terça-feira, 2 de agosto de 2011

As Perplexidades da Consciência

Know Thyself: Easier Said Than Done
By Nicholas Humphrey
The New York Times Sunday Book Review
Published: July 29, 2011

Perplexities of Consciousness
By Eric Schwitzgebel
A Bradford Book/The MIT Press.

Humphrey, a propósito de resenhar o livro de Schwitzgebel, nos ensina a importância da distinção entre sensação e percepção. E como se viu aqui em postagem de 16 de abril de 2010, ele é um conhecedor da consciência. (Como no artigo recente sobre Tallis, vou fazer uma tradução 'simplificada' - só um pouquinho). Depois do intróito de sempre (um 'causo' verdadeiro para ilustrar seu ponto de vista), ele prossegue:

Por que é que somos tão ineptos em saber o que se passa em nossas próprias mentes? O filósofo Eric Schwitzgebel, em “Perplexities of Consciousness", argumenta que nossas mentes são em grande parte um território oculto, não um local de livre acesso. A despeito do que acreditemos sobre nossos poderes de introspecção, a realidade é que conhecemos terrivelmente pouco sobre o que representa nossa experiência consciente. Mesmo quando relatando experiências correntes, fazemos afirmações divergentes, confusas e mesmo contraditórias sobre o que possivelmente está em nosso interior. (...)

Ora, v. pode achar que uma explicação provável para essas discordâncias seja que diferentes indivíduos têm cérebros constuídos de maneira diferente, e assim, só para começar, não estão tendo a mesma experiência. De fato, descobriu-se recentemente que alguns seres humanos têm uma porção três vezes maior do córtex cerebral designada para receber informações dos olhos do que outras pessoas têm. E isto, certamente, está influenciando de alguma maneira a qualidade de suas experiências. Ainda assim, Schwitzgebel argumenta que as diferenças cerebrais, mesmo que existam, provavelmente não têm tanta importância. Porque existem muitas evidências de que as pessoas dão interpretações diferentes aos mesmos eventos que ocorrem dentro de suas cabeças. (...)

Na década de 1780-1790, Thomas Reid, importante figura do Iluminismo Escocês, discutiu veementemente com seus colegas por causa de uma questão: por não darem a devida importância ao complexo e multivariado caráter da experiência sensorial. Reid argumentou que havia sempre duas vias paralelas em nossa experiência: "Os sentidos externos têm uma dupla província: fazer-nos sentir e fazer-nos perceber". A sensação é como representamos os estímulos sensoriais da superfície dos nossos corpos - a representação mental "do que está acontecendo comigo"; em contraste, a percepção trata de como representamos o mundo exterior, "o que está acontecendo lá fora". E esses dois processos têm características dissimilares: a sensação é pura (bruta) e imediata, a percepção é mais categorial e lenta.

Humphrey se estende um pouquinho mais sobre isso, et voilà: estamos conversados.

Nicholas Humphrey is school professor emeritus of psychology at the London School of Economics. His most recent book is “Soul Dust: The Magic of Consciousness.”