O livro é Mind as Machine: A History of Cognitive Science, de Margaret Boden. Tem 1680 páginas, foi publicado em 2006 e está em http://depositfiles.com/files/s76tu2zrw . Como é para elogiar, nada melhor do que a apresentação da própria editora do livro, a OUP – Oxford University Press:
“Descrição
O desenvolvimento da ciência cognitiva é uma das mais notáveis e fascinantes realizações intelectuais da era moderna. A saga para compreender a mente é tão antiga como o pensamento humano registrado; mas o progresso da ciência moderna passou a oferecer novos métodos e novas técnicas que revolucionaram a pesquisa. A OUP apresenta agora uma história magistral da ciência cognitiva, contada por um de seus mais eminentes profissionais.
A ciência cognitiva é o projeto de compreensão da mente através da modelagem de seu funcionamento. A psicologia é seu centro, mas ela aglutina diversos campos adjacentes de pesquisa, incluindo inteligência artificial, estudo neurocientífico do cérebro, investigação filosófica da mente, da linguagem, da lógica e da compreensão; trabalho computacional em lógica e raciocínio, pesquisa lingüística sobre gramática, semântica e comunicação; e explorações antropológicas das semelhanças e diferenças humanas. Cada disciplina, à sua própria maneira, indaga o que é a mente, o que ela faz, como ela funciona, como se desenvolveu – até como ela é possível. A principal característica distintiva da ciência cognitiva, sugere Boden, em comparação com as antigas maneiras de pensar sobre a mente, é a noção de entender a mente como um tipo de máquina. Ela traça as origens da ciência cognitiva desde as idéias revolucionárias de Descartes até os séculos 18 e 19, quando aparecem os pioneiros da psicologia e da computação. Então ela guia o leitor através dos complexos caminhos interligados ao longo do estudo da mente desenvolvido no século 20. A ciência cognitiva, segundo a concepção ampla de Boden, trata de uma grande amplitude de aspectos da mente: não apenas de ‘cognição’ no sentido de conhecimento ou raciocínio, mas emoção, personalidade, comunicação social, e até ação. Em cada área de investigação, Boden apresenta as idéias principais e as pessoas que as desenvolveram.
Ninguém mais poderia contar essa história como Boden: ela tem sido uma participante ativa na ciência cognitiva desde os anos 60, e conheceu as figuras mais importantes pessoalmente. Sua narrativa é escrita em estilo vívido e enriquecido pelo toque pessoal de alguém que conhece a história em primeira mão. Sua história move-se tanto para frente como para trás: é sua convicção de que a ciência cognitiva hoje – e amanhã – não pode ser entendida apropriadamente sem uma perspectiva histórica. Mind as Machine será uma rica fonte de informações para qualquer um que trabalhe com a mente, em qualquer disciplina acadêmica, e que deseje saber como nossa compreensão de nossas atividades mentais e capacidades se desenvolveram”. Para substanciar esses elogios todos escolhi o início de um capítulo do livro - sobre conexionismo:
Acendendo o Pavio (12.i)
O pavio do conexionismo foi instalado em meados do século 18 e ajustado com mais firmeza diversas vezes nos últimos 200 anos. Entretanto, só na década de 40 é que começou a se firmar. Isso ocorreu quando McCulloch & Pitts (1943) definiram redes neurais idealizadas de base lógica (ver 4.iii-iv). Durante a década de 30, loops de feedback neural, ou circuitos reverberativos, tinham sido postulados muitas vezes para explicar psicopatologias de vários tipos (4.iii e v). Mas no início dos 40, McCulloch pensava que eles eram em sua maior parte a atividade normal do cérebro. Quanto a como podiam ser adquiridos, ele e Pitts sugeriram em seu estudo ‘Logical Calculus' (1943) que a aprendizagem, em princípio, poderia ser modelada por redes cíclicas. Mesmo naquela época não houve qualquer explosão intelectual – apenas um brilho fraco. Inicialmente, seu estudo enfrentou hostilidade ou indiferença por parte da maioria dos psicólogos. Uma razão era sua implausibilidade neurológica. Outra era sua desagradável abstratividade. E uma terceira era seu caráter de otimismo: na época, as idéias só podiam ser implementadas de maneira muito primitiva (com ferros de soldar na dianteira). O brilho fraco só ficaria mais claro após a chegada dos computadores.
a. Uma longa gestação
O conexionismo foi concebido há quase três séculos (na década de 1740). mas teve uma longa gestação. Em sua forma embrionária, era apenas introspecção tornada biologia: a visão de David Hartley de que o pensamento tem como base mecanismos associativos do cérebro (2.x.a). Estes mecanismos, disse ele prescientemente, tornavam possíveis duas coisas. Primeiro, ligavam diferentes conceitos, de maneira que quando um deles vinha à mente, pensava-se no outro. Segundo, permitem que um simples fragmento traga de volta um estímulo completo. (Solfeje os três primeiros acordes da Quinta Sinfonia de Beethoven, ou dos Three Blind Mice – e veja se as pessoas próximas podem parar de pensar no quarto acorde). Hartley foi notável só por pensar em mecanismos cerebrais. Seu contemporâneo David Hume, um filósofo incomensuravelmente superior, teorizava sobre associações mentais mas não sobre nenhuma atividade cerebral detalhada (2.x.a). Suas ‘atrações’ supostamente newtonianas eram ainda mais misteriosas do que as ‘vibrações’ hipotéticas de Hartley. Cem anos mais tarde, as indicações de Hartley foram retomadas pelos filósofos (pai e filho) James e John Stuart Mill (2.x.a). Também apoiavam seu foco mentalista na associação de idéias, com especulações sobre o cérebro. Eles argumentaram que a aprendizagem poderia ser devida a uma crescente semelhança da atividade cerebral em certos pontos, como resultado de uma atividade simultânea anterior. Mas o que era essa atividade, e como poderia sua probabilidade ser modificada, continuou a ser um mistério.
No final do século 19, alguns biólogos pouco ortodoxos para a época se aventuraram a afirmar que o mecanismo poderia envolver elos entre unidades distintas, ou células cerebrais – em oposição a uma rede contínua, ou reticulum (2.viii.c). E em 1890, graças ao livro amplamente lido de William James, Principles of Psychology, essa ideía geral se tornou comum na nova disciplina da psicologia. Mas familiaridade não traz clareza, muito menos comprovação. Por quase 200 anos o palpite de Hartley continuou a ser apenas intrigante. Na década de 1940, entretanto, ele começou a parecer altamente plausível. A teoria do neurônio tinha sido reabilitada. Os ‘espíritos animais’ e as ‘vibrações’ tinham cedido lugar aos potenciais de ação. E diversas propriedades sinápticas – facilitação, inibição, fronteiras e períodos refratários – tinham sido estabelecidas recentemente (ver capítulo 2.viii).
