Analyse & Kritik 26/2004 ( Lucius & Lucius, Stuttgart) p. 382–397
Andrew Brook/Pete Mandik
The Philosophy and Neuroscience Movement
Andrew Brook é Professor Chancellor de Filosofia e diretor do Institute of Cognitive Science (ICS) na Carleton University, Ottawa, Ontario, Canadá. O ICS administra um curso de graduação de quatro anos em Ciência Cognitiva e oferece o único doutorado independente em Ciência Cognitiva do Canadá. Brook tem duas graduações na University of Alberta e um D. Phil. da Oxford University. Ele é ex-presidente da Canadian Philosophical Association. Pete Mandik, PhD em Filosofia (Programa de Filosofia-Neurociência-Psicologia) pela Washington University em St. Louis, é atualmente professor associado do Departamento de Filosofia da William Paterson University e coordenador do Laboratório de Ciência Cognitiva. Trabalha na WPU desde 2000. Antes disso foi editor de publicação da revista Philosophical Psychology. Seu último artigo, a ser publicado em The Oxford Handbook of Philosophy and Neuroscience, da Oxford University Press, é The Neurophilosophy of Subjectivity (A Neurofilosofia da Subjetividade).
Dito isso, quero apresentar o artigo dos dois, The Philosophy and Neuroscience Movement (O Movimento de Filosofia e Neurociência), onde defendem uma integração mais aprofundada entre filosofia e neurociência. Dizem eles na introdução:
“O conjunto exponencialmente crescente de obras sobre o cérebro humano das últimas décadas não apenas nos ensinou muito sobre como o cérebro realiza a cognição, como teve também uma profunda influência sobre outras disciplinas que estudam a cognição e o comportamento, Um exemplo notável, interessante, é a filosofia. Um pequeno movimento dedicado a aplicar a neurociência a problemas filosóficos tradicionais e utilizando métodos filosóficos para esclarecer questões da neurociência começou há uns 25 anos e vem ganhando impulso desde então. O pensamento principal em sua base é que certas questões fundamentais sobre a cognição humana, questões que têm sido estudadas, em certos casos, durante milênios, só serão respondidas através de uma apreensão filosoficamente sofisticada do que a neurociência contemporânea nos está ensinando sobre como o cérebro humano processa informações.
As evidências relativas a essa proposição são hoje avassaladoras. O problema filosófico da percepção foi transformado pelos novos conhecimentos sobre os sistemas visuais do cérebro. Nossa compreensão da memória foi aprofundada com o conhecimento de que dois sistemas bastante diferentes do cérebro estão envolvidos nas memória de curto e longo prazo. Saber algo sobre como a linguagem é implementada no cérebro transformou nosso entendimento da estrutura da linguagem, especialmente a estrutura de muitos colapsos lingüísticos. E assim por diante. Por outro lado, muita coisa ainda não ficou bem clara sobre as implicações desse novo conhecimento sobre o cérebro. Estarão as funções cognitivas localizadas no cérebro do modo suposto pelos mais recentes estudos de imagem cerebral? Será que faz sentido pensar-se na atividade cognitiva estando localizada dessa maneira? Será que ter conhecimento sobre as áreas ativas do cérebro quando estamos conscientes de alguma coisa promete algo com relação aos enigmas há muito existentes sobre a natureza e o papel da consciência? E assim por diante. Como resultado desse interesse, um grupo de filósofos e neurocientistas dedicados a fornecer informações de trabalho uns aos outros vem crescendo. Muitas dessas pessoas têm hoje treinamento em nível de doutorado ou equivalente tanto em filosofia como em neurociência. Grande parte desse trabalho tem se concentrado em torno de cinco temas: (1) dados e teoria em neurociência; (2) representação natural e computação; (3) transformação visomotora; (4) visão de cor; e (5) consciência. E duas grandes questões estão na sub-estrutura de todos eles: (1) a relação da neurociência com a filosofia da ciência, e (2) se a ciência cognitiva será reduzida à neurociência ou eliminada por ela. Logo retomaremos esses temas. Mas antes, uma descrição de um pouco da história relevante”
E passa-se para o capítulo 1: History of Research Connecting Philosophy and Neuroscience (História das Pesquisas que Conectam a Filosofia e a Neurociência). Imperdível.O artigo (21 páginas) está em http://www.petemandik.com/philosophy/papers/brookmandik.pdf