Ganhei de presente um retrato do original de um poema inédito do Fernandinho (em sua heteronímia de Alberto Caeiro), sem título nem data (mas parece que é de 1937). Vou copiá-lo aqui para o doce de leite dos leitores do CLM.
Gosto do ceu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d'isso ha absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um principio e tem um fim,
E que antes e depois d'isso não havia tempo.
Porque ha de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.
(transcrito por Jerónimo Pizarro)