Essas idéias levaram McCulloch e Pitts a descrever a psicologia como o estudo de redes neurais precisamente definidas (4.iii.e). Lashley e Donald Hebb propuseram que os psicólogos também deveriam pensar sobre a atividade de populações menos precisamente definidas de neurônios (5.iv). E em 1949, Hebb apresentou a idéia central de maneira mais aceitável, sugerindo que uma regra de aprendizagem ‘conexionista’ (a palavra é dele) para modificação das sinapses é o mecanismo neural básico da memória e do pensamento conceitual (5.iv.b-e). Também nessa época, idéias sobre computação e ‘auto-organização’ (como controle cibernético) em animais e máquinas surgiram (capítulo 4). Já que era então concebível que alguns artefatos poderiam funcionar de maneira algo similar ao cérebro, o conexionismo freqüentemente era expresso em termos computacionais – recorrendo às vezes à lógica, às vezes à estatística.
Alguns desses primeiros sistemas conseguiram demonstrar como todo um grupo de unidades (artificiais) podia armazenar uma representação’isolada’ – e acessá-la, como tinha previsto Hartley, quando recebesse apenas um indício parcial. A década de 1950 testemunhou o desenvolvimento de modelos que podiam aprender conceitos e também associá-los. Tipicamente, utilizava-se alguma versão da regra ‘ft/wt’ de Hebb (fire together/wire together – dispara junto/conecta junto). O conexionismo não era mais apenas um brilho no olhar de Hartley. Agora, o bebê estava bem e tinha realmente nascido”.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Billy Bragg & Wilco tocam Guthrie
O CD duplo é Mermaid Avenue, que foi realizado em 1998 e 2000. Diz o site Recessed Filter: “Os dois discos se baseiam nas letras de Woody Guthrey para músicas que ele não compôs devido à sua doença e morte prematura. Em Chronicles, Bob Dylan conta uma história esquisita sobre como essas letras não foram dadas a ele, apesar da promessa de Guthrie. Em 1995, Nora Guthrie (filha) procurou Billy Bragg e sugeriu que ele compusesse músicas para as letras que selecionasse do legado de seu pai. Ele ofereceu a cooperação do grupo Wilco, e assim nasceram esses dois discos (1998 e 2000). O resultado são folk songs bem escritas e compostas num espírito contemporâneo que combina inocência e sofisticação”. Em http://recessed-filter.blogspot.com/
100+ Language Learning Websites
Isto é, mais de 100 sites onde v. pode aprender línguas (são 110 sites). Diz o Center for Learning and Performance Technologies, onde está a lista: “alguns sites fornecem conteúdo e alguns comunidade; alguns fornecem os dois. Alguns focalizam a aprendizagem de uma língua específica; outros cobrem diversas línguas”. Veja em: http://www.c4lpt.co.uk/Showcase/100langlearning.html
As principais línguas ensinadas são inglês, árabe, espanhol, chinês, francês e alemão, além de japonês, italiano, hebraico, grego, russo e até esperanto. Muitos sites prometem o paraíso, mas na verdade o aprendizado de uma língua estrangeira demanda muito esforço e dedicação, interesse, perseverança. Enfim, uma boa motivação. A idade do aluno ao iniciar o curso influencia bastante, mas não é um obstáculo que vença uma boa motivação. O importante é começar a aprender e fazer uma ‘imersão’ na cultura inglesa ou americana, francesa, árabe, etc. Aí a coisa vai...
As principais línguas ensinadas são inglês, árabe, espanhol, chinês, francês e alemão, além de japonês, italiano, hebraico, grego, russo e até esperanto. Muitos sites prometem o paraíso, mas na verdade o aprendizado de uma língua estrangeira demanda muito esforço e dedicação, interesse, perseverança. Enfim, uma boa motivação. A idade do aluno ao iniciar o curso influencia bastante, mas não é um obstáculo que vença uma boa motivação. O importante é começar a aprender e fazer uma ‘imersão’ na cultura inglesa ou americana, francesa, árabe, etc. Aí a coisa vai...
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Como o Cérebro Organiza Informações?
O artigo de mesmo nome (How does the brain organize information?), de H. Kröger (Département de Physique, Université Laval, Quebec, CA), com versão original de 20.02.2009 e publicado na seção Quantitative Biology, do http://br.axiv.org , merece nossa atenção e traduzo aqui o abstract do inglês meio manco de Mr. Kröger:
“Os processos cognitivos do cérebro, como aprendizagem, formação de memórias, recuperação de imagens memorizadas, classificação de objetos (assim como: esse objeto é ou não uma mesa?) têm duas características: Primeira, não há um supervisor no cérebro para controlar esses processos (assim como: essa imagem memorizada de uma pessoa é verdadeira?). Segunda, há um grande número de neurônios (de 10.6 a 10.10 - 10 elevado à sexta potência, etc.PLG) envolvidos nas tarefas cognitivas. Por esta razão, a pesquisa que visa a compreensão dos processos cognitivos usa modelos elaborados a partir de um grande número de neurônios (de 10.2 a 10.6), mas neurônios muito simplificados. As chamadas redes neurais têm tido bastante êxito na descrição de certos aspectos das funções cerebrais, como o mecanismo da memória associativa ou, recentemente, a predição de ataques epiléticos. Valendo-nos da rede de Kohonen, discutimos o tratamento da informação pelo cérebro, em particular como o cérebro organiza tais informações sem supervisão. Recentemente, redes de small-world (mundo simplificado) e de arquitetura sem escala foram enfatizadas. Há evidências que indicam que o cérebro (o córtex de gatos, de macacos, o cérebro humano) utiliza uma tal arquitetura de conectividade. Tarefas como tratamento de informações, aprendizagem e classificação tiram vantagem dessa conectividade small-world livre de escala e dessa maneira desempenham um papel potencialmente importante na auto-organização do cérebro”.
