Os SSRIs (selective serotonin reuptake inhibitors - inibidores seletivos da retomada de serotonina) são uma classe de remédios para depressão que têm dado bons resultados quando receitados corretamente. Sempre que lia sobre eles, eu ficava imaginando como seria essa inibição do reuptake, até que um dia soube como se dava o processo. Mas uma explicação bem simplezinha - e bem ilustrada - que pudesse virar uma postagem interessante aqui no CLM nunca apareceu (nem podia: as coisas não aparecem do nada, e eu não procurei com afinco suficiente).
Agora dei de cara com uma 'propaganda' do Prozac feita pela universidade americana Duke, uma prática comum nesses tempos bicudos (mas leia o documento do NHS, mais abaixo), que explica razoavelmente o processo e tem três ilustrações despretenciosas que dão o recado.
Como Funcionam os Antidepressivos
Como os antidepressivos agem para afetar o humor?
Considera-se que as pessoas com depressão têm níveis baixos de dois neurotransmissores, serotonina e norepinefrina, em seus cérebros. Normalmente, a serotonina (fig. 1) e a norepinefrina são liberadas por um neurônio em uma sinapse - a conexão entre dois neurônios. Estas substâncias químicas, então, podem se ligar a proteínas ou a receptores de um neurônio vizinho chamado de neurônio pós-sináptico. Isto faz com que um conjunto de sinais seja distribuido através do cérebro e para outras partes do corpo.
Uma vez enviado o sinal, o neurotransmissor deve ser removido do espaço sináptico. A serotonia e a norepinefrina são removidas por transportadores do neurônio pré-sináptico, que as levam de volta para o interior desse neurônio para serem destruídas ou reutilizadas (fig. 2).
Os antidepressivos restauram os neurotransmissores no espaço sináptico
Se os níveis de serotonina e norepinefrina estiverem mais baixos nos indivíduos deprimidos, aumentar esses níveis pode auxiliar no tratamento da depressão. Os SSRIs e os SNRIs (o N representa a norepinefrina) ajudam a aumentar os níveis de serotonina e norepinefrina no espaço sináptico ao evitar que o neurônio pré-sináptico transporte os neurotransmissores de volta para seu interior (fig. 3). Isto resulta em níveis maiores de serotonina e de norepinefrina no espaço sináptico. Mais receptores são ativados, e a pessoa se sente menos deprimida.
O artiguinho prossegue com a recomendação de Prozac (o SSRI fluoxetina) para adolescentes e termina com o caveat de que o tratamento tem excelente margem de sucesso se combinado com CBT (cognitive behavioral therapy - terapia cognitiva comportamental). Dado o que já li sobre CBT, ela é uma opção preferencial (e não só para depressão) com relação a outras terapias de mesma finalidade.
Para terminar por enquanto, temos o artigo que é fonte dessa postagem da Duke:
March, JS et al. (2004) “Fluoxetine, Cognitive-Behavioral Therapy, and Their Combination for Adolescents with Depression.” Journal of the American Medical Association 292:807-820.
Quanto ao documento do NHS (National Health Services - o 'ministério da saúde' do UK), veja AQUI. Nele, a utilização da fluoxetina também é recomendada, mas sem a bênçao da FDA, isto é, se o paciente não tolerar bem o Prozac outros SSRIs podem ser utilizados como segunda opção. Anyways, os SSRIs são recomendados apenas na depressão grave, e o NHS veta o uso de paroxetina, venlafaxina, antidepressivos tricíclicos e hipérico (St John's Wort) para crianças e adolescentes. O artigo de March (que está afiliado à Duke) é de 2004, enquanto que o documento do NHS é de 2009 e foi revisado em fevereiro de 2011.
Nesse documento do NHS está o link para outro, de 68 páginas: Clinical Guideline 28 - Depression in children and young people: identification and management in primary, community and secondary care, onde é recomendada nominalmente a CBT para crianças e adolescentes com depressão (p. 6 , p. 54 etc.). Da p. 60 em diante há um excelente glossário (que no entanto não traz SSRI ou SNRI).
