domingo, 29 de junho de 2008

Controvérsias acerca da Psicologia Evolutiva (EP)

Este é o nome do artigo de Edward H. Hagen, do Institute for Theoretical Biology, Humboldt-Universität, em Berlim. Controversies surrounding evolutionary psychology trata das diversas abordagens e críticas relativas à EP e, por extensão, à sociobiologia (que Hagen diz chamar-se hoje “ecologia comportamental”). O texto trata dos Genes Egoístas, de Richard Dawkins (1976), dizendo que a metáfora de Dawkins representa a moderna síntese da seleção natural de Darwin e Wallace, a herança particularizada de Mendel e o DNA de Watson e Crick. Passa para Stephen Jay Gould e Lewontin, que contrapõem a idéia de spandrels à generalização da adaptação, e afirma que as adaptações ao meio não são simples produtos dos genes, mas sim o produto de interações entre os genes. Hagen examina também a concepção do Ambiente de Adaptatividade Evolutiva (EEA - Environment of Evolutionary Adaptedness). O conceito de EEA refere-se àqueles aspectos do ambiente ancestral que foram relevantes para a evolução, o desenvolvimento e o funcionamento das adaptações de um organismo – em suma, o ambiente no qual uma espécie evoluiu e ao qual está adaptada. Se quisermos escolher apenas um dos temas da EP para estudo, diz Hagen, “a estrutura do EEA do organismo pode ser um excelente guia para a estrutura desse organismo, incluindo seu cérebro”.

Depois de defender a equivalência entre adaptações psicológicas e outras adaptações (fisiológicas, anatômicas), e de abordar o debate nature vs nurture (natureza vs cultura), Hagen passa pela noção de plasticidade (“plasticidade é um termo vago que quer dizer basicamente apenas que o cérebro se modifica em resposta ao meio ambiente”), e indica que se reconhecermos que a seleção natural pode ser considerada um “algoritmo de aprendizagem”, a natureza é um produto da cultura e a cultura é um produto da natureza, contornando o feroz debate entre essas duas idéias. A próxima seção do artigo trata da Hipótese da Modularidade Maciça (massive modularity hypothesis - MMH), das idéias e preferências de Jerry Fodor (e seus argumentos), e o artigo segue discutindo o que é politicamente correto, se a EP é racista ou sexista, se é uma forma de determinismo genético, de darwinismo social, e pergunta: “Por que as pessoas odeiam a psicologia evolutiva?” A resposta, mais uma vez, é conciliatória mas direta (como no conflito nature vs nurture): “Se a EP está certa ou não, espero que esse Manual (The Evolutionary Psychology Handbook, editado por David Buss, do qual esse trabalho de Hagen é um dos capítulos) irá convencê-lo de que ela não é um artefato para dar boa impressão sobre uma ideologia política, mas antes uma abordagem científica poderosa da natureza humana. Isto não quer dizer que a EP seja inofensiva. Os críticos, temendo que ela seja um cavalo de Tróia da direita, levantaram incontáveis objeções à EP, objeções que, como mostrou esse capítulo, beirariam o absurdo se fossem levantadas contra um dos paradigmas científicos mais bem sucedidos da história: a abordagem mecanicista, funcional, da anatomia dos organismos. O que os críticos surpreendentemente míopes deixaram de perceber é que o poder da EP não será de evitar a mudança, mas de causá-la”.

Leia o artigo: http://itb.biologie.hu-berlin.de/~hagen/papers/Controversies.pdf

Leia junto com esse artigo: Conceptual Foundations of Evolutionary Psychology (Fundamentos Conceituais da Psicologia Evolutiva), de John Tooby & Leda Cosmides, em http://www.psych.ucsb.edu/research/cep/papers/bussconceptual05.pdf .

Também: Integrating Neuroscience, Psychology, and Evolutionary Biology Through a Teleological Conception of Function (Integrando Neurociência, Psicologia e Biologia Evolutiva através de uma Concepção Teleológica de Função), de Jennifer Mundale & William Bechtel (Washington University). Em http://mechanism.ucsd.edu/~bill/research/EV-PSY.pdf .