terça-feira, 2 de junho de 2009

A atividade coordenada do cérebro

Este parece ser um livro que traz novidades sobre a dinâmica de funcionamento do cérebro, ou pelo menos um aprofundamento do pouco que já se sabe (os autores são um elenco multinacional e multidisciplinar - neurociência, biofísica, matemática, física, neurologia, neurocirurgia, psicologia, engenharia biomédica e ciências da computação/biologia computacional - de excelentes instituições). Os neurocientistas têm pressa e estão trabalhando intensamente para estabelecer com segurança cada vez maior as regras básicas da relação entre anatomia e fisiologia do cérebro, e seu significado antropológico e cultural mais amplo. A “máquina mais complexa do universo”, como dizem os divulgadores antropocêntricos de ciência, executa um PPD (processamento paralelo distribuído, o velho conexionismo agora com nova fórmula, deixando seus dentes mais brancos e seus cabelos mais sedosos) assombroso, mas que nada tem de transcendental ou esotérico. Já dizia a Cambridge Encyclopedia of Human Evolution, em 1992, na subseção “Brain reorganisation” (3.2): “O recrutamento de estruturas e circuitos cerebrais existentes para novas tarefas mentais é mais notável na evolução da linguagem humana. A linguagem não poderia ter sido resultado da adição de uma nova estrutura porque ela é controlada não por qualquer estrutura isolada do cérebro, mas por uma rede de áreas corticais interdependentes, cada uma delas contribuindo com uma função particular. Cada uma dessas estruturas tem sua contrapartida nos cérebros dos primatas, que são incapazes de linguagem”. Visto isso, o busílis está nesse “recrutamento”, uma palavra que indica propósito e que nos arrebata de volta ao loop epistemológico que é nossa principal encrenca.

Jose Luiz Perez Velazquez e Richard Wennberg (University of Toronto), os editores do livro, dizem no prefácio:

“É razoável estabelecer que o propósito definitivo da neurociência é entender como os sistemas nervosos, e os cérebros em particular, processam informações. Seja o sistema nervoso de um nematódeo ou de um primata, o fundamento do processamento de informações está nas interações entre suas unidades, que no caso dos sistemas nervosos são seus neurônios e neuróglias. Cada atividade celular é significativa apenas com respeito àquilo que outras células estão fazendo. Portanto, estas interações celulares múltiplas implicam que algum tipo de atividade coordenada deve existir em algum nível. A sincronização das atividades celulares e de rede é um desses aspectos, e por causa disso as medidas de atividade sincronizada são fundamentais para a compreensão do processamento neural de informações. A busca por métodos e bases conceituais para se apreender atividades coordenadas em sistemas nervosos tem uma longa história, como expressaram Varela e colegas: ‘...desde a época de Sherrington e Pavlov a compreensão das propriedades globais distribuídas tem sido o El Dorado da neurociência, algo difícil de alcançar. As razões para essas dificuldades foram tanto técnicas quanto conceituais’ (F.J. Varela, E. Thompson, E. Rosch, The Embodied Mind, MIT Press, 1991). Este livro contém contribuições que remetem a essas questões técnicas e conceituais que continuam a ser um obstáculo para a compreensão da atividade cerebral coordenada”.

Coordinated Activity in the Brain: Measurements and Relevance to Brain Function and Behavior
Springer Pages: 265 2009 PDF 5 MB
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