O artigo comentado abaixo faz parte de um grupo de artigos apresentados sob o título The Big Question: Why are we here? - no site Psychology Today. Li alguns e gostei da maioria.
http://www.psychologytoday.com/collections/201112/the-big-question-why-are-we-here
Toward a Grand Unified Theory of Psychiatry
Humans are complicated, the pathology of mental illness less so
Published on December 9, 2011
by Emily Deans, M.D. in Evolutionary Psychiatry
http://www.psychologytoday.com/collections/201112/the-big-question-why-are-we-here/toward-grand-unified-theory-psychiatry
Para uma Teoria Essencial Unificada da Psiquiatria
Os humanos são complicados, a patologia da doença mental um pouco menos
Na procura pela patologia psiquiátrica, sou uma reducionista. Toda doença psiquiátrica (e acho que toda doença crônica ocidental seja similar) tem a mesma patologia básica da inflamação, e o tratamento deveria começar com o mesmo aconselhamento anti-inflamatório: uma dieta saudável sem alimentos processados, exercício, aprendizado de como lidar saudavelmente com obstáculos e diminuir o estresse, e um bom sono.
Em nível individual, é claro, não é tão simples. Não posso ser uma médica eficiente para você se não conhecer suas experiências e como você lida com elas, e sem passar tempo suficiente com você para saber como você vai levando a vida. Dessa maneira posso modular meu aconselhamento para ir de encontro ao modo como você está. E aqui está, de modo resumido, a falha da medicina moderna. Ela tenta substituir um relacionamento pessoal por testes e algoritmos, em nome da ciência, da eficiência e da rapidez. O problema é que, para um médico (especialmente os que fazem a primeira consulta), tal prática assassina a alma (quem quer ser responsável, especialmente em uma sociedade litigiosa, pela saúde de 5.000 pacientes que v. mal conhece?). Para o Estado, o algoritmo é dispendioso, descuidado e perigoso. Ele funciona muito bem com o paciente prototípico e em algumas áreas óbvias como contagens e verificações de segurança em uma sala de operações, mas assim que chega alguém com muitas esquisitices e complicações humanas os dados somem pela janela. Os dados e o aconselhamento generalizado utilizados em medicina preventiva não são tão sólidos como v. poderia pensar - painéis sobre colesterol, por exemplo, dietas de pouca gordura, ou restrição do sal. Eu prefiro começar com o bom senso e um modelo evolutivo da saúde humana.
Depois de se estender um pouco ( e bem) sobre suas experiências terapêuticas, diz Emily Deans - falando principalmente de um artigo da Nature que ela cita pouco antes e do qual fornece o link:
Um pouco sobre ansiedade. Ela é o distúrbio psiquiátrico de maior ocorrência, afetando 18,1% dos americanos anualmente, mas é notável que seja estudada em sentido rigoroso bem menos do que a esquizofrenia ou os distúrbios do espectro autista, que são mais raros. Alguns distúrbios de ansiedade parecem estar baseados em um temperamento ansioso (distúrbio de ansiedade generalizada, distúrbios de pânico, etc.), ao passo que outros se baseiam em estressores óbvios (fobias, PTSD - post-traumatic stress disorder). Outros são mistos, como o distúrbio obsessivo compulsivo. A ansiedade, tipicamente, caminha de mãos dadas com a depressão (pelo menos nos pacientes que atendo), e cria um paciente mais complexo e mais resistente ao tratamento típico. Em geral, a ansiedade pode ser definida como uma reatividade patológica aumentada ao meio ambiente, dirigida por medo e incerteza à luz de ameaças percebidas.
Os distúrbios de ansiedade são o distúrbio prototípico do mundo moderno, onde nossos cérebros de caçadores-coletores estão tentando se lembrar de 50 senhas, da ameaça da H1N1 e de terrorismo, raptos e acidentes automobilísticos.
As demais associações e os muitos exemplos apresentados pela autora tendem para a seara genética e procuram ilustrar sua ênfase numa visão evolutiva dos distúrbios psiquiátricos. Anyways, um bom artigo, sem dúvida.