sábado, 24 de outubro de 2009

Ouvir música dá arrepios...


Fig. 1 Emotional arousal was assessed through psychophysiological measurements of galvanic skin response (GSR), temperature, heart rate, blood volume pulse (BVP) amplitude, and respiration rate. Pleasure states were continuously obtained through subjective ratings of “neutral”, “low pleasure”, and “high pleasure” using a button box. Chills were also indicated through button presses. Psychophysiological correlates of each pleasure state were analyzed to determine systematic relationships between increases in pleasure and emotional arousal.

The Rewarding Aspects of Music Listening Are Related to Degree of Emotional Arousal é o estudo/experimento que eu gostaria de ter como assunto de hoje. Suas premissas, sua redação, montagem, as notas feitas durante a coisa toda, os cuidados que foram tomados em sua execução, as conclusões finais, tudo aponta para um final feliz: o experimento é um sucesso e os autores ficam satisfeitos. Aqui está parte da introdução:

"Por que a música é prazerosa? É simplesmente uma sequência de sons. Ainda assim, a música tem estado presente em todas as culturas conhecidas desde que existe história. Apesar de haver diversas teorias sobre por que a música teria se desenvolvido, o intenso grau de prazer associado a ouvir música permanece um mistério. O enigma está no fato de que não há quaisquer similaridades funcionais diretas entre a a música e outros estímulos que produzem prazer: não tem valor biológico claramente estabelecido (cf. alimento, amor e sexo), nenhuma base tangível (cf. drogas farmacológicas e recompensas monetárias) ou propriedades conhecidas que promovam um vício (cf. jogo e nicotina). A despeito disso, a música é consistentemente colocada entre as principais dez coisas que os indivíduos consideram altamente prazerosas, e tem um papel onipresente e importante na vida da maioria das pessoas".

Pouco depois, os autores batem na mesma tecla: "O objetivo desse estudo é testar essa teoria examinando sistematicamente a relação entre a estimulação emocional e o prazer durante a audição de música. O prazer é um constructo que se refere a um estado subjetivo, e implica que o comportamento a ele associado é recompensador e provavelmente se repetirá. A implicação mais ampla desse experimento é entender por que os humanos sentem prazer ao ouvir música, e por que esse comportamento continua a se repetir a despeito de não apresentar qualquer importância funcional".

Mas, como dizem os ingleses, o enredo se complica.

Se o sol não fosse uma alucinação coletiva, não seria uma unanimidade. Quer dizer, ao ler a lista das músicas que davam arrepios (registrados em sofisticada aparelhagem) nos sujeitos dos experimentos, quem acabou ficando arrepiado fui eu. Veja só algumas:

Lamb toca Angelica (gênero: electronic)
Steve Vai toca Beethoven's Fifth Symphony (gênero: heavy metal)
Jimmy Swift Band toca 80's Runaway Model (gênero: electronic rock)
Transiberian Orchestra toca Nutcracker Suite (gênero: progressive rock)

E assim por diante. Mas não tinha o Hino do Flamengo, Für Elise, Strangers in the Night ou Havah Nagilah. Nem o Bolero, de Ravel. Tem um rato morto aí...

Citation: Salimpoor VN, Benovoy M, Longo G, Cooperstock JR, Zatorre RJ (2009) The Rewarding Aspects of Music Listening Are Related to Degree of Emotional Arousal. PLoS ONE 4(10): e7487. doi:10.1371/journal.pone.0007487 Em
http://www.plosone.org/article/info:doi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0007487