E prossegue Mr. Kröger na Introdução do artigo, Visão geral dos princípios organizacionais: “Um importante princípio da organização neural do cérebro são os chamados mapas de características (ou traços, destaques, etc. PLG – feature maps). Eles podem ser: (1) conjuntos de células sensíveis a características, (2) projeções ordenadas entre as camadas neuronais ou (3) mapas ordenados de características abstratas. Um exemplo do primeiro tipo são as células que respondem ao rosto humano. Exemplos do segundo tipo são o mapa retinotópico do campo visual ou o ‘homúnculo’ somatotópico do córtex sensóriomotor. Exemplos do terceiro tipo são o mapa de cores da área visual V4, o mapa de audição direcional do mesencéfalo da coruja e o mapa de amplitude de objetivo do córtex auditivo do morcego. Mais de uma propriedade de resposta pode ser mapeada simultaneamente em uma área, como foi visto no córtex visual, somatossensório e auditivo. Como não existe superfície receptiva para tais características abstratas, a ordem espacial das representações deve ser produzida por algum processo auto-organizador do cérebro, que ocorre principalmente depois do nascimento. Foi proposto que esses mapas precisam mapear uniformemente diversas propriedades de resposta sobre uma superfície cortical bidimensional (redução dimensional), o que levou Kohonen e depois Durbin et al., Obermayer et al. e Swindale a proporem modelos de formação de tais mapas de características. A relevância biológica do modelo de Kohonen foi estabelecida em diversos casos. Obermayer et al., Goodhill, Wolf et al., Swindale, e Bauer demonstraram que o Mapa Auto-Organizado (Self-Organized Map – SOM, o modelo de Kohonen) é capaz de produzir mapeamentos que trazem uma detalhada semelhança com mapas corticais visuais reais. Swindale et al. analisaram os mapas do córtex visual de gatos e descobriram que a otimização de cobertura é importante para o desenvolvimento do mapa cortical, dando sustentação aos modelos de redução dimensional de Kohonen e de Durbin et al. Swindale utilizou o modelo de Kohonen para estudar como diferentes espaços de características podem ser representados em mapas corticais. O SOM foi usado para estudar distúrbios da atenção e a preferência de familiaridade no autismo. Com sua investigação do córtex visual primário (V1) dos furões, Sur et al. descobriram uma distorção no mapeamento da cena visual sobre o córtex, em concordância com as predições do modelo de Kohonen. Aflalo et al. investigaram as origens da organização complexa do córtex motor e descobriram que o mapa gerado a partir do modelo de Kohonen continha muitas características do córtex motor real de macacos.
É uma propriedade biológica o fato de que a organização cortical de mamíferos ocorre durante um curto período depois do nascimento, no qual a conectividade neural é estabelecida. Mais notavelmente, isto é acompanhado pela morte geneticamente controlada de células neuronais e pelo desbastamento de conexões sinápticas. O desbastamento pós-natal de conexões sinápticas é um princípio biológico da organização cerebral. Outro princípio organizacional situa-se potencialmente na arquitetura de conectividade neural e em sua resultante função cerebral. O conceito de Redes de Mundos Simplificados (Small World Networks – SWN) e a variante Redes Sem Escala (Scale Free Networks – SFN) tornaram-se muito populares recentemente, depois da descoberta de que tal arquitetura de neurointegração de rede se realiza na organização da sociedade humana (experimento de Milgram), nas línguas, na WWW, na Internet, na rede metabólica do E. coli, no sistema nervoso do nematodo C. elegans, no córtex de gatos e no córtex de macacos. Nos cérebros de humanos, a imagem funcional por ressonância magnética (fMRI) mostrou evidências de redes funcionais de atividade cerebral correlacionada, que apresentam arquitetura SWN e SFN. Por outro lado, a escala de frequência 1/∫α foi observada em potenciais elétricos de campo local, indicando correlações temporais de grande amplitude. A possibilidade das arquiteturas SWN e SWF (não está claro o que significa SWF, mas deve ser SFN. PLG) desempenharem um papel na organização do cérebro leva a uma importante pergunta: As arquiteturas SWN e SFN introduzem uma vantagem operacional no funcionamento do cérebro? De fato, descobriu-se que uma rede de Hodgkin-Huxley com neurointegração SWN fornece uma resposta rápida e sincronizada a estímulos cerebrais. Modelos de memória associativa demonstraram que a arquitetura SWN produz o mesmo desempenho de recuperação de memória que redes conectadas aleatoriamente, mas utilizando apenas uma fração do comprimento total da conexão. Descobriu-se que a modelagem de aprendizagem supervisionada em uma rede preventiva em camadas (layered feed-forward network) com arquitetura SWN reduz o tempo e o número de erros na aprendizagem. Estas descobertas sustentam a hipótese de que as arquiteturas SWN/SFN podem representar outro princípio organizacional do cérebro”.
“Os processos cognitivos do cérebro, como aprendizagem, formação de memórias, recuperação de imagens memorizadas, classificação de objetos (assim como: esse objeto é ou não uma mesa?) têm duas características: Primeira, não há um supervisor no cérebro para controlar esses processos (assim como: essa imagem memorizada de uma pessoa é verdadeira?). Segunda, há um grande número de neurônios (de 10.6 a 10.10 - 10 elevado à sexta potência, etc.PLG) envolvidos nas tarefas cognitivas. Por esta razão, a pesquisa que visa a compreensão dos processos cognitivos usa modelos elaborados a partir de um grande número de neurônios (de 10.2 a 10.6), mas neurônios muito simplificados. As chamadas redes neurais têm tido bastante êxito na descrição de certos aspectos das funções cerebrais, como o mecanismo da memória associativa ou, recentemente, a predição de ataques epiléticos. Valendo-nos da rede de Kohonen, discutimos o tratamento da informação pelo cérebro, em particular como o cérebro organiza tais informações sem supervisão. Recentemente, redes de small-world (mundo simplificado) e de arquitetura sem escala foram enfatizadas. Há evidências que indicam que o cérebro (o córtex de gatos, de macacos, o cérebro humano) utiliza uma tal arquitetura de conectividade. Tarefas como tratamento de informações, aprendizagem e classificação tiram vantagem dessa conectividade small-world livre de escala e dessa maneira desempenham um papel potencialmente importante na auto-organização do cérebro”.
