Mais um artigo trazendo a descrição do envolvimento de sistemas neurais na leitura. O estudo foi feito com 20 participantes adultos tendo o inglês como língua nativa, mas imagino que os mapeamentos possam ser adaptados para a leitura infantil, ainda que a natureza (e a carga) das tarefas envolvidas deva ser repensada. Boas tabelas e magníficas ilustrações coloridas. Veja particularmente a fig. 4 e sua análise na seção A Neural Model of Reading Aloud. A clareza do texto do artigo é digna de nota.
Abstract. A leitura em voz alta envolve a computação do som de uma palavra a partir de sua forma visual. Isto pode ser conseguido (1) por associações diretas entre soletramento e fonologia e (2) pela computação da ortografia para o significado para a fonologia. Esses componentes foram estudados em experimentos comportamentais examinando propriedades lexicais como frequência da palavra, comprimento de letras ou fonemas; consistência soletragem-som; fatores semânticos como a imagibilidade (imageability - do artigo: 'refere-se à facilidade com que uma palavra evoca uma imagem mental'), medidas de complexidade ortográfica ou fonológica; e outras. Os efeitos dessas propriedades lexicais sobre sistemas neurais específicos, entretanto, ainda não são bem compreendidos, em parte porque as altas correlações entre os fatores lexicais tornam difícil determinar se têm efeitos independentes. Nós abordamos esse problema fazendo a decorrelação (ou 'desfazendo a correlação', para 'decorrelating') entre diversas propriedades lexicais importantes através de uma cuidadosa seleção do estímulo. Dados de fMRI revelaram sistemas neurais distribuidos para o mapeamento da ortografia diretamente na fonologia, envolvendo os giros supramarginal esquerdo, temporal médio posterior e fusiforme. Distintas destas, existiam áreas que refletiam o processamento semântico, incluindo o giro temporal médio esquerdo/sulco inferior-temporal, o giro angular bilateral e o precuneus/cingulado posterior. Regiões frontais inferiores esquerdas geralmente apresentavam ativação com uma maior carga de tarefa, sugerindo um papel mais geral na atenção, memória de trabalho e nos processos executivos. Esses dados oferecem as primeiras evidências claras, em um único estudo, dos correlatos neurais individuais do mapeamento ortografia-fonologia e do acesso semântico durante a leitura em voz alta.
Neural Systems for Reading Aloud: A Multiparametric Approach
William W. Graves, Rutvik Desai, Colin Humphries, Mark S. Seidenberg and Jeffrey R. Binder (veja afiliações no artigo)
Cerebral Cortex Advance Access published November 17, 2009
Das Referências do artigo:
Where Is the Semantic System? A Critical Review and Meta-Analysis of 120 Functional Neuroimaging Studies
Jeffrey R. Binder, Rutvik H. Desai, William W. Graves and Lisa L. Conant
Language Imaging Laboratory, Department of Neurology, Medical College of Wisconsin
Abstract. Semantic memory refers to knowledge about people, objects, actions, relations, self, and culture acquired through experience. The neural systems that store and retrieve this information have been studied for many years, but a consensus regarding their identity has not been reached. Using strict inclusion criteria, we analyzed 120 functional neuroimaging studies focusing on semantic processing. Reliable areas of activation in these studies were identified using the activation likelihood estimate (ALE) technique. These activations formed a distinct, left-lateralized network comprised of 7 regions: posterior inferior parietal lobe, middle temporal gyrus, fusiform and parahippocampal gyri, dorsomedial prefrontal cortex, inferior frontal gyrus, ventromedial prefrontal cortex, and posterior cingulate gyrus. Secondary analyses showed specific subregions of this network associated with knowledge of actions, manipulable artifacts, abstract concepts, and concrete concepts. The cortical regions involved in semantic processing can be grouped into 3 broad categories: posterior multimodal and heteromodal association cortex, heteromodal prefrontal cortex, and medial limbic regions. The expansion of these regions in the human relative to the nonhuman primate brain may explain uniquely human capacities to use language productively, plan, solve problems, and create cultural and technological artifacts, all of which depend on the fluid and efficient retrieval and manipulation of semantic knowledge.
Functional Abnormalities in the Dyslexic Brain: A Quantitative Meta-Analysis of
Neuroimaging Studies
Fabio Richlan, Martin Kronbichler, & Heinz Wimmer 2009
The neural code for written words: a proposal
Stanislas Dehaene, Laurent Cohen, Mariano Sigman and Fabien Vinckier 2005
Outros artigos de interesse:
Morphological decomposition based on the analysis of orthography
Kathleen Rastle 2008
Royal Holloway University of London, London, UK
Matthew H. Davis
MRC Cognition and Brain Sciences Unit, Cambridge, UK
A Neural Signature of Phonological Access: Distinguishing the Effects of Word Frequency from Familiarity and Length in Overt Picture Naming
William W. Graves, Thomas J. Grabowski, Sonya Mehta, and Jean K. Gordon 2007
Activation of Sensory--Motor Areas in Sentence Comprehension
Rutvik H. Desai, Jeffrey R. Binder, Lisa L. Conant and Mark S. Seidenberg 2010