quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Christoph Koch ataca outra vez


Na revista Scientific American Mind de setembro/outubro de 2009, Koch manda mais um artigo sobre consciência, desta vez ligada aos sonhos. Diz ele no segundo bloco:

“Mas quando se inicia a mágica jornada da consciência? A consciência requer uma rede sofisticada de componentes altamente interconectados, os neurônios. Seu substrato físico, o complexo tálamo-cortical que dá à consciência seu conteúdo altamente elaborado, começa a se instalar entre a 24ª e a 28ª semanas de gestação. Mais ou menos dois meses depois, a sincronização do ritmo eletroencefalográfico (EEG) através dos hemisférios corticais sinaliza o início da integração neuronal global. Assim, muitos dos elementos de circuito que são necessários para a consciência encontram-se instalados no terceiro trimestre. Por essa época, os bebês prematuros podem sobreviver fora do útero sob cuidados médicos apropriados. E como é muito mais fácil observar e interagir com um bebê prematuro do que com um feto de mesma idade gestacional ainda no útero, o feto é frequentemente considerado como um bebê prematuro, um recém-nascido que ainda não nasceu”.

Etc. e tal depois, Koch afirma que o bebê dorme enquanto seu cérebro amadurece. E pergunta: será um sono sem sonhos? Depois de um erro de gramática, ou de catamilhografia (When people [are] awaken during REM sleep, they often...) , diz Koch:

“Surge uma complicação. Quando as pessoas são acordadas durante o sono REM, quase sempre descrevem sonhos vívidos, com extensas narrativas. Ainda que a consciência durante os sonhos não seja a mesma que durante a vigília – notavelmente, idéias e auto-reflexão estão ausentes, os sonhos são conscientemente experimentados e sentidos. Então, com que sonha o feto quando em sono REM? Isto não se sabe. Mas com o que sonharia ele?”

Koch indica que sonhar é um desenvolvimento cognitivo gradual, e cita uma pesquisa longitudinal com pré-escolares, concluindo então o artigo:

“Como Hugo Lagercrantz, um pediatra do Karolinska Institute, de Estocolmo, descobriu há duas décadas, uma onda gigante de norepinefrina – mais poderosa do que em qualquer skydive (vôo em queda livre) ou exposed climb (alpinismo sem instrumental) que esse feto poderia experimentar em sua vida adulta – assim como o desligamento da anestesia e sedação que ocorre quando o feto se desconecta da placenta materna, despertam o bebê para que ele possa lidar com suas novas circunstâncias. Ele toma seu primeiro fôlego, acorda, e começa a experimentar a vida”.

Quando então somos levados a concluir: os fetos não sonham (nem têm consciência), porque só quem experimenta a vida cria material onírico. Cool!