E prossegue Mr. Kröger na Introdução do artigo, Visão geral dos princípios organizacionais: “Um importante princípio da organização neural do cérebro são os chamados mapas de características (ou traços, destaques, etc. PLG – feature maps). Eles podem ser: (1) conjuntos de células sensíveis a características, (2) projeções ordenadas entre as camadas neuronais ou (3) mapas ordenados de características abstratas. Um exemplo do primeiro tipo são as células que respondem ao rosto humano. Exemplos do segundo tipo são o mapa retinotópico do campo visual ou o ‘homúnculo’ somatotópico do córtex sensóriomotor. Exemplos do terceiro tipo são o mapa de cores da área visual V4, o mapa de audição direcional do mesencéfalo da coruja e o mapa de amplitude de objetivo do córtex auditivo do morcego. Mais de uma propriedade de resposta pode ser mapeada simultaneamente em uma área, como foi visto no córtex visual, somatossensório e auditivo. Como não existe superfície receptiva para tais características abstratas, a ordem espacial das representações deve ser produzida por algum processo auto-organizador do cérebro, que ocorre principalmente depois do nascimento. Foi proposto que esses mapas precisam mapear uniformemente diversas propriedades de resposta sobre uma superfície cortical bidimensional (redução dimensional), o que levou Kohonen e depois Durbin et al., Obermayer et al. e Swindale a proporem modelos de formação de tais mapas de características. A relevância biológica do modelo de Kohonen foi estabelecida em diversos casos. Obermayer et al., Goodhill, Wolf et al., Swindale, e Bauer demonstraram que o Mapa Auto-Organizado (Self-Organized Map – SOM, o modelo de Kohonen) é capaz de produzir mapeamentos que trazem uma detalhada semelhança com mapas corticais visuais reais. Swindale et al. analisaram os mapas do córtex visual de gatos e descobriram que a otimização de cobertura é importante para o desenvolvimento do mapa cortical, dando sustentação aos modelos de redução dimensional de Kohonen e de Durbin et al. Swindale utilizou o modelo de Kohonen para estudar como diferentes espaços de características podem ser representados em mapas corticais. O SOM foi usado para estudar distúrbios da atenção e a preferência de familiaridade no autismo. Com sua investigação do córtex visual primário (V1) dos furões, Sur et al. descobriram uma distorção no mapeamento da cena visual sobre o córtex, em concordância com as predições do modelo de Kohonen. Aflalo et al. investigaram as origens da organização complexa do córtex motor e descobriram que o mapa gerado a partir do modelo de Kohonen continha muitas características do córtex motor real de macacos.
É uma propriedade biológica o fato de que a organização cortical de mamíferos ocorre durante um curto período depois do nascimento, no qual a conectividade neural é estabelecida. Mais notavelmente, isto é acompanhado pela morte geneticamente controlada de células neuronais e pelo desbastamento de conexões sinápticas. O desbastamento pós-natal de conexões sinápticas é um princípio biológico da organização cerebral. Outro princípio organizacional situa-se potencialmente na arquitetura de conectividade neural e em sua resultante função cerebral. O conceito de Redes de Mundos Simplificados (Small World Networks – SWN) e a variante Redes Sem Escala (Scale Free Networks – SFN) tornaram-se muito populares recentemente, depois da descoberta de que tal arquitetura de neurointegração de rede se realiza na organização da sociedade humana (experimento de Milgram), nas línguas, na WWW, na Internet, na rede metabólica do E. coli, no sistema nervoso do nematodo C. elegans, no córtex de gatos e no córtex de macacos. Nos cérebros de humanos, a imagem funcional por ressonância magnética (fMRI) mostrou evidências de redes funcionais de atividade cerebral correlacionada, que apresentam arquitetura SWN e SFN. Por outro lado, a escala de frequência 1/∫α foi observada em potenciais elétricos de campo local, indicando correlações temporais de grande amplitude. A possibilidade das arquiteturas SWN e SWF (não está claro o que significa SWF, mas deve ser SFN. PLG) desempenharem um papel na organização do cérebro leva a uma importante pergunta: As arquiteturas SWN e SFN introduzem uma vantagem operacional no funcionamento do cérebro? De fato, descobriu-se que uma rede de Hodgkin-Huxley com neurointegração SWN fornece uma resposta rápida e sincronizada a estímulos cerebrais. Modelos de memória associativa demonstraram que a arquitetura SWN produz o mesmo desempenho de recuperação de memória que redes conectadas aleatoriamente, mas utilizando apenas uma fração do comprimento total da conexão. Descobriu-se que a modelagem de aprendizagem supervisionada em uma rede preventiva em camadas (layered feed-forward network) com arquitetura SWN reduz o tempo e o número de erros na aprendizagem. Estas descobertas sustentam a hipótese de que as arquiteturas SWN/SFN podem representar outro princípio organizacional do cérebro”.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
Haikonen - Cérebros Robóticos
O livro é Robot Brains: Circuits and Systems for Conscious Machines (Cérebros Robóticos: Circuitos e Sistemas para Máquinas Conscientes), de Pentti O. Haikonen, editado pela Wiley-Interscience (2007), 224 pgs. PDF de 3,4 MB. Está em http://depositfiles.com/files/8397011 A editoria comenta: “Haikonen prevê robôs autônomos que percebem e entendem o mundo diretamente, agindo nele de maneira natural parecida com a maneira humana, sem necessidade de programas e de representação numérica de informações. Desenvolvendo funções cognitivas de nível superior através do poder de arquiteturas neuronais artificiais associativas, o autor aborda o problema de máquinas conscientes. Robot Brains delineia com conhecimento de causa uma abordagem sistêmica completa de máquinas cognitivas, oferecendo orientações práticas de projetos para a criação de máquinas criativas autônomas não-numéricas. Detalha tópicos como as partes componentes e os princípios de realização, de modo que diferentes partes podem ser implementadas em hardware ou software. São fornecidos exemplos do mundo real, incluindo exemplos de circuitos e sistemas que poucos livros sobre esse tópico têm fornecido”.
Wlodislaw Duch, do departamento de informática da Universidade Nicolaus Copernicus (Polônia), não concorda: “O que, de acordo com Haikonen, tornará um robô consciente? Resumindo, ele deve se parecer mais com os humanos, deve ser provido de algum tipo de mente, ser auto-motivado e entender emoções e linguagem, usando esta última para uma comunicação natural. Deve ser capaz de reagir de maneira emocional, ser auto-consciente e perceber que seu conteúdo mental é imaterial. Ainda que os filósofos possam objetar que isso tudo ainda não é suficiente, construir tais robôs pode ajudar muito na compreensão dos problemas da consciência humana”. E Duch prossegue: “O livro deve ser interessante para pessoas que trabalham com inteligência computacional e robótica cognitiva, e sem dúvida merece uma leitura cuidadosa. Pesquisadores de neurociência computacional, que frequentemente enfatizam detalhes, também podem se beneficiar com a abordagem integrativa apresentada em Robot Brains. Mas isso resolve o problema? Podemos ler na contracapa do livro: ‘Os métodos apresentados nesse livro têm importantes implicações para a visão computacional, o processamento de sinais, reconhecimento de fala e para outros campos da tecnologia da informação’. Certamente o livro introduz diversos pontos de vista interessantes, mas a prova do pudim está em comê-lo. Nós já sabíamos que memória, controle, linguagem e emoções são importantes, e que os circuitos neurais são a maneira de implementar tudo isso. Nenhuma tecnologia nova foi proposta, nem fornecida nenhuma demonstração de software ou de hardware. Visão, linguagem e cognição no nível humano de competência ainda continuam a ser um grande desafio, e não está claro até onde se pode ir sem detalhadas inspirações a partir do cérebro. Por exemplo, o papel do tronco encefálico ou do complicado sistema de recompensa e motivação precisa ser abordado. No prefácio o autor escreve que ‘é bastante fácil implementar esses princípios à maneira dos programas de computador’. Mas ainda é necessário ver-se como isso é fácil e até onde os métodos descritos no livro podem ser capazes de nos levar a robôs autônomos e conscientes”.
