Na revista Scientific American Mind que publicou o artigo de Christof Koch abordado aqui ontem, há também um artigo deveras interessante: Por que os bebês não falam como os adultos? A caminho de uma resposta para isso, pode-se ler:
“Trabalhos recentes dão sustentação à idéia aparentemente contra-intuitiva de que a maneira como as crianças aprendem a falar – com passinhos de bebê – permanece a mesma independentemente da idade em que estejam quando comecem a aprender uma língua. Em outras palavras: o grau de desenvolvimento mental de um bebê tem muito pouco a ver com o fato de que ele ou ela não fala através de frases completas”.
Descartando a idéia, considerada “behaviorista”, de que as crianças simplesmente imitam os adultos, o artigo apresenta duas hipóteses:
“Em primeiro lugar, a ‘hipótese do desenvolvimento mental’ afirma que as crianças de um ano falam como bebês porque seus cérebros imaturos não podem lidar com a fala adulta. As crianças não aprendem a andar até que seu corpo esteja pronto; do mesmo modo, elas não falam frases com múltiplas palavras ou palavras completas e funcionais (‘Mamãe abriu as caixas’) até que seus cérebros sejam capazes de fazer isso”.
“A segunda teoria, a ‘hipótese dos estágios da linguagem’, afirma que o progresso por incremento passo a passo na fala da criança é um processo necessário no desenvolvimento da linguagem. Um jogador de basquete não pode aperfeiçoar seu tiro à cesta durante um salto antes de aprender tanto a saltar como a lançar a bola ao cesto, e as crianças, similarmente, aprendem a somar e depois a multiplicar – nunca em ordem inversa.
No aprendizado de uma língua também há evidências de tais movimentos necessários com relação à fluência. Por exemplo, em um artigo de revisão da literatura, de 1997, as cientistas da cognição Elizabeth Bates, da University of California, San Diego, e Judith C. Goodman, da University of Missouri-Columbia, descobriram que os estudos sobre crianças pequenas mostram caracteristicamente que elas quase sempre não começam a falar frases de duas palavras até que tenham aprendido um certo número de palavras. Até que tenham ultrapassado esse limite linguístico, o processo de combinação de palavras não acontece.
A diferença entre essas teorias acaba ficando assim: sob a hipótese do desenvolvimento mental, os padrões de aprendizado de uma língua devem depender do nível de desenvolvimento cognitivo da criança quando ela começa a aprender uma língua. Entretanto, de acordo com a hipótese dos estágios da linguagem, os padrões de aprendizagem não devem depender do desenvolvimento mental. É uma predição difícil de se testar experimentalmente porque a maioria das crianças aprendem a língua por volta da mesma idade – e sendo assim, em estágios mais ou menos similares de desenvolvimento cognitivo”.
Como resolver essa dúvida? O texto prossegue: “Em 2007, pesquisadores da Harvard University descobriram uma engenhosa maneira de contornar esse problema. Mais de 20.000 crianças adotadas em todo o mundo entram nos Estados Unidos todo ano.”
Mas vamos deixar de preguiça! Leia o texto todo fazendo o download da revista.
http://depositfiles.com/files/7x8o5ohnc ou
http://rapidshare.com/files/286995057/sie9nts9are10ncindm.rar
“Trabalhos recentes dão sustentação à idéia aparentemente contra-intuitiva de que a maneira como as crianças aprendem a falar – com passinhos de bebê – permanece a mesma independentemente da idade em que estejam quando comecem a aprender uma língua. Em outras palavras: o grau de desenvolvimento mental de um bebê tem muito pouco a ver com o fato de que ele ou ela não fala através de frases completas”.
Descartando a idéia, considerada “behaviorista”, de que as crianças simplesmente imitam os adultos, o artigo apresenta duas hipóteses:
“Em primeiro lugar, a ‘hipótese do desenvolvimento mental’ afirma que as crianças de um ano falam como bebês porque seus cérebros imaturos não podem lidar com a fala adulta. As crianças não aprendem a andar até que seu corpo esteja pronto; do mesmo modo, elas não falam frases com múltiplas palavras ou palavras completas e funcionais (‘Mamãe abriu as caixas’) até que seus cérebros sejam capazes de fazer isso”.
“A segunda teoria, a ‘hipótese dos estágios da linguagem’, afirma que o progresso por incremento passo a passo na fala da criança é um processo necessário no desenvolvimento da linguagem. Um jogador de basquete não pode aperfeiçoar seu tiro à cesta durante um salto antes de aprender tanto a saltar como a lançar a bola ao cesto, e as crianças, similarmente, aprendem a somar e depois a multiplicar – nunca em ordem inversa.
No aprendizado de uma língua também há evidências de tais movimentos necessários com relação à fluência. Por exemplo, em um artigo de revisão da literatura, de 1997, as cientistas da cognição Elizabeth Bates, da University of California, San Diego, e Judith C. Goodman, da University of Missouri-Columbia, descobriram que os estudos sobre crianças pequenas mostram caracteristicamente que elas quase sempre não começam a falar frases de duas palavras até que tenham aprendido um certo número de palavras. Até que tenham ultrapassado esse limite linguístico, o processo de combinação de palavras não acontece.
A diferença entre essas teorias acaba ficando assim: sob a hipótese do desenvolvimento mental, os padrões de aprendizado de uma língua devem depender do nível de desenvolvimento cognitivo da criança quando ela começa a aprender uma língua. Entretanto, de acordo com a hipótese dos estágios da linguagem, os padrões de aprendizagem não devem depender do desenvolvimento mental. É uma predição difícil de se testar experimentalmente porque a maioria das crianças aprendem a língua por volta da mesma idade – e sendo assim, em estágios mais ou menos similares de desenvolvimento cognitivo”.
Como resolver essa dúvida? O texto prossegue: “Em 2007, pesquisadores da Harvard University descobriram uma engenhosa maneira de contornar esse problema. Mais de 20.000 crianças adotadas em todo o mundo entram nos Estados Unidos todo ano.”
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