A screening test for cognitive therapy?
April 18, 2011
Acho que os autores desse artigo do Medical Express fazem muito bem em colocar um ponto de interrogação no título. A idéia é far-fetched, como dizem, pressupõe demais em terreno amplamente ignoto. A reação individual a qualquer psicoterapia é deveras imprevisível, e o próprio diagnóstico do que afligiria o paciente é objeto de discussões intermináveis - vide a brigalhada reinante para que sejam estabelecidos os parâmetros do futuro DSM-V. Mas a idéia também é tentadora, pelo menos em termos de saúde pública (custos vs benefícios, essas coisas de governo e finanças). Eu sou fá da CBT (cognitive behavioural therapy), e dou a maior força. Mas veja por si mesmo(a):
Os fundamentos científicos da psiquiatria ampliam-se rapidamente, mas ela ainda é um ramo distinto da medicina por causa da relativa ausência de testes biológicos na prática clínica rotineira.
Os tratamentos mais eficazes para depressão, incluindo a terapia cognitiva, são bem-sucedidos para apenas metade, mais ou menos, dos pacientes que os recebem. A capacidade de prever quais indivíduos mais provavelmente se beneficiariam com o tratamento reduziria o período de recuperação dos indivíduos, eliminaria o uso de tratamentos ineficazes e reduziria os altos custos dos cuidados médicos.
Pesquisa recente sugere que predições razoáveis podem ser feitas acerca de quais pacientes reagiriam (bem) à terapia cognitiva se passassem por uma tomografia cerebral. Infelizmente, as tomografias são muito dispendiosas e apresentam desafios técnicos, o que impede seu uso rotineiro.
Agora, pesquisadores da University of Pittsburgh e da University of Pennsylvania comunicam uma alternativa em potencial. Seus achados foram publicados no último número da Biological Psychiatry.
"Nós demonstramos que uma medida fisiológica rápida, barata e fácil, a dilatação da pupila em resposta a palavras emotivas, não só reflete a atividade de regiões cerebrais envolvidas na depressão e na reação ao tratamento como pode prever que pacientes provavelmente reagirão (bem) à terapia cognitiva", explicou o Dr. Greg Siegle, autor correspondente do estudo.
"De acordo com o provérbio, o olho é o espelho da alma, ou, nesse caso, o cérebro. A descoberta essencial desse estudo é que a atividade dos sistemas corticais cerebrais reguladores da emoção relaciona-se estreitamente com o tamanho da pupila quando as pessoas estão vendo palavras carregadas de emotividade", comentou o Dr. John Krystal, editor da Biological Psychiatry. "É por causa dessa relação entre o olho e o cérebro que as medições da pupila prevêem a reação à terapia cognitiva".
A terapia cognitiva é um tipo de psicoterapia projetada para ajudar os indivíduos a superar dificuldades modificando pensamentos e comportamentos negativos ou irracionais, o que, por sua vez, pode melhorar o humor e reduzir o estresse. Ela é quase sempre realizada em sessões semanais, e 10-20 sessões são eficazes para os indivíduos que se beneficiam dela.
Esse estudo foi relativamente pequeno, e ainda requer replicação. Entretanto, os autores têm grandes esperanças de que essa tecnologia poderia eventualmente ser utilizada regularmente para melhorar as taxas de reação positiva ao tratamento em clínicas de saúde mental.
Leia também:
The Evolution of the Cognitive Model of Depression and Its Neurobiological Correlates
Aaron T. Beck
(Am J Psychiatry 2008; 165:969–977)Achtung! - Beck é o criador da CBT