No verbete Machine Consciousness, da Scholarpedia (artigo bem interessante, por sinal), diz Igor Aleksander (2008), do Imperial College (UK): “Investigando sistemas que não robôs, uma substancial contribuição para o estudo da consciência de máquinas foi feita pelo engenheiro finlandês Pennti Haikonen. Ele trabalha para a compania Nokia, em Helsinki, e está desenvolvendo uma abordagem de rede neural para expressar importantes características da consciência, como processos de sinal em uma arquitetura multi-canal (2003). Ele se remete a questões como percepção, visão interior, fala interior e emoções. Em comum com outros que abordam a consciência como um processo de projeto de engenharia, Haikonen chega à conclusão que dada uma decomposição apropriada do conceito em suas partes cognitivas, muitos mistérios serão esclarecidos. Em sua obra recente (2007), Haikonen confirma e aprofunda a noção de que sua estrutura neural leva a uma discussão fundamentada sobre significado e representação. É claro que, com sua abordagem de engenheiro, pode-se adiantar a crítica de que tudo isso aborda apenas o ‘problema fácil’ do funcionamento necessário de substratos para que sejam criadas representações cognitivas, deixando o ‘problema difícil’ desse elo para qualias experienciadas ou sensações intocadas. A principal oposição a seu argumento é a noção ‘virtual’ de que as qualias e as sensações podem ser discutidas enquanto conceitos virtuais que não dependem de elos com os substratos físicos e mesmo assim podem ser abordadas na linguagem dos sistemas informacionais”.
L. Andrew Coward e Tamas O. Gedeon, do departamento de computação da Australian National University, escrevem sobre o modelo de Haikonen em seu artigo Implications of Resource Limitations for a Conscious Machine, Neurocomputing vol. 72, issue 4-6, janeiro de 2009, p. 767-788 (por sinal, um artigo muito bom): “Os problemas com esse modelo são, em primeiro lugar, que ele supõe um conjunto completo de perceptos pré-definidos que não exigem qualquer evolução, a despeito do caráter de novidade da experiência, e em segundo lugar, que não há nenhuma indicação sobre como o sistema pode identificar que os perceptos ‘importantes’ estejam associados a longo prazo através do processo de ensaio”. O item 8.1 do artigo, A Arquitetura Neural de Haikonen, está em geral redigido na mesma veia. Esse mesmo número (vol. 72, issue 4-6) da Neurocomputing tem boa parte de seu conteúdo dedicada a Brain Inspired Cognitive Systems (sistemas cognitivos inspirados no cérebro) e traz 10 artigos correspondentes, e também à Interplay Between Natural and Artificial Computation (interação entre computação natural e artificial), com 16 artigos, além dos (muitos) artigos regulares. Para quem transita nessa área, imperdível.
Wlodislaw Duch, do departamento de informática da Universidade Nicolaus Copernicus (Polônia), não concorda: “O que, de acordo com Haikonen, tornará um robô consciente? Resumindo, ele deve se parecer mais com os humanos, deve ser provido de algum tipo de mente, ser auto-motivado e entender emoções e linguagem, usando esta última para uma comunicação natural. Deve ser capaz de reagir de maneira emocional, ser auto-consciente e perceber que seu conteúdo mental é imaterial. Ainda que os filósofos possam objetar que isso tudo ainda não é suficiente, construir tais robôs pode ajudar muito na compreensão dos problemas da consciência humana”. E Duch prossegue: “O livro deve ser interessante para pessoas que trabalham com inteligência computacional e robótica cognitiva, e sem dúvida merece uma leitura cuidadosa. Pesquisadores de neurociência computacional, que frequentemente enfatizam detalhes, também podem se beneficiar com a abordagem integrativa apresentada em Robot Brains. Mas isso resolve o problema? Podemos ler na contracapa do livro: ‘Os métodos apresentados nesse livro têm importantes implicações para a visão computacional, o processamento de sinais, reconhecimento de fala e para outros campos da tecnologia da informação’. Certamente o livro introduz diversos pontos de vista interessantes, mas a prova do pudim está em comê-lo. Nós já sabíamos que memória, controle, linguagem e emoções são importantes, e que os circuitos neurais são a maneira de implementar tudo isso. Nenhuma tecnologia nova foi proposta, nem fornecida nenhuma demonstração de software ou de hardware. Visão, linguagem e cognição no nível humano de competência ainda continuam a ser um grande desafio, e não está claro até onde se pode ir sem detalhadas inspirações a partir do cérebro. Por exemplo, o papel do tronco encefálico ou do complicado sistema de recompensa e motivação precisa ser abordado. No prefácio o autor escreve que ‘é bastante fácil implementar esses princípios à maneira dos programas de computador’. Mas ainda é necessário ver-se como isso é fácil e até onde os métodos descritos no livro podem ser capazes de nos levar a robôs autônomos e conscientes”.
No verbete Machine Consciousness, da Scholarpedia (artigo bem interessante, por sinal), diz Igor Aleksander (2008), do Imperial College (UK): “Investigando sistemas que não robôs, uma substancial contribuição para o estudo da consciência de máquinas foi feita pelo engenheiro finlandês Pennti Haikonen. Ele trabalha para a compania Nokia, em Helsinki, e está desenvolvendo uma abordagem de rede neural para expressar importantes características da consciência, como processos de sinal em uma arquitetura multi-canal (2003). Ele se remete a questões como percepção, visão interior, fala interior e emoções. Em comum com outros que abordam a consciência como um processo de projeto de engenharia, Haikonen chega à conclusão que dada uma decomposição apropriada do conceito em suas partes cognitivas, muitos mistérios serão esclarecidos. Em sua obra recente (2007), Haikonen confirma e aprofunda a noção de que sua estrutura neural leva a uma discussão fundamentada sobre significado e representação. É claro que, com sua abordagem de engenheiro, pode-se adiantar a crítica de que tudo isso aborda apenas o ‘problema fácil’ do funcionamento necessário de substratos para que sejam criadas representações cognitivas, deixando o ‘problema difícil’ desse elo para qualias experienciadas ou sensações intocadas. A principal oposição a seu argumento é a noção ‘virtual’ de que as qualias e as sensações podem ser discutidas enquanto conceitos virtuais que não dependem de elos com os substratos físicos e mesmo assim podem ser abordadas na linguagem dos sistemas informacionais”.