Alguns pacientes que têm seus sintomas de depressão aliviados por SSRIs fazem uma homenagem singela à serotonina usando um colar com sua molécula:
Agora dei de cara com uma 'propaganda' do Prozac feita pela universidade americana Duke, uma prática comum nesses tempos bicudos (mas leia o documento do NHS, mais abaixo), que explica razoavelmente o processo e tem três ilustrações despretenciosas que dão o recado.
Como Funcionam os Antidepressivos
Como os antidepressivos agem para afetar o humor?
Considera-se que as pessoas com depressão têm níveis baixos de dois neurotransmissores, serotonina e norepinefrina, em seus cérebros. Normalmente, a serotonina (fig. 1) e a norepinefrina são liberadas por um neurônio em uma sinapse - a conexão entre dois neurônios. Estas substâncias químicas, então, podem se ligar a proteínas ou a receptores de um neurônio vizinho chamado de neurônio pós-sináptico. Isto faz com que um conjunto de sinais seja distribuido através do cérebro e para outras partes do corpo.
Uma vez enviado o sinal, o neurotransmissor deve ser removido do espaço sináptico. A serotonia e a norepinefrina são removidas por transportadores do neurônio pré-sináptico, que as levam de volta para o interior desse neurônio para serem destruídas ou reutilizadas (fig. 2).
Os antidepressivos restauram os neurotransmissores no espaço sináptico
Se os níveis de serotonina e norepinefrina estiverem mais baixos nos indivíduos deprimidos, aumentar esses níveis pode auxiliar no tratamento da depressão. Os SSRIs e os SNRIs (o N representa a norepinefrina) ajudam a aumentar os níveis de serotonina e norepinefrina no espaço sináptico ao evitar que o neurônio pré-sináptico transporte os neurotransmissores de volta para seu interior (fig. 3). Isto resulta em níveis maiores de serotonina e de norepinefrina no espaço sináptico. Mais receptores são ativados, e a pessoa se sente menos deprimida.
O artiguinho prossegue com a recomendação de Prozac (o SSRI fluoxetina) para adolescentes e termina com o caveat de que o tratamento tem excelente margem de sucesso se combinado com CBT (cognitive behavioral therapy - terapia cognitiva comportamental). Dado o que já li sobre CBT, ela é uma opção preferencial (e não só para depressão) com relação a outras terapias de mesma finalidade.
Para terminar por enquanto, temos o artigo que é fonte dessa postagem da Duke:
March, JS et al. (2004) “Fluoxetine, Cognitive-Behavioral Therapy, and Their Combination for Adolescents with Depression.” Journal of the American Medical Association 292:807-820.
Quanto ao documento do NHS (National Health Services - o 'ministério da saúde' do UK), veja AQUI. Nele, a utilização da fluoxetina também é recomendada, mas sem a bênçao da FDA, isto é, se o paciente não tolerar bem o Prozac outros SSRIs podem ser utilizados como segunda opção. Anyways, os SSRIs são recomendados apenas na depressão grave, e o NHS veta o uso de paroxetina, venlafaxina, antidepressivos tricíclicos e hipérico (St John's Wort) para crianças e adolescentes. O artigo de March (que está afiliado à Duke) é de 2004, enquanto que o documento do NHS é de 2009 e foi revisado em fevereiro de 2011.
Nesse documento do NHS está o link para outro, de 68 páginas: Clinical Guideline 28 - Depression in children and young people: identification and management in primary, community and secondary care, onde é recomendada nominalmente a CBT para crianças e adolescentes com depressão (p. 6 , p. 54 etc.). Da p. 60 em diante há um excelente glossário (que no entanto não traz SSRI ou SNRI).
Alguns pacientes que têm seus sintomas de depressão aliviados por SSRIs fazem uma homenagem singela à serotonina usando um colar com sua molécula: