quarta-feira, 26 de maio de 2010

Déficits de soletragem na dislexia

Vou traduzir o abstract, mas o artigo é melhor do que fica entrevisto. Percebe-se bem essa particularidade pelo início da Introdução, logo abaixo (retirei as referências para o texto fluir melhor). Nos Resultados, os pesquisadores informam o que todos aqueles que trabalham na área sempre souberam: todas as intervenções na forma de sessões de treinamento sempre geram bons resultados (com a utilização dos métodos corretos, é craro). Um senão do trabalho é que a amostragem é muito pequena.

Abstract. A soletragem ortográfica é uma das principais dificuldades de crianças falantes do alemão que têm dislexia. O objetivo do presente estudo é avaliar e eficácia de um treinamento de soletragem ortográfica em estudantes com dificuldades de soletragem (5a. e 6a. séries). No estudo 1, dez crianças (grupo de tratamento) receberam 15 sessões semanais administradas individualmente (60 min cada). Um grupo controle (n = 4) não recebeu qualquer intervenção. No estudo 2, treinamento de soletragem ortográfica foi dado a uma amostra maior, consistindo de um grupo de tratamento (n = 13) e um grupo controle de tratamento retardado (n = 14) . O critério principal de melhora na soletragem foi analisado usando-se um conjunto integrado de dados (integrated dataset) para ambos os estudos. Repetidas análises de medições da variância revelaram que os ganhos em soletragem foram significativamente maiores no grupo de tratamento do que no grupo controle. Análises estatísticas também mostraram melhoras significativas na leitura (estudo 1) e na medida do conhecimento dos participantes das regras de soletragem ortográfica (estudo 2). Os achados indicam que um treinamento de soletragem ortográfica melhora a leitura e a habilidade de soletragem, assim como o conhecimento ortográfico, em crianças com distúrbios de soletragem que estão aprendendo a soletrar em uma língua transparente como o alemão.

Spelling deficits in dyslexia: evaluation of an orthographic spelling training
Elena Ise & Gerd Schulte-Körne 2010
Department of Child and Adolescent Psychiatry, University of Munich, Germany
Ann. of Dyslexia DOI 10.1007/s11881-010-0035-8

Introduction. Cinco a dez por cento das crianças em idade escolar sofrem de dislexia, que é caracterizada por severas dificuldades na aquisição da leitura, a despeito da inteligência normal e de uma escolaridade adequada. A dislexia é um distúrbio de neurodesenvolvimento de origem genética que ocorre em sistemas de escrita alfabéticos e não-alfabéticos. A dislexia é caracterizada por déficits de processamento fonológico que se relacionam estreitamente com o desenvolvimento de leitura e habilidades de soletragem fracas. As dificuldades de leitura e soletragem são muito persistentes. Além disso, elas estão associadas a uma maior probabilidade de abandono da escola, de baixo rendimento escolar e de desemprego, assim como a problemas emocionais e comportamentais. Portanto, as intervenções eficazes são uma necessidade crítica. Diversos estudos demonstraram os efeitos positivos de programas de prevenção para crianças com risco de dislexia. Também foi registrado repetidamente que os programas de intervenção para crianças disléxicas nas séries 2-4 têm efeito remedial na leitura e em habilidades de soletragem. Infelizmente, um número substancial de crianças disléxicas não recebe qualquer intervenção porque muitos pais não procuram ajuda profissional antes que seus filhos tenham completado diversos anos de escolaridade formal. Nas 5a e 6a séries, crianças disléxicas que estão aprendendo a ler uma língua consistente como o alemão geralmente apresentam uma leitura lenta mas correta, e dominam a soletragem fonológica. Entretanto, elas demonstram grande dificuldade com a soletragem ortográfica. O objetivo do prsente estudo é introduzir um treinamento de soletragem ortográfica para crianças de língua alemã com problemas de soletragem das 5a e 6a séries, para determinar se o treinamento tem um efeito remedial na capacidade de soletragem. Implicações da intervenção de soletragem em outras línguas com ortografias transparentes serão discutidas.

Artigo das Referências:

Word-initial entropy in five languages
Borgwaldt, S. R., Hellwig, F. M., & de Groot, A. M. B. 2004
Written Language and Literacy, 7, 165–184
(Esse artigo está AQUI, aparentemente em sua forma original)


Outros artigos de interesse:

Phonological Skills Are (Probably) One Cause of Success in Learning to Read:
A Comment on Castles and Coltheart
Charles Hulme and Margaret Snowling
Department of Psychology, University of York
Marketa Caravolas
Department of Psychology, University of Liverpool
Julia Carroll
Department of Psychology, University of York
Scientific Studies of Reading, 9(4), 351–365 © 2005

Developmental Dyslexia: An Update on Genes, Brains, and Environments
Elena L. Grigorenko 2001
Yale University, New Haven, U.S.A., and Moscow State University, Russia

Paying attention to reading: The neurobiology of reading and dyslexia
Sally E. Shaywitz & Bennett A. Shaywitz 2008
Yale University School of Medicine

The Studies about Phonological Deficit Theory in Children with Developmental Dyslexia: Review
Emrah Caylak 2010
Department of Biochemistry and Clinical Biochemistry, Firat University, School of Medicine, Turkey
American Journal of Neuroscience 6 (1): 1-12, 2010

An exploratory study of the associations between speech and language difficulties and phonological awareness in preschool children
John K. McNamara, Jackie Van Lankveld, Sherri-Leigh Vervaeke, and Naomi Gutknecht 2010

NOTA - o endereço desse artigo (www.ccl-cca.ca/pdfs/JARL/Jarl-Vol3Article7.pdf ) remete à publicação canadense (por isso é que há artigos em inglês e em francês) Journal of Applied Research on Learning. Se v. digitar apenas parte do endereço (por exemplo: www.ccl-cca.ca/pdfs/ ), tem acesso ao diretório completo do Journal e de sua instituição mantenedora, e pode pesquisar se existe algo de seu interesse lá.