L. Andrew Coward e Tamas O. Gedeon, do departamento de computação da Australian National University, escrevem sobre o modelo de Haikonen em seu artigo Implications of Resource Limitations for a Conscious Machine, Neurocomputing vol. 72, issue 4-6, janeiro de 2009, p. 767-788 (por sinal, um artigo muito bom): “Os problemas com esse modelo são, em primeiro lugar, que ele supõe um conjunto completo de perceptos pré-definidos que não exigem qualquer evolução, a despeito do caráter de novidade da experiência, e em segundo lugar, que não há nenhuma indicação sobre como o sistema pode identificar que os perceptos ‘importantes’ estejam associados a longo prazo através do processo de ensaio”. O item 8.1 do artigo, A Arquitetura Neural de Haikonen, está em geral redigido na mesma veia. Esse mesmo número (vol. 72, issue 4-6) da Neurocomputing tem boa parte de seu conteúdo dedicada a Brain Inspired Cognitive Systems (sistemas cognitivos inspirados no cérebro) e traz 10 artigos correspondentes, e também à Interplay Between Natural and Artificial Computation (interação entre computação natural e artificial), com 16 artigos, além dos (muitos) artigos regulares. Para quem transita nessa área, imperdível.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Mente e Mecanismo
“Em Mind and Mechanism (The MIT Press), Drew McDermott faz uma abordagem computacional ao problema mente-corpo (como é que uma entidade puramente física, o cérebro, pode ter experiências). Ele inicia demonstrando a falsidade das abordagens dualistas, que separam os domínios físico e mental. Investiga então o que foi realizado em inteligência artificial, diferenciando claramente aquilo que sabemos construir daquilo que podemos imaginar construir. McDermott então detalha uma teoria computacional da consciência – afirmando que a mente pode ser modelada inteiramente em termos computacionais – e trata das diversas objeções possíveis. Ele também discute as consequências culturais da teoria, incluindo seu impacto sobre a religião e a ética”. (Texto da editoria Bradford Books)
Em http://depositfiles.com/files/1210489
Em http://depositfiles.com/files/1210489
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Acelere radicalmente seu PC
Nada a ver com Cognição, Linguagem ou Música, mas temos que dispor de um computador legalzinho, daí que recomendo a leitura de 99 ways to make your computer blazingly fast . Na verdade são cem maneiras, porque é só trocar para Linux que seus problemas acabam – como acentuou um comentarista do artigo. Além disso, a 99ª maneira não conta: “Compre um computador novo”. A leitura dos comentários é importante: os geeks/nerds et caterva também dão dicas, fazem reclamações e dizem besteira. Uma festa... Mas algumas dicas implicam em fuçar coisas que um leigo não deveria, como o Registry. Procure fazer apenas aquilo que lhe parecer seguro.
Raciocínio Humano e Ciência Cognitiva
A descrição da editoria, Bradford Books: “Em Human Reasoning and Cognitive Science (The MTI Press), Keith Stenning e Michiel van Lambalgen – um cientista cognitivo e um logicista – defendem a indispensabilidade da moderna lógica matemática para o estudo do raciocínio humano. Lógica e cognição já foram estreitamente ligadas, escrevem eles, mas ‘divorciaram-se’ no século passado; a psicologia da dedução passou de uma posição importante na revolução cognitiva para ser o assunto de um disseminado ceticismo sobre se o raciocínio humano ocorre realmente fora das instituições de ensino. Stenning e van Lambalgen defendem o ponto de vista de que a lógica e o raciocínio foram separados por causa de uma série de suposições infundadas sobre lógica.
Stenning e van Lambalgen argumentam que a psicologia não pode ignorar os processos de interpretação nos quais as pessoas, querendo ou não, enquadram os problemas para raciocinar subsequentemente sobre eles. Os autores empregam uma lógica invalidável neuralmente implementável (neurally implementable defeasible logic no original; minha tradução não está boa, mas vai ficar assim mesmo por enquanto - PLG) para modelar parte desse processo de enquadramento, e mostram como ele pode ser usado para guiar o projeto de experimentos e a interpretação de resultados. Apresentam exemplos de raciocínio dedutivo, do desenvolvimento infantil quanto a entendimentos de sua mente, da análise de um distúrbio psiquiátrico (autismo), e da pesquisa sobre as origens evolutivas dos processos mentais superiores humanos”. Publicação: 2008, 392 páginas, em PDF.
Em http://depositfiles.com/files/bc515bfek
Stenning e van Lambalgen argumentam que a psicologia não pode ignorar os processos de interpretação nos quais as pessoas, querendo ou não, enquadram os problemas para raciocinar subsequentemente sobre eles. Os autores empregam uma lógica invalidável neuralmente implementável (neurally implementable defeasible logic no original; minha tradução não está boa, mas vai ficar assim mesmo por enquanto - PLG) para modelar parte desse processo de enquadramento, e mostram como ele pode ser usado para guiar o projeto de experimentos e a interpretação de resultados. Apresentam exemplos de raciocínio dedutivo, do desenvolvimento infantil quanto a entendimentos de sua mente, da análise de um distúrbio psiquiátrico (autismo), e da pesquisa sobre as origens evolutivas dos processos mentais superiores humanos”. Publicação: 2008, 392 páginas, em PDF.
Em http://depositfiles.com/files/bc515bfek
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Happy Birthday, Mr. Darwin
Hoje comemora-se o ducentésimo aniversário de nascimento do grande naturalista inglês Charles Darwin. Aquilo de mais básico que temos é a vida, e Darwin levantou o véu que ocultava o conhecimento da origem e da evolução da árvore da vida. Muitos cientistas aperfeiçoaram suas idéias nesses últimos 150 anos, desde a publicação da Origin, mas o mérito do pontapé inicial dessa visão revolucionária (e que Darwin hesitou bastante antes de publicar) é dele. Para nossa atualidade, fala Mark Pagel (que Greg Laden, em seu excelente blog, chama de teórico evolutivo extraordinaire) em seu artigo na revista Nature de hoje:
Nature 457, 808-811 (12 February 2009)
Natural selection 150 years on
Mark Pagel
School of Biological Sciences, University of Reading, Reading RG6 6AJ, UK. The Santa Fe Institute, 1399 Hyde Park Road, Santa Fe, New Mexico 87501, USA.
Abstract/Resumo
The theory of evolution by natural selection has prospered in its first 150 years and provides a consistent account of species as highly adapted and rare survivors in the struggle for existence. It now faces the challenge of finding order in the evolution of complex systems, including human society.
A teoria da evolução através da seleção natural prosperou em seus primeiros cento e cinquenta anos e fornece uma descrição consistente das espécies como sobreviventes muito adaptados e raros da luta pela existência.Ela agora enfrenta o desafio de descobrir ordem na evolução de sistemas complexos, incluindo a sociedade humana.
Nature 457, 808-811 (12 February 2009)
Natural selection 150 years on
Mark Pagel
School of Biological Sciences, University of Reading, Reading RG6 6AJ, UK. The Santa Fe Institute, 1399 Hyde Park Road, Santa Fe, New Mexico 87501, USA.
Abstract/Resumo
The theory of evolution by natural selection has prospered in its first 150 years and provides a consistent account of species as highly adapted and rare survivors in the struggle for existence. It now faces the challenge of finding order in the evolution of complex systems, including human society.
A teoria da evolução através da seleção natural prosperou em seus primeiros cento e cinquenta anos e fornece uma descrição consistente das espécies como sobreviventes muito adaptados e raros da luta pela existência.Ela agora enfrenta o desafio de descobrir ordem na evolução de sistemas complexos, incluindo a sociedade humana.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Lynyrd Skynyrd Songbook
Para quem gosta de cantar a letra certa e ainda por cima toca violão ou guitarra, a dica é o songbook do Lynyrd Skynyrd, Southern rock de primeira qualidade. Em http://w18easy-share.com/1702565537.html
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Dave Mason
O último CD do grande Dave Mason, 26 Letters ~12 Notes, já está disponível para download no site http://gravetos-berlotas.blogspot.com . Mais uma dentro do excelente blog de música. Estando lá, aproveite para colocar "david mason" no slot de pesquisa do blog e veja tudo do músico inglês que está disponível.
Arts and Letters Daily - O Site
O ALDaily é um site que nos remete a artigos importantes, influentes, bem escritos, e também a algumas (poucas) coisas meio duvidosas, mas vamos ficar nos elogios.... Lendo o site pela primeira vez depois de umas duas semanas de ausência, deparei-me com um exagero de coisas boas, das quais vou indicar algumas aqui e agora. A estrutura do site é assim:
“Culture – literature and the other arts – are functionally significant features of human evolution.” Joseph Carroll and other thinkers on the power of Darwin’s thought today... more» (O link em “more” nos remete ao original - nesse caso, a revista Forbes - geralmente de livre consulta)
Prosseguindo, minha passagem por lá me levou a:
Samuel Huntington died a pariah among America’s intellectual elite. As Eric Kaufmann explains, this was because he was actually rather normal... more»
John Updike, novelist, man of letters and erudite chronicler of sex, divorce, and life’s adventures, is dead... AP ... NYT ... Telegraph ... Guardian ... NYT ... London Times ... WP ... New Yorker ... LA Times ... Guardian ... TPM ... Boston Globe ... London Times ... National Post ... WSJ ... LA Times ... Guardian ... Forbes ... SF Chron ... Slate ... Guardian ... Philly Inq ... TLS ... Independent ... Weekly Standard ... New Republic ... Guardian ... Michael Dirda ... Morris Dickstein
What does a woman want? Does she know? Does science know? Is this a deeply unanswerable question?... more» (artigaço sobre sexualidade humana, especialmente a feminina)
It was brutal, heroic, and a victory for the longbow. How did the Battle of Agincourt look through the eyes of an archer?... more» O Wall Street Journal mandando ver na crítica literária
Edgar Allan Poe was also a player of hoaxes, a plagiarist, and substance abuser. But oh, how he could write... more»
He smashed the china, soiled sheets, sunbathed nude, and was either drunk or stoned. Arthur Rimbaud was an impossible house guest... more»
W.H. Auden, E.M. Forster, William Empson, and Philip Larkin: four men who lived and died by, with, and for the English language. Steven Isenberg had lunch with them all... more»
For Simon Schama, the American story is a compelling one. New plot lines may now emerge, but we’ve known the central character for a very long time... more»
In New York, Herbert Spencer was feted at a Delmonico’s banquet. The fawning tributes bored him, while his audience was baffled by his speech... more» O Wall Street Journal mandando ver de novo...
Our DNA deals each of us a unique hand of tastes and aptitudes: curiosity, ambition, empathy, love of novelty or security. For Steven Pinker, it’s my genome, myself... more» Pinker no NY Times
Hannah Arendt is still a thinker for our time, says Adam Kirsch: a time when failed states have again and again become the settings for mass murder... more»
Who Checks the Spell-Checkers? Microsoft Word’s dictionary is old and outdated, says Chris Wilson... more»
Printing – electricity – radio – antibiotics: after them, nothing was the same. Intellectual impresario John Brockman asks a select group of thinkers, “What will change everything?”... more» A revista Edge traz sempre alguma coisa boa...
Kafkaesque: the nonchalant intrusion of the bizarre and horrible into everyday life, the subjection of ordinary people to an inscrutable fate... more»
Disraeli, with his olive complexion and coal black eyes, was an English Jew at a time when being English and Jewish was inconceivable... more»
Did the universe exist before it existed, bouncing back even then from a previous collapse and bounce? Ad infinitum... more» A New Scientist ataca outra vez...
Leopold Bloom: son, father, lover, friend, warrior, man at arms – ordinary, yet a “complete human being.” Everyman for Modernism, says Peter Gay... more»
Darwinian science does not offer easy answers to all the pressing social questions of the day. But evolution gives social science a new start... more» artigo da revista Economist
Abd al-Rahman’s Muslim Iberia was much advanced over Western Christendom in 800. If Charles Martel had lost at Poitiers, the world would be better off... more»
Muitos outros artigos bons não foram citados aqui. Veja por si mesmo(a) ...
“Culture – literature and the other arts – are functionally significant features of human evolution.” Joseph Carroll and other thinkers on the power of Darwin’s thought today... more» (O link em “more” nos remete ao original - nesse caso, a revista Forbes - geralmente de livre consulta)
Prosseguindo, minha passagem por lá me levou a:
Samuel Huntington died a pariah among America’s intellectual elite. As Eric Kaufmann explains, this was because he was actually rather normal... more»
John Updike, novelist, man of letters and erudite chronicler of sex, divorce, and life’s adventures, is dead... AP ... NYT ... Telegraph ... Guardian ... NYT ... London Times ... WP ... New Yorker ... LA Times ... Guardian ... TPM ... Boston Globe ... London Times ... National Post ... WSJ ... LA Times ... Guardian ... Forbes ... SF Chron ... Slate ... Guardian ... Philly Inq ... TLS ... Independent ... Weekly Standard ... New Republic ... Guardian ... Michael Dirda ... Morris Dickstein
What does a woman want? Does she know? Does science know? Is this a deeply unanswerable question?... more» (artigaço sobre sexualidade humana, especialmente a feminina)
It was brutal, heroic, and a victory for the longbow. How did the Battle of Agincourt look through the eyes of an archer?... more» O Wall Street Journal mandando ver na crítica literária
Edgar Allan Poe was also a player of hoaxes, a plagiarist, and substance abuser. But oh, how he could write... more»
He smashed the china, soiled sheets, sunbathed nude, and was either drunk or stoned. Arthur Rimbaud was an impossible house guest... more»
W.H. Auden, E.M. Forster, William Empson, and Philip Larkin: four men who lived and died by, with, and for the English language. Steven Isenberg had lunch with them all... more»
For Simon Schama, the American story is a compelling one. New plot lines may now emerge, but we’ve known the central character for a very long time... more»
In New York, Herbert Spencer was feted at a Delmonico’s banquet. The fawning tributes bored him, while his audience was baffled by his speech... more» O Wall Street Journal mandando ver de novo...
Our DNA deals each of us a unique hand of tastes and aptitudes: curiosity, ambition, empathy, love of novelty or security. For Steven Pinker, it’s my genome, myself... more» Pinker no NY Times
Hannah Arendt is still a thinker for our time, says Adam Kirsch: a time when failed states have again and again become the settings for mass murder... more»
Who Checks the Spell-Checkers? Microsoft Word’s dictionary is old and outdated, says Chris Wilson... more»
Printing – electricity – radio – antibiotics: after them, nothing was the same. Intellectual impresario John Brockman asks a select group of thinkers, “What will change everything?”... more» A revista Edge traz sempre alguma coisa boa...
Kafkaesque: the nonchalant intrusion of the bizarre and horrible into everyday life, the subjection of ordinary people to an inscrutable fate... more»
Disraeli, with his olive complexion and coal black eyes, was an English Jew at a time when being English and Jewish was inconceivable... more»
Did the universe exist before it existed, bouncing back even then from a previous collapse and bounce? Ad infinitum... more» A New Scientist ataca outra vez...
Leopold Bloom: son, father, lover, friend, warrior, man at arms – ordinary, yet a “complete human being.” Everyman for Modernism, says Peter Gay... more»
Darwinian science does not offer easy answers to all the pressing social questions of the day. But evolution gives social science a new start... more» artigo da revista Economist
Abd al-Rahman’s Muslim Iberia was much advanced over Western Christendom in 800. If Charles Martel had lost at Poitiers, the world would be better off... more»
Muitos outros artigos bons não foram citados aqui. Veja por si mesmo(a) ...
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
A calma dessa gente...
Não só computadores pretos são mais rápidos do que os de outras cores, como também chegaram à conclusão que vacas que têm nomes produzem até 5% mais leite, de acordo com um estudo publicado em janeiro na revista Anthrozoos. Catherine Douglas, psicóloga behaviorista bovina (não ela, os pacientes), da Newcastle University (UK), disse que uma vaca provavelmente fica mais relaxada se tiver um nome e se não for tratada apenas como mais um número. E para não dizerem que estou mentindo: http://dsc.discovery.com/news/2009/02/05/cow-milk-name.html
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Duas decepções
No setor musical do rock, duas decepções. A primeira foi a mais pesarosa porque as expectativas eram maiores: Steve Miller Band e seu CD Brave New World, de 1969. Confira (se desejar) no site http://chrisgoesrocks.blogspot.com. A segunda foi mesmo uma balela da mídia: Lance Lopez, americano de New Mexico, é apresentado como o finaço do southern rock, as capas dos CDs são maneiras, esse tipo de coisa. Discípulo de fulano, tocou com sicrano, mas é uma droga... Quando li aquilo tudo sobre Lopez, gravei logo os três CDs disponíveis, sem ouvir nada. Ledo ivo. Higher Ground, First Things First e Simplify your Vision são lixo puro. Confira (se assim desejar) em http://fireballmusic.blogspot.com (que por sinal, é um site com muita gente boa, como Ryan McGarvey, Joe Bonamassa [primeiro time], Leslie West [idem], Southern Gentlemen [idem idem] e muitos e muitos outros).
Bach - Variações Goldberg
Yes, mais uma gravação do BWV 988. Está sendo citada aqui porque é simplesmente o máximo. O nome do artista é Pierre Hantaï e a gravação é de 1994. É ouvir e levitar. Veja no site http://pqpbach.opensadorselvagem.org/
DiRT - Ferramentas Digitais de Pesquisa
DiRT é o fino. Segundo o próprio site, “esta wiki reúne informações sobre ferramentas e recursos que podem ajudar pesquisadores (particularmente de ciências humanas e sociais) a conduzir suas pesquisas com mais eficiência ou com mais criatividade. Se v. necessita de um software para ajudá-lo a gerenciar citações, criar um trabalho multimídia ou analisar textos, as Ferramentas Digitais de Pesquisa vão ajudá-lo a encontrar o que procura. Fornecemos um diretório de ferramentas organizado por atividade de pesquisa, assim como resenhas de ferramentas selecionadas nas quais não apenas descrevemos as características da ferramenta como também exploramos como ela pode ser empregada com mais eficiência pelos pesquisadores”. A wiki foi criada por Lisa Spiro, diretora do Digital Media Center da Rice University (US), e fica em http://digitalresearchtools.pbwiki.com/ .
É uma excelente notícia. É de graça. Podemos fazer inscrição ou consultar anonimamente. E se v. quiser contribuir em assuntos de sua competência, a porta está aberta. Antes, é melhor ler o texto Guidelines for Contributors. Traz até um glossário com o jargão normalmente utilizado nesse tipo de site/serviço/iniciativa. Veja a lista dos tipos de ferramentas:
Types of Tools
I want to... (Eu quero...)
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É uma excelente notícia. É de graça. Podemos fazer inscrição ou consultar anonimamente. E se v. quiser contribuir em assuntos de sua competência, a porta está aberta. Antes, é melhor ler o texto Guidelines for Contributors. Traz até um glossário com o jargão normalmente utilizado nesse tipo de site/serviço/iniciativa. Veja a lista dos tipos de ferramentas:
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