espasmódica - insisto nessa peculiaridade - e com um movimento uniforme, bem distinto e normal como ocorre na vida quotidiana com pessoas que são acordadas ou afastadas de seus pensamentos.

A seguir os olhos de Languille se fixaram nos meus e as pupilas me focalizaram. Não se tratava daquele olhar vago e sem expressão que pode ser observado comumente em pessoas moribundas com as quais falamos: eu estava lidando com olhos inegavelmente vivos que estavam olhando para mim. Depois de alguns segundos, as pálpebras se fecharam novamente. [...]

Foi nesse ponto que o chamei de novo, e mais uma vez, sem qualquer espasmo e lentamente, as pálpebras se levantaram e olhos inegavelmente vivos se fixaram nos meus, talvez mais penetrantemente do que da primeira vez. Então as pálpebras cerraram-se mais uma vez, mas menos completamente. Tentei efetuar um terceiro chamado, mas não houve qualquer outro movimento - e os olhos tinham a aparência embaçada apresentada pelos mortos.

Aparentemente, isto também foi discutido em um breve artigo de uma edição de 1939 do Journal of the American Medical Association (JAMA)...

UPDATE: Graças ao leitor jata, do Mind Hacks, há um link para o artigo completo do JAMA de 1939 sobre decapitação e consciência, disponível here